Quando é que reinventar a roda faz todo o sentido?

14 minutos de leitura 2 fev 2021

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A electrificação do transporte rodoviário promete ganhos ambientais e comerciais.

Sumário Executivo
  • No limiar de uma evolução nos transportes, as consequências ambientais são enormes. O mesmo acontece com os ganhos comerciais para os mais rápidos e para os mais precoces.
  • O otimismo é evidente, com os players da indústria no ecossistema subjacente a colaborarem para transformar a eMobility numa realidade comercial.
  • Chegar lá não vai ser fácil. Há obstáculos a vencer. Mas fazer a transição das frotas irá acelerar as agendas de electrificação e descarbonização.

Estamos no limiar de uma evolução no transporte rodoviário que irá beneficiar o ambiente e a forma como vivemos as nossas vidas. Neste momento, o transporte rodoviário é responsável por quase um quarto do total das emissões de gases com efeito de estufa na Europa. É a principal causa de poluição nas cidades e é responsável por mais de 390.000 mortes prematuras na Europa todos os anos. Se reduzirmos as emissões dos transportes em 90% até 2050, a Europa estará bem encaminhada para a neutralidade carbónica (pdf).

A dinâmica está a acelerar. Na sua recém-lançada Estratégia de Mobilidade Sustentável e Inteligente (EMSI), a Comissão Europeia estabelece marcos ambiciosos. Ambiciona ter, pelo menos, 30 milhões de veículos com emissões zero nas estradas europeias, 3 milhões de postos de carregamento, 100 cidades europeias neutras em carbono e a implementação em larga escala da mobilidade autónoma, até 2030.

Os países estão a apoiar incondicionalmente a visão. O Reino Unido antecipou em 10 anos a proibição de novos veículos com motor de combustão interna (MCI). A Noruega pretende acabar com a venda de veículos a gasóleo e a gasolina até 2025. A Alemanha e a França estão a tributar pesadamente os veículos poluentes no ponto de venda, enquanto pagam bónus aos compradores de veículos eléctricos (VE).

Em colaboração com a associação da indústria energética Eurelectric, a EY divulgou o seu último estudo (pdf), Accelerating fleet electrification in Europe. Conclui que as empresas, tanto dentro como à margem dos sectores da energia e dos transportes, estão a abraçar a transição e a assegurar vantagens comerciais. Uma empresa de energia pretende eletrificar toda a sua frota comercial de 10.000 veículos até 2026. Um fabricante de baterias planeia trazer para a Europa a produção de baterias de iões de lítio de baixo teor de carbono. Os operadores de sistemas de energia estão a procurar valor na eletrificação em massa dos transportes, tirando partido de tecnologias de carregamento inteligente e vehicle-to-grid.

A oportunidade chegou. Dos decisores políticos aos indivíduos que escolhem VE, em vez de MCI, a transição está a ser recebida com entusiasmo e empenho, pela diferença que a electrificação irá fazer. A Europa, por sua vez, está a preparar-se para enfrentar obstáculos, para pôr em prática medidas facilitadoras e para fazer uma transição para a mobilidade eléctrica (eMobility) tão perfeita quanto possível.

Dos decisores políticos aos indivíduos que escolhem VE, em vez de veículos com MCI, a transição está a ser recebida com entusiasmo e compromisso, relativamente à diferença que a electrificação fará.

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Capítulo 1

A eMobility aproxima-se do ponto de inflexão

Adesão inicial leva os VE para um ponto de não retorno.

Em 2020, vislumbrámos uma realidade alternativa. Menos veículos poluentes nas estradas, ar mais limpo e um ambiente mais saudável foram uma cortesia dos confinamentos nacionais que acompanharam a pandemia da COVID-19. Em algumas cidades, os níveis de óxido de azoto do tráfego caíram até 70%. Isto provocou uma reflexão sobre a forma como vivemos, trabalhamos e viajamos.

Ao mesmo tempo que os corações e as mentes dos consumidores estavam a ser conquistados para transportes mais limpos, entraram em vigor novas normas para as emissões de dióxido de carbono (CO2) aplicáveis aos fabricantes de automóveis e os pacotes para a recuperação económica da COVID-19 concentraram-se em soluções energéticas neutras em carbono e renováveis. Em conjunto, deram um impulso muito decisivo à eMobility.

De facto, na Europa, nos primeiros nove meses de 2020, as vendas de VE ultrapassaram as da China pela primeira vez, em pelo menos cinco anos. No Reino Unido, em setembro de 2020, as vendas de VE ultrapassaram as vendas de automóveis a diesel pela primeira vez, ainda que por uma pequena margem. E, nos 11 meses até novembro de 2020, assinalou-se um marco histórico, com um milhão dos veículos vendidos a serem modelos puramente eléctricos ou híbridos – representando 1 em cada 10 automóveis de passageiros vendidos na Europa.

É certo que estamos a partir de uma base baixa. Dos 308 milhões de veículos automóveis atualmente existentes nas estradas europeias, apenas 3 milhões1– incluindo automóveis, autocarros e camiões – são elétricos. Mas o potencial para o futuro é grande. A análise da EY estima em 40 milhões o número de VE vendidos até 2030.2

Dos 308 milhões de veículos a motor actualmente existentes nas estradas europeias, apenas 3 milhões são eléctricos. Mas o potencial para o futuro é grande. A análise da EY estima em 40 milhões o número de veículos eléctricos vendidos até 2030.

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Capítulo 2

A necessidade de ser rápido na electrificação dos transportes

Podemos ir suficientemente depressa para evitar os efeitos irreversíveis da poluição causada pelos transportes?

Em que medida o ritmo da descarbonização terá impacto no clima, na saúde e no ambiente durante as próximas décadas. Mas será que estamos a avançar suficientemente depressa?

A figura 1 ilustra as emissões dos transportes projectadas para os membros da UE a 27 e Reino Unido, até 2030. É necessária uma redução de 18%, como mostra a linha amarela, para baixar as emissões até aos níveis registados em 1990 (equivalente a uma redução de 2% numa base anual). Isto é comparável com a redução anual de 4% (linha tracejada) esperada por via do cumprimento das atuais normas de emissão de CO2 pós-2020. Contudo, uma redução de 64%, ou uma poupança anual de 10%, demonstrada pela linha negra, é na realidade necessária para atingir a meta europeia de redução de 55%, em comparação com os níveis de 1990.


            Histórico do transporte rodoviário na UE-27e no Reino Unido

Reguladores determinados e fabricantes de automóveis a mudar para melhor

Os standards para as emissões de dióxido de carbono são, segundo muitos observadores, o maior acelerador da transição para a eMobility. Forçaram os fabricantes de automóveis a seguir o caminho da descarbonização e vão ser o grande motor de mudança.

Tomando 2021 como referência, os automóveis e carrinhas devem emitir 15% menos CO2, a partir de 2025. Depois, a partir de 2030, os automóveis devem reduzir em 37,5% as emissões de CO2 e as carrinhas31%. Por cada grama que cada veículo exceda, face às metas de emissões, aplica-se uma multa de 95€.

No entanto, parece que estes regulamentos podem não ir suficientemente longe para satisfazer as ambições estabelecidas na EMSI, de conseguir 30 milhões de veículos com emissões zero nas estradas até 2030. A Comissão Europeia já se comprometeu a rever as normas de CO2 (pdf) para automóveis e carrinhas até junho de 2021 e para veículos pesados no ano seguinte.

Os regulamentos também foram desenhados para acelerar as vendas de VE. Estipularam que as vendas de novos carros e carrinhas eléctricos representassem mais de 5% das vendas totais dos fabricantes de automóveis em 2020, aumentando para A partir de 2030, passa a ser de 35% para automóveis e 30% para carrinhas. A recompensa é o relaxamento do limite de emissões, mas não há penalização pelo não cumprimento – erradamente, acreditamos nós.

Para os fabricantes de automóveis, os regulamentos significam um repensar completo dos grupos motopropulsores, um investimento maciço em investigação e desenvolvimento e a ruptura de cadeias de abastecimento de longa duração, para conseguirem entregar veículos mais limpos com emissões mais baixas durante o seu tempo de vida útil.

Em 2021, vão trazer para o mercado mais de 200 novos modelos eléctricos e híbridos plug-in, dando aos clientes particulares e de frota uma maior escolha e contribuindo para acelerar o ritmo da eletrificação.

Iniciativas nacionais e locais favorecem a electrificação

Vários governos europeus planeiam proibir a venda de novos veículos a gasóleo e a gasolina até 2030. A Noruega, uma das economias mais progressistas relativamente aos VE, traçou o objectivo para 2025.

A França, que planeia quintuplicar as vendas de VE até 2022, em comparação com 2017, opera um sistema eficaz de bonus-malus que poderia ser replicado por outras nações. O "bónus" é uma recompensa ambiental de até 6.000 euros para veículos com um custo inferior a 45.000 euros e que emitam menos de 20 gramas de CO2 por quilómetro. O "malus" é um imposto até 20.000 euros sobre os veículos mais poluentes no ponto de registo, valor que vai financiar o pagamento dos bónus.

Ao nível das cidades e municípios, quase 300 zonas de baixas emissões proíbem agora os veículos poluentes. Assim, uma empresa de logística ou de entregas last-mile tem de mudar para um VE ou pagar uma penalização para chegar aos seus clientes urbanos.

Contudo, apesar dos incentivos à electrificação, a propriedade de VE não está ao alcance de todos. O mercado está desarticulado e está a emergir uma divisão de continentes. As economias que oferecem os melhores incentivos e têm as populações mais ricas são as mais lançadas na adesão aos VE. Há um risco real de que as nações mais pobres estejam a ser condicionadas, com implicações adversas para a qualidade do ar e a saúde.

A divisão é evidente. Um pouco mais de 75% (pdf) de todos os VE estão localizados na Alemanha, França, Holanda e Reino Unido, enquanto mais de três quartos  (pdf) de todos os VE são vendidos nesses mesmos países e na Noruega. Se a descarbonização é a ambição da Europa, devem ser encontradas formas de harmonizar a adoção de VE e de inverter a polarização das economias mais pobres.

Se a descarbonização é a ambição da Europa, devem ser encontradas formas de harmonizar a adopção de VE e de inverter a polarização das economias mais pobres.

A infraestrutura está atrasada em relação aos VE

Embora se estime que 80% dos VE (pdf) venham a ser carregados em casa ou no local de trabalho, os condutores não podem ir longe sem infraestruturas públicas de carregamento.

A Comissão Europeia está a pedir 3 milhões de postos de carregamentos públicos até 2030 (pdf), um crescimento de 13 vezes nos próximos 10 anos. A organização europeia sem fins lucrativos Transport & Environment estima que precisamos de 1,3 milhões de postos de carregamento públicos até 2025 e perto de 3 milhões até 2030. Isto exige um investimento de cerca de 20 mil milhões de euros, com base num consumo previsto (pdf), entre os 33 milhões e os 44 milhões de VE nas estradas da Europa. É necessário um investimento adicional de cerca de 25 mil milhões de euros em redes de distribuição de energia para apoiar a implementação de infraestruturas de carregamento, de acordo com a associação da indústria Eurelectric.

Mas falta apetite para aquilo que é frequentemente visto como um investimento de alto risco e baixo retorno. O business case, que se constrói a partir da expetativa num aumento das receitas e redução de custos e que precisa de ser melhorado se se pretender atrair os principais investidores para fazer cumprir os objetivos de implementação de infraestruturas.

A avaliação paralela da Diretiva das Infraestruturas para Combustíveis Alternativos e a revisão das orientações da Rede Transeuropeia de Transportes devem identificar formas de implementar infraestruturas de carregamento financiadas (pdf).

Embora, nos termos das regras para os auxílios estatais, a Comissão Europeia tenha de demonstrar neutralidade tecnológica, foram autorizadas algumas iniciativas nos casos em que os benefícios não representam potencial distorção da concorrência. A Roménia obteve a aprovação dos reguladores europeus da concorrência no início de 2020 para um regime de apoio público de 53 milhões de euros para estações de carregamento. Na Suécia, estão a ser criadas "ruas de carregamento" em terrenos cedidos gratuitamente a empresas de eletricidade (pdf). Na Dinamarca, a Comissão aprovou um projeto de 8 milhões de euros para investimentos em estações de carregamento de acesso público, ao longo da rede rodoviária dinamarquesa.

Os investidores do setor privado também precisam de ser chamados ao investimento nas infraestruturas. As margens de lucro são com frequência consideradas demasiado pequenas e a falta de normas harmonização para o carregamento acrescentam incerteza. Colmatar a lacuna do financiamento privado, ganhar a confiança dos investidores e dar aos VE a oportunidade de se tornarem generalistas, dependerá de formas novas e inovadoras de angariar capital privado para o investimento em infraestruturas.

Protocolos comuns para as comunicações entre VE, o carregador, o sistema central de gestão e a rede são também necessários para normalizar os carregamentos para todos. Até lá, a falta de interoperabilidade entre as estações de carregamento dos diferentes fornecedores significa que a experiência está muito longe da facilidade que é abastecer numa bomba de gasolina ou diesel.

Sem uniformização e capacidades de e-roaming transparente em termos de preços, como na indústria das telecomunicações, o grande risco é que a experiência desincentive os clientes dos serviços de carregamento e que os objetivos da descarbonização fiquem em risco.

Sectores da energia e dos transportes ligam-se à eMobility

A aceleração da eMobility e a procura de capacidade de carregamento lento - e rápido -, provocará uma maior aproximação entre os sectores europeus da energia e dos transportes. Terão de acomodar um aumento do número de condutores que carregam os seus VE no final do dia de trabalho, sem desestabilizar a rede.

Os operadores de sistemas de distribuição vão ter de trabalhar em conjunto com os operadores de pontos de carregamento, para ligar os pontos de carregamento à rede, e:

  • Projecção do volume de carregamento dos VE e da necessidade de infraestruturas de carregamento nas suas zonas de serviço
  • Considerar estratégias de gestão dos carregamentos e carregamento inteligente para optimizar o investimento na rede e, potencialmente, reduzir a necessidade de um reforço da rede
  • Identificar os melhores locais para infraestruturas de carregamento, em cooperação com outros players

Os operadores de sistemas de distribuição vão ainda fornecer orientações sobre a alocação de infraestruturas de carregamento, tanto para projectos novos como existentes, para evitar ajustes a posteriori, que são dispendiosos e outras questões relacionadas com a capacidade. E vão procurar futuras oportunidades para trocar energia V2G, para tirar melhor partido da sua flexibilidade e manter os fluxos de energia em equilíbrio.

De facto, uma vez que existam VE suficientes nas estradas, estes tornar-se-ão parte de um círculo energético virtuoso. Os carregamentos inteligentes irão deslocar a procura de energia para alturas do dia em que a oferta renovável é elevada e os preços da energia são baixos. O V2G vai mais longe e permite que a energia carregada seja enviada de volta para a rede de forma a equilibrar as variações na produção e no consumo de energia: essencialmente, transformando o VE num sistema independente de gestão de energia renovável sobre rodas.

Do que é que a transição energética precisa para se tornar mais rápida: cinco facilitadores da eMobility

  1. Regulação coerente um forte mandato para a electrificação envolverá todos os participantes da cadeia de valor num planeamento e investimento conjunto.
  2. Modelos de financiamentoos novos modelos de financiamento devem dar acesso a 80 mil milhões de euros em investimento (pdf) para infraestruturas de carregamento públicas e privadas até 2030, para acomodar 40 milhões de VE.
  3. Cadeia de abastecimentopara além de levar os produtos certos aos mercados certos no momento certo, a cadeia de abastecimento tem de satisfazer a procura de baterias e veículos e permitir a reciclagem de baterias em fim de vida e a aquisição ou transição de competências e recursos.
  4. Infraestrutura física pontos de carregamento público localizados de forma óptima (uma mistura de carregadores rápidos e lentos), alinhados com as capacidades dos VE e da rede, vão promover a confiança dos clientes.
  5. Interface digitalUma troca aberta de dados, desde o veículo até ao ponto de carregamento na rede é fundamental, juntamente com uma experiência simplificada e sem falhas para o cliente, independentemente do veículo, pagamento ou contrato.

Aceleração da electrificação das frotas na Europa

Leia o nosso estudo para explorar como pode a electrificação das frotas conduzir a recompensas ambientais e comerciais significativas.

Leia o relatório

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Capítulo 3

Porque é que a frota deve ser electrificada primeiro

As frotas são o caminho mais fácil para alcançar recompensas ambientais maiores e mais rápidas.

As frotas vão dar a maior e a mais rápida das contribuições para a descarbonização do transporte rodoviário. Identificámos que o sector das frotas, embora relativamente pequeno com 63 milhões de veículos (20% do total de veículos da Europa) é desproporcionalmente prejudicial (pdf) para o ambiente. É responsável por mais de 40% do total de quilómetros percorridos e por metade do total de emissões do transporte rodoviário.3 É, portanto, o maior e mais impactante test case. Além disso:

  • As frotas terão de migrar para tipos de veículos alternativos ao longo do tempo, já que as normas para as emissões de CO2 restringem as vendas de veículos não eléctricos.
  • Os veículos de frota poluentes estão proibidos em mais de 300 grandes cidades e vilas europeias, convertidas em zonas de baixas emissões. A opção é pagar uma penalização ou mudar para VE.
  • Os veículos de frota tendem a percorrer percursos regulares e um número de quilómetros diários bastante consistente. Têm destinos fixos e escalas, que podem ser combinados com os carregamentos.
  • O custo total de propriedade dos VE (TCO) está a atingir rapidamente o nível dos veículos com MCI. Os incentivos e as subvenções colmatam a lacuna, enquanto a reduzida exigência de serviços de assistência e manutenção e a poupança significativa de combustível, justificam economicamente a electrificação das frotas.

Os analistas da EY calculam que o número de veículos de frota – tanto EV como MCI – crescerá cerca de 15% até 2030, para 73 milhões de veículos. Um aumento de 24 vezes no total da frota eletrificada elevará os números reais para 10,5 milhões até 2030, em comparação com os 420.000 veículos actuais. Os carros de serviço das empresas, os veículos de entregas last-mile, as carrinhas de transporte de pessoal e os comerciais ligeiros de uso profissional vão electrificar-se mais depressa. Na mesma janela temporal, cerca de 2% dos pesados de mercadorias, incluindo camiões de recolha de resíduos, passarão a ser elétricos.4


            Porque é que as frotas são um bom ponto de arranque

As lições aprendidas com a electrificação pioneira das frotas vão influenciar todo o sector dos transportes. Entretanto, a rotatividade dos carros de serviço das empresas, que são uma componente importante do sector das frotas, irá fomentar um mercado de segunda mão, alargando a propriedade de VE a um novo público.

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Capítulo 4

Um ecossistema emergente de eMobility

A electrificação dos transportes abre um novo mundo de oportunidades de negócio.

Tal como noutros sectores em transição, um ecossistema de apoio começou já a desenvolver-se. Inclui soluções inovadoras para os clientes e propostas de valor acrescentado para impulsionar a eMobility, rumo a uma adopção generalizada.

Os fornecedores de energia já estão a formar parcerias com operadores de pontos de carregamento e com empresas de leasing. Os fabricantes de automóveis estão a formar parcerias com as utilities e a criar os seus próprios negócios em regime de leasing. Combinações de agentes novos e estabelecidos estão a olhar para o futuro e a trabalhar em colaboração para ganhar a confiança dos clientes e melhorarem a experiência de eMobility dos clientes, como um todo.

Combinações de agentes novos e estabelecidos estão a trabalhar em colaboração para ganhar a confiança dos clientes e melhorar a sua experiência global de eMobility.


            Ecossistema de electrificação das frotas

Os players da indústria que agirem mais depressa serão mais recompensados, com o aumento de vendas, crescimento da quota de mercado ou maior satisfação do cliente.

Onde está a oportunidade?

  • Gestão de redes eléctricas: minimizar o investimento em infraestruturas de rede e acomodar o carregamento de VE, cortesia dos serviços de flexibilidade a partir de baterias agregadas de VE.
  • Soluções de alimentação e carregamento de VE: fornecer infraestruturas de carregamento e software de gestão de carregamento de VE personalizado, inteligente e escalável.
  • Gestão de frotas: um modelo de balcão único ou de fornecedor de plataforma permite aos clientes comprar VE, selecionar um operador de ponto de carregamento, escolher um fornecedor de electricidade e uma tarifa, tudo num único pacote agregado.
  • Gestão de veículos e baterias: à medida que os preços dos VE descem e atingem a paridade no TCO com os veículos com MCI e à medida que os veículos em leasing são renovados, surgirá um mercado de VE em segunda mão.
  • Soluções em fim de vida: um mercado para a reaproveitamento de baterias eléctricas usadas, até três ou quatro vezes, optimizará custos e salvará matérias-primas escassas.
  • Financiamento: o investimento cumulativo em infraestruturas de carregamento públicas e privadas está estimado em 80 mil milhões de euros até 2030. Vários players privados comprometeram-se a investir substancialmente, mas as parcerias público-privadas continuam a ser uma via importante para chegar ao mercado. Dada a incerteza sobre o valor residual dos VE e o afluxo de novos modelos, a procura de veículos em leasing vai continuar.
  • Dados e plataformas: intervenientes no ecossistema vão encontrar formas de partilhar dados através de arquitecturas seguras, que mantenham a confiança de todos os stakeholders.

Até agora, a viagem da electrificação levou-nos a um ponto de viragem que vai definir a futura direcção dos transportes.

Olhando para o futuro, a transição não só trará benefícios ambientais, sociais e para a saúde, graças à redução das emissões e à melhoria da qualidade do ar, mas também vai gerar um enorme valor comercial, ao colocar 40 milhões de VE nas estradas europeias até 2030.

A convulsão que provocará a reinvenção da roda e a deslocação do mundo para uma lógica de transporte completamente nova, valerá certamente a pena.

Resumo

Há um enorme impulso, ao nível dos países, cidades, empresas e indivíduos, na base da electrificação dos transportes. Os benefícios ambientais são, evidentemente, o maior prémio. Mas há também recompensas de negócio significativas para os primeiros e mais rápidos a movimentarem-se no ecossistema que sustenta a eMobility.