7 minutos de leitura 5 fev 2021

            Mulher a observar o arco-íris sobre uma paisagem da Islândia

As 10 melhores oportunidades para empresas tecnológicas em 2021

por Stephan van Rhee

EY Global Technology Sector Analyst

Sector analyst with a keen interest in technology and innovation. News addict. Sports enthusiast.

7 minutos de leitura 5 fev 2021
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  • Top 10 opportunities for technology companies in 2021 final (pdf)

Em 2021, há grandes oportunidades que os gestores das tecnológicas podem aproveitar a favor dos seus negócios.

Sumário Executivo
  • Novas oportunidades e riscos de mercado estão a surgir, à medida que o mundo lida com a pandemia.
  • Alterações ao modelo de negócio vão ajudar as empresas tecnológicas a alinharem-se melhor com futuros mercados.
  • A transformação operacional vai ser a base para uma entrega ágil e para a interacção com o cliente.

O ano 2020 foi um ano de referência para o sector tecnológico, que respondeu de forma rápida e decisiva à pandemia. O sector apoiou com sucesso os seus clientes em toda a economia, à medida que estes se reorganizaram para o trabalho a partir de casa, alteraram modelos de vendas e de entregas, reconfiguraram cadeias de fornecimento de um dia para o outro e aceleraram a sua transformação digital. Embora muitas empresas de tecnologia tenham rapidamente aproveitado as novas oportunidades criadas pela COVID-19, houve também novos riscos, incluindo a volatilidade do mercado e a intensificação de esforços dos governos para regular os mercados tecnológicos, que precisaram de ser mitigados.

Falando com os nossos clientes, acreditamos que as tecnológicas devem aproveitar as 10 oportunidades seguintes ao longo de 2021, para além de continuarem a fazer o que historicamente o sector tem feito melhor: inovar e crescer.

1. Eliminar a complexidade para optimizar a agilidade

Após uma década de empresas tecnológicas centradas num forte crescimento orgânico e inorgânico, a pandemia expôs muitas dessas empresas aos seus próprios níveis de complexidade organizacional. Nalguns casos, o fardo de ter uma organização demasiado complexa está a afetar a capacidade de responder rapidamente a mudanças no mercado. As acções que precisam de ser tomadas incluem a simplificação da organização, a redução de componentes legados, a gestão de prazos e a integração eficaz das aquisições. Para melhorar a velocidade de execução e manter uma vantagem competitiva, algumas empresas tecnológicas têm de fazer reset. Precisam de optimizar o seu modelo operacional para uma organização construída em torno de tecnologias, competências, capacidades, estruturas e processos adequados ao seu propósito.

2. Avançar de corpo e alma na transição para modelos de negócio baseados no consumo recorrente

Além de ser fortemente recompensada pelos investidores, a mudança para modelos de negócio baseados no consumo proporciona às tecnológicas fluxos de receitas recorrentes e uma oportunidade de construir relações mais estreitas com os clientes, e aumenta as hipóteses de cross-selling e up-selling. A mudança não se limita ao software, onde se espera que as receitas baseadas no consumo atinjam 50% das receitas totais até 2024, mas inclui também serviços e hardware. Contudo, muitas empresas tecnológicas estão a aperceber-se de que tal mudança requer um realinhamento significativo dos principais processos de negócio, incentivos e indicadores de desempenho em áreas funcionais chave. Enquanto as melhores empresas de tecnologia estão a abraçar e a dar prioridade a isto como um evento transformacional, outras estão a lutar para fazer progressos suficientes.

3. Reforçar a cadeia de fornecimento para proteger o negócio

A volatilidade do mercado e a incerteza geopolítica continuaram a aumentar em 2020, passando de disrupções provocadas pela COVID-19 para as cadeias de abastecimento globais, disputas comerciais – sobretudo entre a China e os EUA – tarifas a subir e restrições comerciais. As empresas tecnológicas com cadeias de abastecimento têm de continuar a rever cuidadosamente a sua carteira de fornecedores e exposição, e reconsiderar a sua pegada ambiental no fabrico e na distribuição. As estratégias de fornecedor único devem ser reavaliadas sempre que possível e as empresas têm de pesar os riscos das geografias onde operam. Implementar tecnologias facilitadoras, incluindo automação e gémeos digitais, pode ajudar a reduzir o risco de disrupção.

4. Gerir talento num mundo em colaboração remota

A disponibilidade de talento tem sido uma preocupação fundamental para as empresas de tecnologia há já algum tempo. A pandemia criou uma mudança de paradigma na forma como as empresas podem pensar em assegurar os melhores talentos. A colaboração remota criou uma oportunidade de angariar talento de forma mais abrangente. Contudo, para atrair e reter talento desta forma, as tecnológicas devem reexaminar a sua proposta de valor para os colaboradores, incluindo o mix entre atividades on e off-site e a forma de manter os colaboradores remotos envolvidos, enquanto continuam a desenvolver a sua cultura organizacional. Não existe uma solução única, mas as empresas devem ter uma visão abrangente, construindo um pacote que alinhe com as necessidades da organização e satisfaça as expectativas dos empregados num mundo de trabalho em mudança.

5. Gerir a segurança de uma arquitetura TI cada vez mais complexa

A resposta inicial à necessidade quase instantânea de trabalhar a partir de casa centrou-se em garantir conectividade para todos, não na segurança. Assim, as redes empresariais têm-se tornado cada vez mais complexas e cada vez mais vulneráveis com o enorme crescimento de pontos de acesso e diferentes dispositivos e aplicações remotamente acessíveis. As tecnológicas bem-sucedidas vão mudar a sua mentalidade para garantir que estão a pensar não só na profundidade e extensão das suas camadas de segurança, mas também na amplitude das suas necessidades de segurança de rede, consequência desta explosão no número de pontos de acesso.

6. Ser mais transparente no que se refere à privacidade para maximizar o valor dos dados dos clientes

Uma vez que os modelos de negócio orientados por publicidade continuam a liderar a demonstração do valor que pode ser criado a partir dos dados dos utilizadores e/ou clientes, a relação subsequente com os utilizadores/clientes e as compensações associadas estão a sofrer uma pressão crescente. Os utilizadores querem mais pormenores sobre a forma como os seus dados estão a ser usados. Uma pesquisa da EY concluiu que 54% dos consumidores dizem que a COVID-19 os tornou ainda mais conscientes dos dados pessoais que partilham. Os reguladores estão preocupados com tópicos desde a segurança dos dados até ao reconhecimento do valor justo dos dados de clientes para fins fiscais. Se os prestadores de serviços não forem transparentes quanto à sua estratégia e à forma como usam os dados, não conseguem construir uma relação de confiança com o utilizador e arriscam-se a ser escrutinados pelo regulador. Ao posicionarem expectativas para além do mero cumprimento da legislação de privacidade, podem maximizar a utilização dos dados, promover lealdade e não deixar valor por aproveitar.

7. Acrescentar as questões sociais à lista crescente de drivers do valor a longo prazo

Tradicionalmente, as tecnológicas têm desempenhado um papel de liderança na sustentabilidade ambiental, que se reflecte em normas de relato sólidas e compromissos de zero emissões de carbono. Quando a COVID-19 surgiu, as empresas de tecnologia aceleraram e demonstraram a sua envolvência social. Contudo, a erupção de questões sociais e raciais ao longo de 2020 foi um lembrete para muitas empresas de tecnologia, de que se espera cada vez mais que estas intervenham quando em ocasiões anteriores poderiam ter ficado em silêncio. Nos próximos anos, particularmente com o crescimento da IA, algoritmos neurais e reconhecimento facial, é provável que as empresas se sintam obrigadas a tomar posições sobre um número crescente de questões. Ter um quadro de valores a longo prazo para abordar estas questões será útil para orientar as empresas à medida que procuram construir confiança, credibilidade e compromisso com os clientes, colaboradores e outras partes interessadas.

8. Abrace o seu ecossistema em mudança

A adoção de tecnologia em todas as indústrias está a aumentar de forma acentuada. A IDC espera que 65% do PIB global seja digitalizado até 2022. O desenvolvimento e implementação de aplicações modernas na indústria, como a monitorização remota de doentes na saúde ou sistemas avançados de assistência à condução no sector automóvel, exigem que os inputs da indústria e a capacidade da tecnologia se juntem. As empresas tecnológicas vão desempenhar um papel de liderança nestes novos ecossistemas, não apenas como facilitadores, mas podem estar na vanguarda da adaptação e design de soluções. Para o fazer, devem desenvolver uma abordagem ao mercado conjunta com parceiros da indústria. Os fornecedores de tecnologia precisam de gerir e moldar ativamente o ecossistema industrial adjacente e encorajar a colaboração e a co-inovação.

9. Aumentar a eficácia da I&D

A inovação é a força vital do sector, mas o avanço tecnológico está a tornar-se mais difícil e mais caro. Por exemplo, nos semicondutores, os custos de conceção aumentam exponencialmente a cada nova geração da tecnologia. No software e nas soluções, os custos de inovação aumentam porque a densidade de dados e a complexidade dos algoritmos também aumenta. As empresas precisam de se certificar de que aplicam os seus investimentos em investigação e desenvolvimento (I&D) de forma eficaz e eficiente, implementando ferramentas facilitadoras, tirando partido de tecnologias open-source e tendo em conta a atratividade de diferentes jurisdições. Precisam de um mecanismo claro para investir em projectos que geram retornos.

10. Saltar etapas de crescimento através de fusões e aquisições

Embora o sector tecnológico se tenha mantido líder em crescimento, a sua dinâmica de receitas desvaneceu ligeiramente nos últimos anos. Ao mesmo tempo, as avaliações de acções dispararam no sector tecnológico como um todo. Esta justaposição está a colocar ainda mais ênfase na necessidade de exibir crescimento. Contudo, como o crescimento orgânico está a tornar-se mais difícil para muitas empresas tecnológicas, a actividade de M&A tornar-se-á cada vez mais tentadora, como alavanca para o crescimento. As aquisições vão ajudar a dar um salto para crescimentos maiores com novos produtos, mercados ou soluções, enquanto a alienação de negócios em declínio ou de crescimento lento vão ajudar a reformular o portefólio.

Resumo

As empresas tecnológicas podem agarrar novas oportunidades de mercado, impulsionando alterações no modelo de negócio e adoptando a transformação operacional.

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por Stephan van Rhee

EY Global Technology Sector Analyst

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