4 Minutos de leitura 17 dez 2019
Mapa com aspecto de caminhante no pôr-do-sol das montanhas de dispositivos móveis

Quatro ações que os líderes podem tomar para ajudar a construir uma sociedade digital sustentável

Por Andy Baldwin

EY Global Managing Partner – Client Service

Passionate about innovation, FinTech, inclusive growth and geopolitics. Leading media commentator on financial services, economics and investment trends. Keen cyclist.

4 Minutos de leitura 17 dez 2019
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A melhor maneira de abordar a exclusão digital é começando agora.

A revolução digital já está deixando algumas pessoas para trás: aquelas que não têm acesso à tecnologia ou às habilidades de que precisam. Além disso, estes "refugiados digitais" emergentes pertencem frequentemente aos grupos mais vulneráveis da sociedade. Podem ser mais velhos do que a média, com baixos rendimentos, vivendo numa área remota ou carente, sobrecarregados com responsabilidades, doentes ou deficientes. E, surpreendentemente, eles podem ser encontrados tanto nas economias de alto crescimento quanto nos mercados mais desenvolvidos.

Dado que a revolução digital ainda está apenas em seu início, que impacto isso vai ter a longo prazo? Não basta acharmos que todos os nascidos hoje se tornarão, com o tempo, um "nativo digital". Quase metade da população mundial ainda não está usando a internet.

No futuro, é muito provável que se espere que as pessoas tenham competências tecnológicas mais avançadas do que a maioria de nós tem hoje. Também podemos esperar que as pessoas desenvolvam essas habilidades a um ritmo, e a um nível, que exigirá oportunidades e acesso que certos grupos ou comunidades carecem atualmente". Depois há o risco de viés algorítmico para adicionar à essa mistura – este é o risco de que sistemas de inteligência artificial (AI) possam ser treinados usando dados que inadvertidamente perpetuam decisões tendenciosas contra certos grupos. As consequências destas questões coletivas apenas servirão para criar mais desigualdade e mais rupturas dentro de nossa sociedade.

Colocando a lacuna de competências em um mundo em rápida transformação

Para viver num mundo coeso e sustentável no futuro – um mundo que cria oportunidades genuínas para todos – temos de levar em conta o potencial de exclusão digital na nossa tomada de decisões agora. Para os líderes empresariais, isso apresenta alguns desafios claros. Como eles podem continuar fornecendo produtos e serviços aos "refugiados digitais' de uma forma rentável, por exemplo? Como eles podem reintegrar ou redistribuir pessoal que tenha sido deslocado pelas novas tecnologias? Como eles desenvolvem ferramentas que estão livres do preconceito inconsciente que inevitavelmente existe entre o ser humano?

Hoje todas as empresas são empresas tecnológicas de alguma forma e, em última análise, as empresas têm de responder aos seus stakeholders: as pessoas. Acredito que a forma como uma empresa aborda a exclusão digital assumirá a mesma importância que outras questões da administração como as alterações climáticas e a criação de valor a longo prazo.

Mas há várias ações que as empresas podem tomar hoje.

1. Liderar a partir do seu propósito. Você está usando novas tecnologias para reforçar o seu propósito? Ou esta apenas comprometendo ele em favor da implementação de ferramentas de ponta que excluem as pessoas? Ao se conectar profundamente com seu senso de propósito, é mais provável que uma organização se mantenha inclusiva durante sua transformação digital e alcance valor para todos os seus stakeholders, incluindo suas pessoas, a longo prazo.

2. Avalie o impacto que a tecnologia terá em todos os seus stakeholders, incluindo clientes, pessoas e fornecedores. De que forma a tecnologia terá impacto nas responsabilidades do seu negócio para com todas as partes? Ao realizar uma análise completa, as empresas serão capazes de entender onde podem estar contribuindo inadvertidamente para a exclusão digital, e possivelmente prejudicando sua própria competitividade e reputação no processo.

3. Incentivar as pessoas a aprender novas habilidades. Na próxima pesquisa EY Technology Trajectory, que será lançada no final de Janeiro, os líderes empresariais dizem que as lacunas de competências estão tendo impacto em todas as empresas – independentemente da sua demografia e independentemente da sua posição ou indústria. Esses mesmos líderes empresariais acreditam que, para combater isso, precisamos desenvolver novos incentivos para encorajar a força de trabalho a aprender novas habilidades. Isto levará claramente a uma mudança a curto prazo, pelo que, idealmente, as empresas também devem levar em conta medidas culturais e estratégicas mais amplas, como estratégias de recrutamento e aquisições específicas. Além de desenvolver seu pessoal, as empresas podem trabalhar com instituições de educação e governos para estabelecer programas de formação que irão alimentar o desenvolvimento de competências futuras.

4. Tenha uma visão mais ampla de como é o 'talento'. Talento não significa necessariamente alguém que tenha uma certa idade, ou de uma certa formação, ou que tenha estudado uma matéria STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na universidade. Se as empresas se concentrarem numa definição muito restrita de talento - por exemplo, competências STEM - se arriscam a sacrificar a sua diversidade em termos de gênero, origem e raça. Isto tem implicações tanto para a sua própria competitividade como para a igualdade social, de forma mais ampla. Muitas vezes a atitude é mais importante do que as habilidades em qualquer caso.

A tecnologia nos permite fazer o que de outra forma não seríamos capazes de fazer. Em muitas circunstâncias, ela nos permite fazer o que antes achávamos que era impossível. É também um catalisador de mudanças de comportamento, bem como de mudanças de pensamento. No entanto, a tecnologia não é – e nunca deveria ser – o fim em si mesma. É apenas um meio para atingir um fim. Qualquer ferramenta tecnológica é tão boa quanto a empresa que a cria. Portanto, como líderes, temos de garantir que iremos aplicar a tecnologia de formas socialmente inclusivas e que sustentem a inovação humana para o benefício de todos.

Quando você vai passar de ambição para ação a longo prazo? Junte-se ao EY para discutir questões econômicas e sociais prementes enquanto aguardamos a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial 2020 – de 21 a 24 de Janeiro. Junte-se à conversa via  ey.com/wef  e usando #WEF20 e #BetterWorkingWorld

Resumo

Para construir um mundo coeso e sustentável, as empresas devem considerar o potencial da exclusão digital como parte do seu processo de tomada de decisões. As empresas podem começar hoje liderando por meio do propósito, avaliando os impactos da tecnologia e se concentrando na construção de competências e diversidade.

Sobre este artigo

Por Andy Baldwin

EY Global Managing Partner – Client Service

Passionate about innovation, FinTech, inclusive growth and geopolitics. Leading media commentator on financial services, economics and investment trends. Keen cyclist.

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