7 minutos de leitura 23 fev 2021

            Jovem empresária a trabalhar até tarde no portátil

CFO Imperative: Como repensar o modelo operacional da função financeira e de relato para o futuro

por Tim Gordon

EY Global Financial Accounting Advisory Services Leader

Senior Assurance leader. Trusted multinational advisor. Advocate of digital disruption in the finance function. Mentor to the next generation of entrepreneurs. Husband and father of two sons.

7 minutos de leitura 23 fev 2021

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  • How can corporate reporting connect your business to its true value? (pdf)

Um futuro mais aberto, requer colaboração com fornecedores estratégicos e exige que os líderes repensem o modelo operacional da função financeira.

Sumário Executivo

  • A função financeira deve funcionar como parte de um ecossistema alargado, com aprofundamento de sinergias, tanto dentro como fora da organização.
  • Transformar o modelo operacional da função financeira é essencial para alcançar esta ambição e dar resposta aos vários desafios que se colocam.
  • Uma estratégia que incorpore parceiros inovadores e a utilização de serviços gerenciados (“managed services”) são elementos importantes na transformação do modelo operacional das organizações.

Na era digital, novos mercados virtuais estão a emergir, como gigantes baseados em plataformas que ligam compradores e vendedores de forma mais harmoniosa. Nestes mercados "superfluidos" (onde os constrangimentos tradicionais do mercado são reduzidos ou mesmo eliminados), tudo pode ser ligado a qualquer lado, com máquinas a fazerem transações com outras máquinas ou diretamente com pessoas, de forma autónoma. Quase tudo pode ser rentável enquanto serviço, com os excessos de recursos a poderem ser redirecionados e consequentemente reduzidos. Os CFOs devem procurar reposicionar a função financeira e de relato para esta nova realidade hiperconectada. Isto passa por revisitar o modelo operacional alvo para a sua organização.

Para desenhar o modelo operacional adequado à função financeira e de relato, os CFOs devem procurar o equilíbrio de uma série de requisitos, incluindo as suas prioridades no que se refere à eficiência dos custos, criação de valor e gestão de risco. Se compreenderem de forma rigorosa as suas prioridades, podem ter uma visão clara das lacunas no seu atual modelo operacional alvo e da capacidade para prosperar no futuro. A série CFO Imperative analisa a natureza mutável do papel dos líderes financeiros, identificando respostas e ações críticas para ajudar estes profissionais a redesenharem o futuro das suas organizações.

O estudo EY Global Financial Accounting Advisory Services 2020 (FAAS) Corporate Reporting, mostra que os líderes financeiros antecipam a mudança para um modelo operacional mais inteligente e mais aberto. Foi-lhes pedido que olhassem para o futuro e antecipassem os próximos três anos, identificando probabilidades para um conjunto de diferentes cenários. Por exemplo, 53% dos inquiridos consideram "provável" que mais de metade das tarefas financeiras e de relato atualmente desempenhadas por pessoas passem a ser realizadas por automação robótica de processos (RPA) ou "bots", com cerca de um quarto dos inquiridos (24%) a considerar este cenário "muito provável".

Para Dana Bober, EY Americas FAAS Leader, as exigências da pandemia COVID-19 não devem desviar os líderes financeiros da exigência de se concentrarem no futuro a longo prazo, incluindo numa visão mais estratégica e renovada da sua função de relato e projeção financeiros. "Áreas como a automação de processos financeiros, atualmente, manuais cresceram durante a pandemia, agora as organizações estão no ponto em que reconhecem a necessidade de se concentrarem em objetivos de transformação mais estratégicos", diz a responsável. "O futuro da projeção financeira é uma das áreas de extrema importância, e as organizações têm de se questionar se os seus relatórios de gestão têm qualidade suficiente. Alguns CFOs estão a esforçar-se para construir uma visão de futuro e reconhecem que devem utilizar os dados de forma diferente e envolver soluções tecnológicas diferentes das que têm hoje".

O futuro da projeção financeira é uma das áreas de extrema importância, e as organizações têm de se questionar se os seus relatórios de gestão têm qualidade suficiente.
Dana Bober
EY Americas FAAS Leader

Mudanças desta magnitude exigirão provavelmente novas competências – não só cultura de inovação, mas também um ecossistema adequado, que dê acesso e estimule novas ideias. Contudo, o inquérito mostra que as equipas financeiras podem fazer mais para se abrirem a novas ideias e novas perspetivas. Os líderes financeiros foram convidados a escolher a afirmação que descreve com maior precisão como pretendem abordar a inovação nos próximos anos e apenas 37% responderam que planeiam dar prioridade a uma abordagem mais aberta. Entre os restantes líderes financeiros:

  • 17% dos inquiridos afirmaram que vão impulsionar a inovação principalmente a partir da própria função financeira.
  • 44% dos inquiridos disseram que vão impulsionar a inovação sobretudo a partir de parcerias com outras equipas internas da empresa, como as TI.
  • 37% dos inquiridos referiram que devem adotar uma abordagem aberta à inovação, gerando e desenvolvendo ideias criativas com fornecedores externos.1

Para desenvolver competências para inovar, os líderes devem definir a sua visão, ajudar a alinhá-la com a estratégia empresarial e usar KPIs para medir progressos e metas alcançadas. Tal como analisou o 2019 EY Global FAAS corporate reporting survey, mudar a cultura financeira também será um fator importante. No que se refere à abertura para inovar, os líderes devem procurar mapear como os diferentes atores relevantes – finanças core e funções internas como as TI – colaboram com o ecossistema de inovação mais alargado, incluindo fornecedores externos.

Definir uma estratégia de fornecedor e de managed services para atingir objetivos da transformação

A função financeira e de relato está a enfrentar pressões significativas. Estas podem variar, entre o elevado nível de exigência dos stakeholders que solicitam diferentes tipos de insights financeiros e não financeiros, até à expectativa crescente de que a função financeira desempenhe um papel central na estratégia de valor a longo prazo da organização. Contudo, as equipas financeiras podem ter dificuldade em enfrentar novos desafios devido ao peso e complexidade do atual legado de processos e responsabilidade, incluindo a potencial necessidade de reestruturar o contexto tecnológico e ao desafio de encontrar o talento adequado para atingir os novos objetivos.

"Os CFOs enfrentam desafios significativos no que se refere à função financeira", diz Dave Helmer, Global Tax and Finance Operate Leader da EY. "O primeiro é o talento – conseguir as pessoas que necessitam, com as competências certas, e oferecer-lhes uma carreira que as permita reter. Em segundo lugar, manter-se à tona de um ambiente legislativo e regulamentar em constante mudança. A terceira é a exigência de ter um plano sustentável em torno dos dados e da tecnologia. A quarta e última questão é uma questão perene para os CFO – não só reduzir custos, mas fazê-lo de forma significativa".

Responder a estes desafios é a razão pela qual muitos CFOs estão a examinar o seu modelo operacional alvo. No mundo interligado em que vivemos, os “managed services” podem ser uma arma inteligente na estratégia de contratação do líder financeiro. "Isto é mais do que simplesmente tirar das mãos dos CFOs processos financeiros de baixo valor e altamente padronizados", explica Paul Clark, EY Global Leader – Managed Services. "Passa por posicionar os líderes financeiros no mundo digitalizado e conectado de hoje para 'consumir' serviços financeiros de maior valor. Permite-lhes desbloquear valor e impulsionar a inovação, retirando o foco exclusivo da operacionalização financeira. Proporciona uma maior profundidade de conhecimento nos domínios financeiros, maior compreensão e credibilidade regulamentar, alcance global e o potencial da tecnologia de última geração, onde se incluem novas tecnologias e bases de dados comuns. O CFO pode então passar a concentrar-se numa lista mais reduzida de responsabilidades financeiras avançadas, que pretenda desenvolver internamente".

A importância de uma estratégia inovadora de contratação é reforçada pelo estudo 2020 EY DNA of the CFO surveyque explora as perspetivas de mais de 800 CFOs e responsáveis financeiros em todo o mundo. Neste inquérito, mais de três quartos dos inquiridos (76%) afirmaram que as finanças tendem a juntar-se cada vez mais a parceiros externos para assegurar processos ou atividades financeiras que exijam conhecimentos especializados ou tecnologia.

Computação na nuvem e análise de dados serão fatores importantes no quadro desta estratégia. Na essência, a computação em nuvem traduz um conjunto de serviços de tecnologia distribuídos, on-demand, que podem ser escalados ou reduzidos mediante as necessidades da organização.A tecnologia pode fornecer o enquadramento para a transformação digital da função financeira e a arquitetura colaborativa para ligar uma série de ecossistemas, incluindo fornecedores, funcionários e clientes. Há também um investimento significativo por parte dos fornecedores de serviços em nuvem para manter a segurança de dados e das aplicações na nuvem, algo cada vez mais importante num mundo onde os cibercriminosos estão cada vez mais sofisticados. Abraçar estes ecossistemas de dados pode revelar-se importante, à medida que as empresas procuram partilhar informação empresarial para lá das suas fronteiras internas, mas exige que sejam definidos protocolos de governance e partilha de informação com os fornecedores, para gerir eventuais riscos.

À medida que os líderes financeiros repensam o modelo da função financeira, uma abordagem mais aberta – incluindo o recurso a fornecedores estratégicos com tecnologias inovadoras – pode ser importante para o sucesso.

Resumo

As novas tecnologias estão a criar mercados superfluidos e a provocar disrupção nas empresas. Os líderes financeiros devem estar confiantes que o modelo operacional da sua função financeira é adequado para este futuro mais aberto e conectado. Isto será importante para prosperar como parte de um ecossistema alargado; para ter sucesso num mundo onde a tecnologia evolui permanentemente; ou para conseguir focar o talento financeiro nas principais prioridades, tirando partido da experiência e dos serviços de fornecedores estratégicos.

Sobre este artigo

por Tim Gordon

EY Global Financial Accounting Advisory Services Leader

Senior Assurance leader. Trusted multinational advisor. Advocate of digital disruption in the finance function. Mentor to the next generation of entrepreneurs. Husband and father of two sons.