2 minutos de leitura 29 jul 2022
Boat in the sea

Os motores de crescimento aos olhos do Investimento Direto Estrangeiro

por Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.

2 minutos de leitura 29 jul 2022

A Economia digital é o driver mais forte do crescimento da economia no futuro próximo. Mas não é o único setor para o qual os investidores têm interesse.

A identificação de setores de alto potencial para o crescimento económico é crucial para assegurar que existe uma aposta em políticas públicas que vão de encontro a essas necessidades. Através do EY Attractiveness Survey, podemos ver a perspetiva dos investidores estrangeiros sobre esses setores e sobre a evolução da perceção dos mesmos.

A Economia digital é vista por mais de metade dos Investidores (52%) como o setor que irá alavancar o crescimento da economia portuguesa nos próximos anos. É uma tendência que se mantém constante com o ano anterior, onde o setor assumiu a liderança, ocupando o lugar que pertencia ao setor do Imobiliário.

É impossível dissociar a aceleração de tendências de consumo e transformação digitais durante o período de restrições de circulação associado ao COVID-19. Tal é percecionado no EY-Parthenon 2022 Digital Investment Index (DII), que afirma que as empresas estão a fazer investimentos recorde nos processos de transformação digital. É também na economia digital que se situa um dos maiores investimentos feitos em Portugal nas últimas décadas, o "Sines 4.0", que corresponde a 3.5 mil milhões de euros num data center que pretende dar resposta às necessidades de comunicação transatlântica.

O setor das energias renováveis e das cleantechs é identificado como um dos mais promissores para Portugal. Portugal é um dos líderes à escala europeia e global no setor das energias renováveis. 34% da energia consumida em Portugal provém de fontes de energia renováveis, sendo que a média europeia se situa nos 22%. É ainda o 8º país a nível global no uso desta tipologia de energia para produção de eletricidade (Enerdata). A diversificação energética para fazer face aos constrangimentos geopolíticos e a necessidade de responder aos efeitos cada vez mais visíveis das alterações climáticas fazem das condições naturais de eleição de Portugal um forte fator de competitividade internacional. Um dos investimentos significativos anunciados no ano de 2021 foi feito pela Lightsource BP, que irá investir 900 milhões de euros em 5 plantas de produção de energia solar em solo nacional.

O top 3 de setores fica completo com o setor do Imobiliário e da construção. O Imobiliário já foi o setor líder (2020) na perceção dos investidores, sendo o ano de 2022 marcado pela primeira vez nos últimos 3 anos que o setor cai para o último lugar do pódio. Um setor tradicionalmente relevante na economia portuguesa (representa atualmente cerca de 15% do PIB português) mas que enfrenta desafios consideráveis, como a falta de mão de obra ou de impacto ambiental. A adaptação do setor aos novos pressupostos da sustentabilidade pode ser um elemento distintivo na evolução do mesmo e que pode ajudar na captação de mais investimentos. 

Resumo

A maior relevância de Portugal no panorama de IDE europeu é um dado adquirido: Portugal obteve 200 projetos de IDE no ano de 2021, 3.4% de todos os projetos de IDE na Europa, valores recordes para o país. Com a maior procura e abertura do país para IDE é cada vez mais relevante que as instituições públicas consigam abarcar as perceções de investidores na estratégia de crescimento económico nacional.

Sobre este artigo

por Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.