Será 2022 o ano da retoma para a mobilidade partilhada?

Autores
Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.

Miguel Poeira

Manager, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Adepto de futebol, principalmente do bem jogado. Está a dar os primeiros passos na modalidade de indoor climbing.

2 minutos de leitura 22 abr 2022

Com o aliviar das restrições à mobilidade impostas pela pandemia, a mobilidade partilhada volta a estar entre os temas chave da mobilidade do futuro.

A crescente concentração de população nas áreas urbanas, ao longo dos últimos anos, tem levado ao aumento da pressão sobre as redes de transporte público.

A utilização do veículo privado, ainda muito significativa no contexto nacional, causa congestionamento adicional, a que se soma o impacto do comércio online na distribuição last-mile.

Por fim, a tendência de crescimento das soluções de micromobilidade urbana irá continuar, mas quatro fatores principais poderão contribuir para uma maior aceleração da sua adoção pelos consumidores:

1.   Transição de modelos de negócio
  • Movimento dos modelos pay-per-minute para o espaço ocupado pelo aluguer de média-longa duração, ou mesmo para modelos de subscrição. Providenciar mais flexibilidade (e.g., frequência, duração, destino, condições meteorológicas, número de utilizadores) ao consumidor é o principal driver;
  • Incorporação de componentes de very short-term rental (e.g., pay-per-minute) nos modelos tradicionais de aluguer de veículos, tipicamente associados a pickup nos aeroportos.
2.  Fidelização e aumento da base de clientes
  • Novos modelos de negócio estão a surgir com especial foco na incorporação de programas de fidelização;
  • Um caso paradigmático é o programa Tree Coins da HumanForest (operador de um serviço de partilha de motas elétricas em Londres) que oferece os primeiros 10 minutos de utilização mediante a visualização de publicidade, e que permite aos utilizadores acumular pontos com base na distância percorrida;
  • Para além da fidelização, esta opção permite também ao operador de mobilidade alargar a sua base de clientes através da sua rede de parceiros.
3.  Emergência de agregadores e super apps
  • A propagação de novos serviços de mobilidade tem levado à concorrência pela relação direta com o consumidor, e a crescente complexidade em navegar o ecossistema cria oportunidades para agregadores que simplificam a jornada e preenchem lacunas nas ofertas individuais dos operadores;
  • Mas estas aplicações podem também servir como canal de atração de clientes para os operadores: a funcionalidade de reserva e pagamento de múltiplos serviços de mobilidade, incluindo transporte público, micromobilidade, car sharing, estacionamento, entre outros, irá acrescentar mais valor ao utilizador final.
4.  Aumento do volume e variedade de frotas
  • De formal geral, os operadores de mobilidade partilhada têm vindo a expandir as suas frotas em operação, alargando também a diversidade (i.e., tipos e modelos) de veículos.
  • Nos últimos dois anos, diversos operadores entraram no mercado através do segmento de pequenos veículos (e.g., bicicletas, motas, trotinetes), beneficiando de menores barreiras à entrada por via do capex inicial inferior e restrições à circulação por parte dos municípios e reguladores,
  • Para muitos operadores, o próximo passo será introduzir uma nova geração de microcarros elétricos nas suas frotas.

Resumo

Após um período com movimentos de contração (devido às restrições à mobilidade para lazer e trabalho durante os períodos de confinamento) e crescimento (maior procura por veículos de utilização privada) em paralelo, espera-se que a mobilidade partilhada retome em 2022. No entanto, essa retoma não será linear, mas sim pontuada por significativas disrupções ao nível dos modelos de negócio e operacionais.

Sobre este artigo

Autores
Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.

Miguel Poeira

Manager, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Adepto de futebol, principalmente do bem jogado. Está a dar os primeiros passos na modalidade de indoor climbing.