Para as seguradoras, o tempo poderia agora ser bem gasto – sem arrependimentos – quantificando o impacto da IBOR e identificando onde está o maior risco.
As taxas IBOR impactam biliões de dólares em instrumentos financeiros em todo o mundo. Embora o prazo para a eliminação progressiva da IBOR não esteja fixado, a IBOR poderá deixar de existir, tanto para os contratos antigos como para os novos, nos mercados de derivados e de dívida, até ao final de 2021.
Reconhecendo a dimensão da mudança, a transição da IBOR está agora em movimento em todo o setor financeiro. A questão parece ser mais urgente para alguns setores em específico. É natural, por exemplo, que as empresas do lado da compra permitam que entidades e instituições do lado da venda assumam a liderança – na clarificação de incertezas, no desenvolvimento de normas e na conceção de novos produtos.
Todavia, é importante que as seguradoras monitorizem os desenvolvimentos e se envolvam conforme necessário, estando preparadas para influenciar a agenda para evitar que fiquem em desvantagem concorrencial. O valor em risco é potencialmente elevado, pelo que as seguradoras têm de garantir que não acabam do lado errado de qualquer transferência de valor, particularmente em alterações na liquidez do mercado.
Compreender os impactos dos seguros
A transição da IBOR é claramente uma questão muito relevante para o setor bancário, e está a tornar-se um importante ponto da agenda dos Conselhos de Administração. A magnitude e a complexidade do desafio da transição da IBOR que as seguradoras enfrentam pode não ser tão grande, mas existem potenciais impactos a considerar. O valor está em risco do ponto de vista do ativo e passivo incluindo os contratos de derivados.
Por exemplo, embora as seguradoras sejam normalmente proprietárias de ativos de taxa fixa, há montantes crescentes de ativos a taxa variável, particularmente em formato de empréstimo ilíquido. Em termos de passivos, a maior incógnita é a futura taxa de desconto regulamentar aplicável – que poderá ter um impacto significativo nas avaliações do balanço e nas posições de solvência. Especialmente no caso das seguradoras do ramo vida com passivos antigos, uma pequena alteração da taxa de desconto poderá ter um impacto significativo na posição do capital. Em terceiro lugar, a maioria das seguradoras está exposta a um potencial impacto através dos extensos programas de derivados que mantêm para gerir o seu risco de taxa de juro e para fazer o match entre ativos e passivos.
À medida que as avaliações são afetadas, o mesmo acontece com as posições de capital regulamentar e com os modelos. Não são só os bancos que precisam de monitorizar estas situações, mas também as seguradoras. Os modelos podem ser afetados, não só pela migração da própria IBOR, mas também pela disponibilidade limitada de dados históricos sobre as novas taxas de referência alternativa (ARRs).
As seguradoras também precisam de compreender o impacto operacional da transição da IBOR. Talvez seja claro que, os contratos, os produtos e os investimentos que usam como referência a IBOR tenham que efetuar a transição. Qualquer contrato ou produto do tomador que dependa da IBOR como parte dos benefícios, ou onde exista dependência indireta, como por exemplo através de rolling up payments, benchmarks em fundos de terceiros ou contas correntes, terá de ser endereçado. Do ponto de vista do resseguro, os contratos terão de ser renegociados ou reestruturados se a IBOR for utilizada na mecânica dos acordos de garantia.