22 set 2022
Green Wall

Prelúdio da COP 27

Autores
Norma Franco

Partner, Climate Change and Sustainability Services, Ernst & Young Audit & Associados - SROC, S.A.

Resiliente e otimista, é feliz onde a natureza se faz ouvir. Tem na dança a sua paixão, na cozinha 1001 receitas de amor, na jardinagem a sua viagem, na sua família a plenitude.

Beatriz Varela Pinto

Manager, Climate Change and Sustainable Services, Assurance, FAAS, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

Mãe orgulhosa de duas raparigas. Adora jogar ténis e viajar.

22 set 2022

A Cidade de Nova Iorque volta a receber, até ao dia 25 de setembro, a Semana do Clima de Nova Iorque (Climate Week NYC 2022).

Este evento, organizado pela Climate Group (organização não governamental internacional), em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGA) e a Cidade de Nova Iorque, configura uma das mais importantes plataformas de showcasing de ação climática.

À semelhança das edições anteriores, o evento pretende reunir líderes mundiais do setor privado, governos, academia, mundo artístico, jovens ativistas, especialistas e sociedade civil, e procura trazer para discussão o catapultar e acelerar a ação climática. A Climate Week NYC 2022 constitui a oportunidade de reunir a comunidade climática em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas – que decorre desde o passado dia 13 de setembro -, e a Cidade de Nova Iorque, antecipando a 27ª edição da cimeira anual do clima das Nações Unidas (COP27), que decorrerá já em novembro, no Egito.

Getting it Done é o mote da 14ª Semana do Clima, tornando, assim, evidente a premência do tópico que está em cima da mesa: Como passar à ação os compromissos climáticos até agora assumidos?

Nesta edição, a agenda contempla dez temas principais, designadamente: edifícios, energia, justiça ambiental, transporte, financiamento, sustainable living, biodiversidade, políticas, indústria e alimentação. No total, está prevista a realização de mais de 500 eventos, a decorrer em Nova Iorque e um pouco por todo o mundo, em formato presencial, e com a possibilidade de transmissão online de algumas das sessões.

Perante a atual instabilidade geopolítica, pautada por preocupações de segurança energética e um aumento substantivo dos custos de energia – veja-se a espiral de preços do gás – a Semana do Clima procurará posicionar o tema das alterações climáticas no contexto atual e o desafio que enfrentamos. Sem surpresas, a Cerimónia de Abertura da Semana irá explorar os domínios da segurança global, clima e os desafios interligados que se colocam.

A Semana do Clima será ainda palco do The Hub Live, iniciativa que visa constituir um espaço de colaboração, conectividade e resolução coletiva dos mais recentes desafios climáticos, com a participação de mais de 1 000 líderes e decision makers.

Dos tópicos em discussão, há, pelo menos, três que se destacam pela sua relevância, nomeadamente:

  • Urgência Climática: Depois de 2021 ter sido declarado como um ano decisivo na ação climática, 2022 iniciou-se com os riscos climáticos a liderar o topo das preocupações globais mais urgentes. Conforme, aliás, assinalamos num artigo em abril passado “O urgente, mais do que nunca, torna-se inadiável”. Num contexto em que urge reduzir para metade as emissões até 2030, naturalmente, a urgência climática será um dos alvos de debate.
  • Accountability: Paralelamente, as atenções estarão viradas para a questão da responsabilização perante os compromissos assumidos. Tipicamente, eventos de projeção mundial, como a Semana do Clima e a Cimeira do Clima das Nações Unidas (as COP) são palco de múltiplos anúncios de compromissos climáticos. Importa, contudo, assegurar o acompanhamento do progresso face aos compromissos, através da monitorização da efetiva contribuição de estratégias e ações. Só assim será possível aferir em que domínios setoriais se deverá aumentar os esforços climáticos, de forma garantir uma trajetória com vista ao objetivo global de 1,5ºC.
  • Justiça Climática: Enquanto salvaguarda fundamental para que a transição para uma economia de baixo carbono seja, entre outros, socialmente justa e inclusiva. A justiça climática constitui um dos três pilares principais do programa do evento, permitindo esperar algum otimismo sobre os debates preconizados em torno da temática. Particularmente, é expectável que a discussão se centre à volta da integração da justiça climática com outros desafios de justiça social, assim como dos impactes climáticos, e dos refugiados climáticos. 

Resumo

Num momento particularmente de incerteza, espera-se que de Nova Iorque haja lugar à reflexão e avaliação da atual ação climática, com a certeza, porém, de que qualquer que seja o resultado da Semana do Clima - lições aprendidas e melhores práticas disseminadas, relações estabelecidas e novos compromissos – este irá, certamente, contribuir para consolidar a (necessária!) pressão em temas que serão, à partida, alvo das negociações climáticas da COP27.

Sobre este artigo

Autores
Norma Franco

Partner, Climate Change and Sustainability Services, Ernst & Young Audit & Associados - SROC, S.A.

Resiliente e otimista, é feliz onde a natureza se faz ouvir. Tem na dança a sua paixão, na cozinha 1001 receitas de amor, na jardinagem a sua viagem, na sua família a plenitude.

Beatriz Varela Pinto

Manager, Climate Change and Sustainable Services, Assurance, FAAS, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

Mãe orgulhosa de duas raparigas. Adora jogar ténis e viajar.