1 minutos de leitura 8 jan 2021
EY human and robot connecting hands

O papel da Inteligência Artificial no Setor Público

por Miguel Amado

Miguel Amado - Partner, Government and Public Sector Leader, Ernst & Young, S.A.

Mais de 20 anos de experiência internacional em grandes projetos de transformação. Pai de três filhos. Fala cinco línguas. É apaixonado por música e toca quatro instrumentos.

1 minutos de leitura 8 jan 2021
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Estudos internacionais da EY sobre inteligência artificial (IA) ao longo dos últimos anos mostraram uma evolução muito rápida do pensamento das empresas privadas sobre o tema.

Num ano as conclusões indicavam que a IA era vista como algo interessante a prazo, mas não como uma prioridade de investimento. No ano seguinte a esmagadora maioria das empresas indicava ter já projetos em curso. O mesmo está já a acontecer em Portugal, com a EY a ter concluído diversos projetos que permitiram a empresas privadas ter um entendimento diferente do seu negócio, ganhar eficiência e reduzir custos.

Num estudo recente realizado em parceria com a Microsoft – Inteligência Artificial no Setor Público – a EY concluiu que dois terços dos inquiridos viam a IA como uma prioridade digital. No entanto, apesar de muitos governos locais, regionais e nacionais reconhecerem o potencial da IA, apenas 4% das organizações públicas inquiridas a escalaram para transformar a sua organização. Como resultado, apenas 10% das organizações inquiridas estão a usar a IA para resolver problemas complexos e 9% estão a usá-la para mudar significativamente as formas de trabalho. E apenas 12% estavam a usá-lo para criar valor significativo para stakeholders externos, como cidadãos e empresas.

A inteligência artificial pode fazer muito mais do que melhorar os processos governamentais. Quando bem aplicada, pode ser essencial na resposta a desafios globais de longo prazo e traduzir-se em melhores resultados para a sociedade em geral. A investigação demonstrou que a adoção de IA deverá trazer quatro benefícios principais:

  1. Otimizar processos para aumentar eficiência e produtividade. Por exemplo, as administrações públicas podem melhorar os seus fluxos de trabalho utilizando a IA para encaminhar inquéritos, permitindo automatizar o trabalho redundante e reduzir os erros;
  2. Transformar serviços para torná-los de melhor qualidade – e desenvolver novos. Nos cuidados de saúde, por exemplo, a IA pode melhorar os resultados analisando a informação individual do paciente e apoiando a identificação de tratamentos personalizados;
  3. Envolver as partes interessadas para melhorar a experiência de cidadãos e empresas. Nos transportes, a IA pode melhorar a experiência do utilizador para os passageiros utilizando dados históricos e em tempo real para prever a procura e garantir que os serviços estão sempre disponíveis no momento certo;
  4. Capacitar os colaboradores para obter melhores resultados com menos esforço. Por exemplo, os assistentes virtuais podem reduzir o tempo gasto a responder a inquéritos básicos, enquanto a análise preditiva permite uma tomada de decisão mais informada.

Em conjunto, estes benefícios permitiriam às organizações do setor público uma otimização de processos com melhores resultados para cidadãos e empresas e que as prepare para enfrentar desafios globais a longo prazo.

Quando se fala em IA surge inevitavelmente o tema do impacto em postos de trabalho. As tecnologias baseadas em IA podem assegurar trabalho repetitivo, com alto volume e pouco valor acrescentado, permitindo aos colaboradores concentrarem-se em tarefas mais relevantes para cidadãos e empresas. A IA também fornece insights para ajudar a sua tomada de decisão em questões complexas, em vez de substituir o julgamento profissional. Embora seja verdade que algumas funções se tornam obsoletas como resultado da IA, um dos maiores desafios na sua adoção é justamente na escassez de competências necessárias à implementação de projetos nesta área.

Resumo

À medida que o estado digital se torna uma realidade, será tarefa dos governos garantir que os seus funcionários têm as competências, mentalidade e conectividade para prosperar, incluindo aqueles que trabalham remotamente. Da mesma forma, terão de melhorar a qualificação dos cidadãos para tirar o máximo partido dos serviços públicos digitais e da economia digital em geral. E terão de continuar a trabalhar com o setor privado para partilhar conhecimento e acelerar a inovação em serviços públicos.

Sobre este artigo

por Miguel Amado

Miguel Amado - Partner, Government and Public Sector Leader, Ernst & Young, S.A.

Mais de 20 anos de experiência internacional em grandes projetos de transformação. Pai de três filhos. Fala cinco línguas. É apaixonado por música e toca quatro instrumentos.