É preciso estimular de forma muito mais efetiva o empreendedorismo de base tecnológica com vista a mudar o padrão setorial das empresas de elevado crescimento na economia, mas também consolidar e escalar a capacidade de transformar gazelas em unicórnios com projeção mundial.
Portugal necessita de acelerar de forma estrutural a sua taxa de crescimento anual média do PIB e do PIB per capita. A performance registada pela economia portuguesa nas últimas décadas mostrou-se muito modesta, ameaçando a convergência do país com a média europeia e a sustentabilidade do nível de vida da sua população.
A dinâmica de investimento em I&D e inovação das empresas estabelecidas e respetivos grupos empresariais será fundamental para o efeito, assim como a atração de investimento direto estrangeiro estruturante. Em paralelo, a dinâmica do ecossistema empreendedor também é muito importante, designadamente a sua capacidade de transformar as startups e as spin-offs em pequenas empresas, as pequenas empresas em médias empresas e as médias empresas em grandes e muito grandes empresas.
Neste último domínio, destacam-se duas tipologias de empresas que podem e devem fazer a diferença em Portugal: as empresas de elevado crescimento (onde se incluem as designadas empresas gazelas) e os unicórnios. Segundo a definição do Eurostat, as empresas de elevado crescimento são empresas que apresentam um crescimento médio anual superior a 10% durante um período de três anos, medido em termos do número de pessoas ao serviço. Já os unicórnios são startups que conseguem ultrapassar uma valorização de mercado superior a mil milhões de dólares. Pelas suas caraterísticas, a prazo, estas empresas têm potencial para alterar o perfil de especialização de qualquer economia e a sua trajetória de crescimento de longo prazo.
Portugal posiciona-se globalmente bem na Europa em termos de peso das empresas de elevado crescimento na economia, quer face à média da UE quer em relação a países de dimensão próxima como a República Checa, a Hungria ou mesmo a Suécia, a Bélgica e a Áustria. Contudo, esta realidade agregada esconde detalhes condicionantes para a transformação necessária da economia portuguesa, uma vez que uma grande parte deste tipo de empresas nacionais insere-se em atividades de baixa tecnologia ou baixa intensidade de conhecimento, portanto com reduzido potencial para alterar a estrutura de especialização da economia portuguesa e responder às procuras mais dinâmicas registadas na economia global.
Empresas de elevado crescimento
Em Portugal...