A juntar a fatores já há muito conhecidos, como a baixa natalidade, o envelhecimento da população ou o aumento de doenças crónicas, e outros um pouco mais recentes como o crescimento do setor hospitalar privado e um maior peso das seguradoras, surgem no contexto desta pandemia outros fatores como o incremento da telemedicina ou a reorganização (forçada) da prestação dos cuidados de saúde ou ainda o impacto que esta poderá ter na saúde mental que a poderá colocar nas prioridades de uma reforma alargada).
Como também é conhecido, a pandemia levou a uma priorização dos recursos, canalizando o (enorme) esforço dos profissionais de saúde para o combate à COVID-19. A consequência foi a redução da capacidade para atender a outras necessidades. Como é que se vai normalizar a situação no pós-pandemia? Quais as prioridades? Qual a capacidade que vai existir no "day after" face ao cansaço de todos e à contaminação pelo SARS-CoV2 de muitos dos profissionais de saúde? Não será oportuno rever o sistema de incentivos a estes profissionais enquanto elemento de motivação e compensação?
Um outro fator fundamental nesta equação (e que não é de agora) é o aumento sistemático das despesas em saúde e a um ritmo superior ao do crescimento da economia. Tendo em consideração o crónico fraco crescimento económico do país, até onde será possível aportar mais recursos financeiros para a saúde? E no tempo mais próximo, no pós-pandemia, que recursos financeiros serão necessários (e de onde virão) para a "normalização" do sistema de saúde?