Que sistema de saúde para Portugal no pós-pandemia?

por Paulo Silva

Health Sciences and Wellness Leader, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

É casado e tem três filhos. Gosta de cinema, teatro, concertos e de jogar ténis.

3 minutos de leitura 18 dez 2020
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Perante os dados de que dispomos e as tendências que se verificam, que sistema de saúde queremos e podemos pagar para Portugal?

Acrise pandémica que atravessamos está a colocar uma enorme pressão sobre todo o sistema de saúde e em particular sobre o SNS. Esta realidade está também a tornar visível as fragilidades de todo o sistema e a necessidade de reformas que permitam uma maior e melhor capacidade de resposta à realidade que temos pela frente no pós-pandemia.

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A juntar a fatores já há muito conhecidos, como a baixa natalidade, o envelhecimento da população ou o aumento de doenças crónicas, e outros um pouco mais recentes como o crescimento do setor hospitalar privado e um maior peso das seguradoras, surgem no contexto desta pandemia outros fatores como o incremento da telemedicina ou a reorganização (forçada) da prestação dos cuidados de saúde ou ainda o impacto que esta poderá ter na saúde mental que a poderá colocar nas prioridades de uma reforma alargada).

Como também é conhecido, a pandemia levou a uma priorização dos recursos, canalizando o (enorme) esforço dos profissionais de saúde para o combate à COVID-19. A consequência foi a redução da capacidade para atender a outras necessidades. Como é que se vai normalizar a situação no pós-pandemia? Quais as prioridades? Qual a capacidade que vai existir no "day after" face ao cansaço de todos e à contaminação pelo SARS-CoV2 de muitos dos profissionais de saúde? Não será oportuno rever o sistema de incentivos a estes profissionais enquanto elemento de motivação e compensação?

Um outro fator fundamental nesta equação (e que não é de agora) é o aumento sistemático das despesas em saúde e a um ritmo superior ao do crescimento da economia. Tendo em consideração o crónico fraco crescimento económico do país, até onde será possível aportar mais recursos financeiros para a saúde? E no tempo mais próximo, no pós-pandemia, que recursos financeiros serão necessários (e de onde virão) para a "normalização" do sistema de saúde?

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No longo prazo, numa reflexão para além do período imediato de recuperação no pós-pandemia, importa refletir (para atuar) sobre o sistema de saúde. É necessário repensar o modelo de financiamento de um sistema que já se encontra sobre grande pressão, sentida em particular de forma excessiva pelos agregados familiares (ver gráfico 1 e 2/3), sendo possível e desejável encontrar soluções, a partir da experiência de outros países, que se enquadre na realidade nacional. É também necessário refletir no aprofundamento da colaboração e coordenação entre todos os prestadores de saúde, públicos e privados, definindo uma estratégia nacional, com regras claras, otimizando a capacidade instalada e capacitar o sistema para melhor responder no futuro a situações como a da atual pandemia.

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Perante os dados de que dispomos e as tendências que se verificam, que sistema de saúde queremos e podemos pagar para Portugal? Queremos um sistema de saúde onde os prestadores públicos e os prestadores privados atuem de forma coordenada ou um SNS que por si só tenha capacidade para dar resposta a todas as necessidades presentes e futuras da população? Em sede de canalização dos recursos públicos queremos dar uma maior prioridade à saúde em detrimento de outras áreas? Queremos reforçar a aposta na formação de médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde em Portugal ou recorrer à imigração desses profissionais?

Faça o download do estudo completo em "Portugal: Desafios para 2021".

 

Serviços da EY

SaT / EY-Parthenon: Estudo em parceria com ISEG e Health Cluster ou CNS - Digital Health

Resumo

Estas são algumas das questões sobre as quais importa fazer uma reflexão alargada (mas também urgente) para a definição de uma visão que enquadre as reformas que urgem fazer.

Sobre este artigo

por Paulo Silva

Health Sciences and Wellness Leader, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

É casado e tem três filhos. Gosta de cinema, teatro, concertos e de jogar ténis.

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