5 minutos de leitura 16 jul 2020
O anoitecer numa cidade com escritórios iluminados

Pandemia COVID-19: Como podem os bancos aumentar a resiliência face à criminalidade financeira

5 minutos de leitura 16 jul 2020

Uma abordagem mais ágil, eficiente e resiliente na prevenção da criminalidade financeira pode dar aos bancos a confiança necessária para recuperarem de forma mais rápida e sólida.

Os governos, os setores e as sociedades de todo o mundo reuniram-se para combater os impactos devastadores da crise da COVID-19 na nossa saúde, economia e modo de vida.

Ao mesmo tempo, outros aproveitaram as oportunidades apresentadas pela crise para explorar vulnerabilidades num sistema financeiro sob extrema pressão. As provas de aumento do crime financeiro durante a pandemia ainda estão a ser analisadas. Contudo, alguns relatórios preliminares sugerem que algumas formas de atividade criminosa, nomeadamente o branqueamento de capitais e a prestação de serviços financeiros não autorizados, aumentaram.

Agora: agir rapidamente para mitigar as ameaças imediatas

Muitas entidades reguladoras, incluindo a US Securities and Exchange Commission e a European Banking Authority (pdf), têm alertado os bancos para os riscos de crime financeiro durante a pandemia, ao mesmo tempo que reiteraram que devem continuar a controlar e a reportar transações suspeitas, mesmo quando alguma supervisão, prazos de reporte e due diligence tenham sido descurados, a fim de manter o sistema financeiro em funcionamento. Os bancos têm um grande papel a desempenhar para assegurar que os pacotes de apoio e os estímulos governamentais sejam entregues rápida e eficientemente àqueles que deles necessitam, mas fazê-lo enquanto se mantém atentos ao crime financeiro nem sempre é fácil.

No meio da pandemia, a prioridade para os bancos consiste em agir rapidamente para controlar as ameaças imediatas. Algumas das instituições financeiras estão a acelerar a utilização de ferramentas digitais, particularmente de data analytics, para identificar atividades suspeitas. Outras, com recursos internos no limite, estão a recorrer a parceiros de managed services para ter apoio adicional e utilizar a sua experiência e tecnologia de forma a superar esta fase.

A seguir: reforçar a abordagem à disrupção na criminalidade financeira  

Quando a situação começar a normalizar, as instituições financeiras devem ponderar a definição de estratégias mais resistentes para detetar e prevenir o crime financeiro num mundo pós-pandémico. A Europol previu que o fim das restrições relacionadas com a pandemia poderia levar ao regresso da criminalidade financeira a níveis normais, mas salientou que esta crise criou novas oportunidades para os criminosos. Um cenário prolongado de dificuldades económicas aliado à vulnerabilidade de alguns setores da sociedade, podem conduzir a um aumento das atividades ilegais, incluindo o branqueamento de capitais e ciber-fraude.

À medida que os bancos consideram como se proteger contra um potencial aumento da criminalidade financeira após a crise da COVID-19, é provável que aprendam lições com o seu desempenho durante o seu pico. Em geral, o setor bancário reagiu bastante bem à disrupção, mantendo a continuidade das atividades e assegurando a robustez dos sistemas financeiros de todo o mundo. Mesmo assim, muitos bancos identificaram lacunas na sua atual abordagem à criminalidade financeira. É provável que as ações para as colmatar incluam:

1. Acelerar a transformação digital

Antes da pandemia COVID-19, enquanto os bancos tinham vindo a aumentar a utilização de data analytics para detetar e prevenir o crime financeiro, a utilização do digital era relativamente conservadora. Atualmente, os períodos de confinamento obrigaram os bancos a interagir com os seus clientes praticamente só através de plataformas online, por exemplo no que toca ao onboarding e à prestação de serviços ao cliente, com muitos deles a esperarem manter este percurso digital na recuperação pós-pandemia. Para que esta transformação digital proporcione um progresso real, os bancos devem também analisar o que é necessário para digitalizar o processo de KYC e a monitorização das transações como parte do onboarding e da manutenção contínua aos clientes. Isto exigirá uma grande aposta na utilização de data analytics nestas áreas, como também uma cada vez maior aceitação da adoção de tecnologias da próxima geração, tais como computer vision, classificação dinâmica do risco do cliente e biometria. 

A tecnologia digital pode conduzir a uma mudança radical na luta contra a atividade financeira ilegal, desde que seja dada igual prioridade à criminalidade financeira e à experiência do cliente no roadmap da transformação digital.

2. Repensar o equilíbrio entre resiliência, agilidade e eficiência

Num dilema mais abrangente do que o da luta contra a criminalidade financeira, os bancos vão-se confrontar com o desafio de precisar de avançar rapidamente numa crise, garantindo ao mesmo tempo a segurança e mantendo os custos operacionais reduzidos. Os períodos de confinamento em grandes offshoring hubs, como os existentes na Índia, revelaram falhas em alguns modelos de offshoring/outsourcing e levaram alguns bancos a considerar internalizar de novo as suas equipas de prevenção à criminalidade financeira, ainda que tal estratégia se traduza em custos mais elevados para o banco. Outros procuram ativamente a utilização de ferramentas digitais para reduzir o esforço manual e, por conseguinte, a dependência do ser humano para desempenhar funções de compliance, ao mesmo tempo que estão atentos à necessidade de incorporar segurança e aprovação regulamentar em toda a tecnologia.

3. Rever e reformular os modelos operacionais

Atualmente já estamos a assistir aos bancos iniciarem avaliações de desempenho dos seus modelos operacionais atuais no período da pandemia COVID-19 e a analisarem como podem construir uma maior resiliência empresarial, nomeadamente no que diz respeito à prevenção do crime financeiro. O que se tornou bastante claro durante esta pandemia, é que a economia global atual é um ambiente bastante complexo e interligado, pelo que resistir a disrupções durante um grande evento global, requer um modelo operacional com a flexibilidade necessária para se adaptar rapidamente à mudança (por exemplo deslocações de colaboradores, alteração de estratégias e recorrer à tecnologia para alterar processos e procedimentos instituídos). Neste sentido, esperamos que muitos bancos aumentem a colaboração com parceiros externos e utilizem uma abordagem de managed services, pelo que a importância de um ecossistema forte nunca foi tão grande.

Os bancos que consideram uma mudança para alguma forma de managed services para melhorar o combate ao crime financeiro devem assegurar que os prestadores têm os elementos certos para permitir uma abordagem que possa equilibrar a resiliência, a agilidade e a eficiência.

  • Questões-chave para os conselhos de administração fazerem aos prestadores de managed services

    • Possui um modelo operacional standardizado a nível global que permita assegurar a consistência de uma abordagem transversal a várias regiões?
    • Possui vários delivery centers ou parceiros externos que permitam mitigar disrupções num determinado país?
    • Possui uma sólida relação de colaboração com os reguladores? Consegue garantir a confiança dos prestadores de managed services na sua abordagem à prevenção do crime financeiro?
    • Consegue garantir que os serviços em causa são realizados de forma transversal?
    • Pode recorrer a uma rede de parceiros de confiança, incluindo Regtechs, para garantir o acesso às soluções digitais mais recentes? 

Ter confiança para uma recuperação mais rápida

A pandemia da COVID-19 ensinou-nos muitas lições, mas para os bancos uma das maiores tem sido a necessidade de manter a confiança no meio da incerteza. À medida que a economia global começa a ultrapassar a ameaça imediata da pandemia, muitas instituições podem considerar repensar a sua abordagem ao compliance na prevenção da criminalidade financeira, de forma a potenciar esta confiança e a ganhar a liberdade para planear uma recuperação antecipada.

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Resumo

À medida que os bancos se preparam para um previsível aumento da criminalidade financeira e analisam como podem aumentar a sua resiliência face a um futuro inconstante, muitos deles estão a repensar o seu modelo operacional. Construir um forte ecossistema de parceiros, incluindo de prestadores de managed services, é fundamental para uma recuperação mais confiante.

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