2 minutos de leitura 24 mai 2020
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As Private Equities estão melhor preparadas para uma recessão

por Miguel Farinha

Country Managing Partner, Portugal, Angola e Moçambique

Responsável por aumentar a equipa de Strategy and Transactions da EY Portugal para mais de 110 pessoas. Casado, pai de três crianças com mais duas emprestadas. Adora viajar, o Baleal e o Benfica.

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Descubra porque é que as Private Equities se encontram melhor preparadas para uma nova recessão.

A pós uma década de crescimento acelerado, as Private Equities dão um contributo cada vez mais importante para a economia global. Este sector duplicou em tamanho desde a recessão de 2008, tendo atualmente cerca de 3,8 biliões de USD de ativos sob gestão, valor que se estima poder subir para cerca de cinco biliões de USD nos próximos 3 a 5 anos. Com mais de 1.400 mil milhões de dólares de fundos disponíveis nas Private Equity em todo o mundo, normalmente referidos como "dry powder", tudo indica que uma recessão económica provavelmente apresentará oportunidades interessantes para a alocação de reservas de capital, logo que os preços se tornem mais interessantes para os investidores.

Embora as empresas apoiadas por Private Equities tenham tido um desempenho geralmente bom durante a última crise financeira global, nesta última década o seu modelo de operações também evoluiu no sentido de se tornar melhor preparado para futuras recessões. Os fundos melhoraram as suas capacidades operacionais, podendo ajudar as empresas em que participam a tomar melhores decisões face a um entorno económico mais volátil. E a sua expansão para novas classes de ativos – em especial o crédito – dá aos fundos novos meios para apoiarem as suas participadas.

Atendendo ao longo período de expansão da economia global, e aos diversos sinais de incerteza resultantes da evolução recente da geopolítica global, as Private Equities já se vinham a preparar para um possível cenário de correção de mercado, que acabou por ser acelerado pelo COVID-19.

Estas matérias foram recentemente objeto de análise pela EY, estando condensadas no documento "Why Private Equities Can Endure the Next Economic Downturn" (em Português, "porque é que as Private Equities conseguirão enfrentar a próxima recessão"). As principais conclusões deste documento, que avalia o grau de preparação das Private Equities como sendo atualmente muito melhor do que no momento em que se iniciou a última crise financeira, podem ser sintetizados em três grandes linhas:

  • A indústria tem mais capital à sua disposição – com a entrada no sector de family offices e fundos soberanos, entre outros, o nível global de meios líquidos disponíveis para investimentos imediatos é muito elevado, estimando-se estarem disponíveis mais de 1.400 mil milhões de dólares. Atendendo ao elevado impacto da pandemia no racional de negócio de muitos sectores, e mesmo tendo em conta os apoios públicos disponibilizados pelos governos de muitos países, já são visíveis situações preocupantes de dificuldades de tesouraria, com o potencial de gerar uma crise de insolvências com impactos significativos para o produto e para o emprego de muitas regiões. A elevada capacidade financeira das Private Equities pode vir a desempenhar um papel crítico nos próximos meses, com a sua intervenção a ser essencial para a preservação de negócios que continuam a ter viabilidade mas que podem não conseguir acesso a financiamentos bancários em condições de mercado. A experiência das Private Equities no turn-around de negócios e na consolidação sectorial terá um papel importante na mitigação dos impactos da crise e até na atenuação do esforço a ser exigido ao restante sector financeiro.
  • As Private Equities têm-se diversificado, o que aumenta a sua resiliência – alguma contração dos bancos no financiamento de PMEs após a crise financeira levou muitas Private Equities a suprirem essa necessidade, passando a atuar em toda a estrutura de capital das suas participadas. A experiência adquirida na gestão de instrumentos financeiros com maturidade e níveis de intervenção diferentes dá às Private Equities maior capacidade para adequarem a sua intervenção às necessidades de cada negócio, gerindo a exposição a risco e o nível de rentabilidade potencial de forma mais alinhada com os seus objetivos.
  • As Private Equities expandiram as suas capacidades operacionais – uma melhor utilização de tecnologia e de parcerias dá-lhes maior capacidade e maior flexibilidade na resposta às necessidades das participadas. Para muitas Private Equities, a revolução digital já faz parte dos seus processos internos e do valor que acrescentam às suas participadas. Com tudo a indicar que o mundo pós-COVID será ainda mais dependente do digital, tanto na interação com clientes como na própria relação com os colaboradores, esta capacidade de aportar capacidade digital às suas participadas será um diferenciador para a conclusão de negócios e um elemento importante para a rapidez e consistência da recuperação económica global pós-pandemia.

Com este enquadramento, e apesar de todas as incertezas causadas pela presente situação de pandemia, tudo indica existir maior resiliência por parte das Private Equities, o que lhes abre a porta para serem um instrumento essencial no processo de recuperação da economia, ajudando à recuperação de negócios viáveis e à salvaguarda de postos de trabalho.

Resumo

Com cerca de 3,8 biliões de USD de ativos sob gestão, as Private Equities dão um contributo cada vez mais importante para a economia global. Um estudo global da EY mostra que as PE dispõem de mais capital, estão mais diversificadas e têm melhores capacidades operacionais do que tinham na última crise financeira global. E isso deixa-as melhor preparadas para um novo cenário recessivo.

Sobre este artigo

por Miguel Farinha

Country Managing Partner, Portugal, Angola e Moçambique

Responsável por aumentar a equipa de Strategy and Transactions da EY Portugal para mais de 110 pessoas. Casado, pai de três crianças com mais duas emprestadas. Adora viajar, o Baleal e o Benfica.

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