2 minutos de leitura 18 dez 2020
EY young lady looking through showcase glass

Atratividade e resiliência: o que pensam os investidores em tempo de pandemia

por Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.

2 minutos de leitura 18 dez 2020

As perspetivas melhoram, mas a incerteza permanece. Os investidores confiam na recuperação de Portugal, mas o investimento é necessário. As prioridades são claras e transversais à Europa: maior confiança dos consumidores, melhor acesso a capital e investimento acelerado na digitalização.

OInvestimento Direto Estrangeiro (IDE) é um fator crucial para as economias, contribuindo para a criação de valor e geração de empregos. Mais ainda quando, como no caso Português, o nível de sofisticação do investimento aumenta, gerando empregos cada vez mais qualificados.

Now

Após 2019, a resiliência e atratividade de Portugal serão mais importantes do que nunca. Neste ano, confirmou-se a tendência de crescente atratividade do país para investidores estrangeiros. Atingiu-se um recorde de 158 projetos de IDE, mais do que duplicando o valor do ano anterior. Portugal subiu para o 8.º lugar entre as economias mais atrativas da União Europeia para investidores estrangeiros, mais do que duplicando a sua quota de projetos (de 1,2% para 2,5%). O número de postos de trabalho criados (mais de 12.000) seguiu a mesma trajetória.

Em 2020, porém, o impacto da pandemia foi imediato e profundo. A propagação da COVID-19, e bem assim dos seus efeitos adversos para a economia, forçou a mão dos investidores que não tiverem outra opção senão revisitar as suas intenções de investimento. Contudo, Portugal evidenciava já em abril sinais de resiliência, estimando-se que apenas cerca 20% dos projetos anunciados em 2019 se encontrassem em risco, face à média europeia de 35%.

Next

Seis meses passados, a EY voltou a interpelar executivos de todo o mundo em outubro para perceber quais as suas perspetivas para uma Europa pós-pandemia.

O estudo publicado em maio (que apresentava os resultados de um flash survey conduzido em abril) revelava que 9 em cada 10 executivos tencionava reduzir ou adiar os seus planos de investimento em 2020. No pulse check conduzido em outubro, este número reduziu e "apenas" 7 em cada 10 executivos partilhava dessa intenção, sendo que 10% dos inquiridos previa, pelo contrário, aumentar o investimento em 2020. Ainda assim, 32% manifestava a intenção de adiar projetos de investimento para 2021 ou depois, mais 10 pontos percentuais do que em abril.

Alterações aos planos de investimento em 2020 motivadas pela COVID-19 (% dos inquiridos)

EY Flash Survey outubro 2020 (total de inquiridos: 109), abril 2020 (total de inquiridos: 113)

Fonte: EY Flash Survey outubro 2020 (total de inquiridos: 109), abril 2020 (total de inquiridos: 113)

Este facto parece estar alinhado com a melhoria das perspetivas de longo prazo dos investidores – em outubro, 73% dos inquiridos acreditava que a Europa seria igual ou mais atrativa até no período pós-pandemia, quando apenas 51% partilhava desta impressão em abril.

Os resultados do pulse check mostram ainda que Portugal se posiciona, uma vez mais, favoravelmente no contexto Europeu. Os executivos inquiridos consideram que Portugal será o 8.º país mais atrativo em 2021, superando Grécia, Itália e Espanha como destino de investimento preferido. Alemanha, Reino Unido e França lideram o ranking, tendo sido nomeados os três países Europeus com planos de recuperação mais credíveis e favoráveis ao investimento. Nesta matéria, Portugal foi o 11.º classificado.

Países Europeus mais atrativos para IDE em 2021 (% dos inquiridos)

EY Flash Survey outubro 2020 (total de inquiridos: 109)

Fonte: EY Flash Survey outubro 2020 (total de inquiridos: 109)

Neste contexto atípico, o que é certo é que a incerteza prevalece no momento em que assistimos a uma nova vaga da COVID-19 assolar a Europa. Apesar dos resultados deste último pulse check serem mais otimistas do que os divulgados em maio, com a evolução recente da pandemia este otimismo pode ser posto à prova.

Beyond

Para que a retoma seja efetiva, maior confiança dos consumidores, melhor acesso a capital e investimento acelerado na digitalização são necessários. Curiosamente, muito menos executivos parecem considerar que os pacotes de estímulo nacionais por si só serão um fator determinante às suas decisões de (des)localização do negócio (32% em outubro versus 80% em abril). Esforços coletivos entre estados Europeus poderão revelar-se mais eficazes para a captação de IDE.

Apesar das circunstâncias atuais, Portugal poderá ver a sua atratividade de longo-prazo reforçada à medida que a pandemia acelera algumas megatendências em curso: a digitalização da economia e a aceleração tecnológica; o maior peso dos temas da sustentabilidade e das alterações climáticas nas decisões de investimento; e a reconfiguração e maior proximidade das cadeias de fornecimento. Nesta vertente, a localização geográfica, infraestruturas de transporte e digitais, apetência digital da economia e os recursos naturais na área das energias renováveis poderão ser importantes catalisadores do reforço do posicionamento internacional de Portugal para o IDE.

No período pós-pandemia, três megatendências influenciarão em larga medida as intenções e planos de investimento na Europa.

Serviços da EY:

O EY Attractiveness Survey Portugal faz parte de uma série de estudos desenvolvidos anualmente pela EY que revelam as principais considerações dos executivos relativamente aos seus investimentos.

Estes estudos são reconhecidos por clientes, media e Governos como uma fonte chave de informação sobre IDE. Examinado a atratividade de um território enquanto destino de investimento, são concebidos para apoiar os negócios nas suas decisões de investimento e os Governos na remoção de barreiras ao crescimento. Os resultados do estudo são baseados nas perceções de um painel representativo de líderes de negócio e decisores internacionais.

Faça o download do estudo completo em "Portugal: Desafios para 2021".

Artigo escrito em coautoria por Sara Lourosa, Manager, EY-Parthenon

Resumo

A localização geográfica, as infraestruturas de transporte e digitais, a apetência digital da economia e os recursos naturais na área das energias renováveis poderão ser importantes catalisadores do reforço do posicionamento internacional de Portugal para o IDE.

Sobre este artigo

por Miguel Cardoso Pinto

Partner, EY-Parthenon Portugal Leader & Advanced Manufacturing and Mobility Leader, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Pai de três filhas com gosto pela leitura, música e desporto. Adepto de rugby e iniciante na prática de triatlo.