1 minutos de leitura 13 ago 2021
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O desígnio da inovação

por Hermano Rodrigues

Principal, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Lidera na EY-Parthenon uma equipa especializada em inteligência estratégica de apoio à tomada de decisão e à promoção da eficiência coletiva. Casado e com dois filhos. Adora viajar.

1 minutos de leitura 13 ago 2021
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O principal desígnio de Portugal para 2030 deverá ser transformar os seus ativos de conhecimento e de tecnologia em inovação que estimule a recuperação, a competitividade e a internacionalização da economia.

Ao longo das últimas décadas, através de uma política robusta e consequente de ciência e tecnologia, Portugal conseguiu estabelecer uma rede de infraestruturas científicas e tecnológicas relevante e crescentemente competitiva em termos europeus e internacionais. Mais recentemente, através de uma aposta crescente em políticas de estímulo à inovação, o país tem vindo a conseguir uma aproximação crescente entre a rede de infraestruturas científicas e tecnológicas e as empresas, designadamente com grandes empresas e start-ups de base tecnológica. 

Fruto deste processo, Portugal conseguiu integrar pela primeira vez o grupo dos designados “Inovadores Fortes” no European Innovation Scoreboard de 2020, entrando assim num novo campeonato internacional. Este reposicionamento decorreu muito do progresso alcançado em algumas condições da envolvente (e.g. atratividade do sistema de investigação), do investimento (e.g. investimento empresarial em I&D e inovação), das atividades de inovação (e.g. PME com inovações de produto ou de processo, redes de inovação) e de impacto (e.g. vendas, emprego).

Apesar desta evolução, Portugal exibe uma performance muito fraca na UE e no mundo em matéria de crescimento económico e de PIB per capita. Significa isto que existe um enorme gap de valorização de conhecimento e tecnologia no país. Esta realidade mostra-se ainda mais problemática com a evolução do posicionamento do nosso país no European Innovation Scoreboard de 2021, em que recuamos de novo para o grupo dos países designados de “Inovadores Moderados”, em resultado de retrocessos fortes nas condições de investimento (nomeadamente de investimento empresarial), nas atividades de inovação (e.g. PME com inovações de produto ou de processo) e nos impactos (e.g. emprego empresarial). Acresce que estes resultados ainda não captam bem os efeitos da pandemia da COVID-19.  

O Plano de Recuperação e Resiliência e o novo Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 têm de priorizar decisivamente este desígnio. Isso pressupõe continuar a apoiar e estimular o investimento em C&T e em I&D, mas apostar muito mais na sua valorização através da inovação tecnológica e não tecnológica. O modelo previsto nos apoios das agendas / alianças mobilizadoras para a inovação empresarial e das agendas / alianças verdes para a inovação empresarial do PRR constituem um bom modelo neste propósito, dado o paradigma colaborativo que têm subjacente, a lógica integrada de apoio associada e a forte orientação para resultados. Será importante que os apoios a concetualizar no Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 adotem igualmente estes princípios.

Sem uma aposta estrutural e decisiva na inovação (empresarial), jamais Portugal conseguirá sair da cauda da Europa e fazer o catching-up para a média da EU.

Resumo

Torna-se, assim, claro que Portugal precisa de transformar os seus ativos de conhecimento e de tecnologia em inovação que estimule a recuperação, a competitividade e a internacionalização. A inovação, traduzida em novos produtos, processos e sistemas distintivos a nível internacional, constitui o grande desígnio de Portugal para 2030, capitalizando naturalmente as oportunidades em matéria de transição para uma economia neutra em termos climáticos e de transição digital.

Sobre este artigo

por Hermano Rodrigues

Principal, EY-Parthenon, Ernst & Young, S.A.

Lidera na EY-Parthenon uma equipa especializada em inteligência estratégica de apoio à tomada de decisão e à promoção da eficiência coletiva. Casado e com dois filhos. Adora viajar.