De acordo com os executivos da EY da área de preços de transferência, o ambiente é ainda mais arriscado do que os dados do estudo sugerem. "Verificam-se atualmente e em todo o mundo, acontecimentos relevantes em matéria de reforma fiscal", afirma Ronald van den Brekel, EY EMEIA Transfer Pricing Leader. "O BEPS e os projetos da OCDE que lhe sucederam, impulsionaram e continuam a impulsionar mudanças significativas nas estratégias e nos serviços".
Van den Brekel afirma que, embora a OCDE, com o BEPS, pretendesse facilitar a consistência fiscal entre as jurisdições, existem muitos exemplos de autoridades nacionais que estão a adotar uma abordagem unilateral ou a interpretar o BEPS de uma forma muito particular.
Luis Coronado, EY Asia-Pacific Transfer Pricing Leader, concorda "As pessoas estão já a experienciar mudanças significativas em áreas como a crescente transparência no BEPS", afirma Coronado. Mas a OCDE está a ir ainda mais longe nesta discussão. "Surgem novas propostas que pretendem atualizar as políticas fiscais para a era digital, explorando ideias para a reafetação de lucros por novas, porém indeterminadas, vias, por exemplo com base nas receitas."
Adicionalmente, “existem novas propostas com vista a reduzir as vantagens criadas pela localização em jurisdições de baixa tributação por via da criação de um imposto global mínimo — no seguimento do que acontece nos EUA, em que a TCJA introduziu esse conceito relativamente à tributação internacional”. No geral, diz Coronado, "este é um ambiente fiscal em matéria de preços de transferência, global e fluído, um ambiente em que muitos princípios tradicionais estão a ser reavaliados e que exige um maior envolvimento por parte das empresas".
Preços de transferência: o foco no risco
A alteração das taxas de imposto e das regras fiscais globais e a necessidade de ajustamento a uma maior transparência, contribuem para aumentar o risco fiscal. De facto, o risco fiscal é de longe a questão mais crítica que impulsiona as estratégias de preços de transferência dos inquiridos. Este é o caso de 64% dos inquiridos, mas com uma significativa discrepância a nível geográfico.
A seguir à prevenção de riscos, 23% dos inquiridos afirmam que a necessidade de alinhamento com os objetivos operacionais ou de gestão, também tem um papel importante nas decisões em matéria de preços de transferência.