2 minutos de leitura 24 dez 2021
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Crise de profissionais de saúde no SNS

por Joana Cerejo

Senior Manager, Consulting, Health Sciences and Wellness, Ernst & Young, S.A.

Focada em ajudar as empresas do setor da saúde a alinhar processos, pessoas, tecnologia e inovação. Adora viajar, praticar desporto ao ar livre e estar com a família e amigos.

2 minutos de leitura 24 dez 2021
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A atração e retenção de talento no SNS é hoje mais desafiante do que nunca. Contudo, existem medidas que podem ser trabalhadas e dinamizadas ao nível dos hospitais.

Depois de quase dois anos de pandemia de COVID-19 é unanime a importância do SNS, bem como a coragem, resiliência e dedicação dos nossos profissionais de saúde. Após anos de pressão devido à falta de investimento na saúde, reduzida aposta na prevenção e em novos cuidados médicos e com o envelhecimento da população do país, o SNS tem vindo a ser desafiado com a falta de profissionais de saúde. Esta situação está a ter um reflexo imediato na diminuição da capacidade de resposta hospitalar, onde a pandemia, conforme realçou a OCDE, ainda exacerbou mais a escassez e evidenciou diversas vulnerabilidades.

A atração e retenção de talento no SNS é hoje mais desafiante do que nunca, sendo várias as razões identificadas para a crise existente, nomeadamente, desajuste ao nível de benefícios e incentivos, reduzidas oportunidades de formação e desenvolvimento, carreiras mal desenhadas, onboarding insuficiente ou inconsistente, falta de suporte e de comunicação e situações de burnout, pelo excesso de trabalho e pressão. A isto se associa um desalinhamento de expetativas relativas ao acesso e à qualidade da prestação de cuidados de saúde aos pacientes.

Embora alguns destes pontos não estejam na esfera de autonomia e decisão do hospital, existem iniciativas que estão ao alcance das administrações hospitalares, nomeadamente:

  • Trabalhar a cultura: Fomentar uma cultura de pertença e um ambiente de trabalho inclusivo, que reforce o propósito de trabalhar no SNS, promova uma ligação emocional forte entre os profissionais de saúde, o hospital e os seus pacientes;
  • Criar a Jornada do Colaborador: Criar uma jornada consistente que passe pela criação da uma proposta de valor (EVP) para atrair e reter talento, pela aposta no onboarding, pela sistematização de práticas e procedimentos, por uma comunicação clara e fluída e pelo acompanhamento dos colaboradores ao longo do seu percurso;
  • Investir na formação: Fomentar a partilha de aprendizagens e criar um programa de formação robusto para todos os profissionais de saúde. Capacitar os líderes, para uma liderança mais próxima e inspiracional;
  • Fomentar uma organização data driven: Tirar partido dos dados que são gerados diariamente no hospital para suporte à decisão, nomeadamente utilizando ferramentas de auscultação de profissionais de saúde, permitindo endereçar de forma ágil, pain points identificados pelas pessoas;
  • Proporcionar experiências aos profissionais de saúde: Seja através de nova tecnologia, participação em estudos e/ou na implementação de novos modelos de entrega de cuidado de saúde, os profissionais de saúde querem cada vez mais participar em projetos clínicos robustos e inovadores;
  • Repensar os benefícios: Pensar para além dos benefícios tradicionais em torno do salário, nomeadamente atribuição de fringe benefits como acesso a eventos, parcerias com ginásios e restaurantes, entre outros;

Se no combate à COVID-19 os profissionais de saúde demonstraram energia, criatividade e flexibilidade para encontrar soluções para novos problemas, é tempo de todos os decisores do SNS se unirem e implementarem soluções de forma a mostrarem o seu comprometimento em melhorar a experiência do profissional de saúde.

Resumo

Existem muitos fatores que contribuíram para a crise que prospera atualmente no SNS, agora é tempo de agir. A curto-prazo, as administrações hospitalares deverão focar-se no engagement dos profissionais de saúde, no reforço do propósito em trabalhar no SNS e na construção de uma cultura organizacional forte. Também a aposta em formação, na utilização de tecnologia e em novos modelos de cuidados de saúde serão chave para atrair e reter as várias categorias de profissionais de saúde.

Sobre este artigo

por Joana Cerejo

Senior Manager, Consulting, Health Sciences and Wellness, Ernst & Young, S.A.

Focada em ajudar as empresas do setor da saúde a alinhar processos, pessoas, tecnologia e inovação. Adora viajar, praticar desporto ao ar livre e estar com a família e amigos.