4 minutos de leitura 28 nov 2023
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Serviços Financeiros

Principais impactos e divulgações da IFRS 17 e IFRS 9 a 30.06.2023

por Dora Leal

Senior Manager, Insurance, Ernst & Young, S.A.

É casada e mãe de dois filhos. Vive numa pequena aldeia em Leiria. Adora brincar com os filhos, cantar, tocar piano e viajar de autocaravana em família, à descoberta de novas experiências.

4 minutos de leitura 28 nov 2023
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A EY analisou a informação de 30.06.2023 divulgada publicamente por 30 grupos seguradores internacionais e apresentou na publicação de outubro de 2023 “Market updates on the impact of IFRS 17 and IFRS 9 os principais outcomes obtidos.

A EY analisou a informação divulgada publicamente por 30 grupos seguradores, com referência a 30 de junho de 2023. A publicação de outubro de 2023, intitulada “Market updates on impact of IFRS 17 and IFRS 9 - Observations from half-year IAS 34 interim financial statements published by insurers” foi estruturada em 3 capítulos. No capítulo 1, destacamos os principais indicadores de performance (KPIs). No capítulo 2, efetuamos uma análise das principais métricas financeiras de IFRS 17 e IFRS 9. No último capítulo, realizamos uma análise comparativa das metodologias e KPIs utilizados pelos players do setor. 

Focando nos principais indicadores de performance divulgados e tendo presente que os mesmos poderão variar significativamente mediante o tipo de negócio, Vida, Não Vida ou Mistas, foram analisadas as seguintes métricas:

  • Net profit margin
    Medido pelo rácio entre o lucro líquido em função do total da receita de seguros (insurance revenue). Quanto maior a percentagem, maior o valor do lucro líquido que a entidade gera proporcionalmente à receita de seguros. Este rácio variou entre 8% a 15%.
  • Rácio da CSM sobre as responsabilidades de contratos de seguro
    Quanto maior este rácio, maior será a rentabilidade futura remanescente proveniente de contratos de seguro. Observou-se um intervalo do rácio entre os 5% e os 10%.
  • Rácio do ajustamento de risco (RA) sobre as responsabilidades de contratos de seguro
    Representa a proporção do RA em relação ao total das responsabilidades do contrato de seguro. A quantidade de RA é determinada por vários fatores, como o tipo de negócio subscrito, a técnica de estimativa e o nível de confiança adotados para o seu cálculo bem como o nível de diversificação aplicado. Observou-se um intervalo do rácio entre os 1% e os 5%.
  • Média do padrão de libertação da CSM
    A libertação média do lucro esperado futuro dos contratos de seguros, medida em função do valor total da CSM, ao longo dos primeiros seis meses do ano, para 11 seguradoras, foi inferior a 5%. Quanto maior o rácio, menor será a libertação esperada de CSM em períodos subsequentes.
  • Rácio do new business vs libertação da CSM
    Este indiciador permite medir a taxa de crescimento do novo negócio no exercício, tendo representado, para 9 seguradoras, cerca de 70% a 100%. Um rácio superior a 100% significa que, na ausência de outros efeitos de mensuração, a CSM está a crescer (ou seja, o montante de CSM reconhecido para novo negócio é superior ao montante de CSM reconhecido no período).
  •  Média da componente de perda
    Percentagem inferior a 0,3% do total das responsabilidades dos contratos de seguro, para 11 seguradoras. Quanto maior a percentagem, maior o valor dos contratos onerosos reconhecidos
  • Média da CSM de resseguro
    Medida pelo rácio entre a CSM de resseguro e a CSM dos contratos de seguro emitidos, o rácio variou entre 1% e 5%, para 11 seguradoras. Este rácio fornece informação sobre o peso do lucro futuro cedido às resseguradoras. Uma proporção acima de 0% significa que a CSM para contratos de resseguro mantidos é um custo líquido
  • Rácio da provisão para Expected credit loss (ECL)
    Medido em função dos ativos mensurados ao FVOCI e ao custo amortizado, este rácio variou entre os 0,1% e os 0,4%, para 6 seguradoras. 17 seguradoras avaliaram a maioria dos seus instrumentos de dívida ao FVOCI, enquanto 7 classificaram ao FVTPL. Nenhuma das seguradoras apresentou o custo amortizado como categoria principal de classificação. Para os instrumentos de capital próprio, 20 seguradoras avaliaram estes instrumentos ao FVTPL enquanto 7 mensuraram ao FVOCI (sem recycling). 

Da análise efetuada às principais métricas financeiras quando comparadas com o exercício de 2022, observa-se que na transição as seguradoras com negócios de longa duração apresentaram impactos negativos nos capitais próprios devido à introdução da CSM, do ajustamento de risco e à utilização de pressupostos atuais. A redução variou entre -30% e os ‑10%. Um dos impulsionadores de uma CSM mais elevada foi a utilização de abordagens retrospetivas total e modificada para quantificar a CSM, em oposição à utilização da abordagem do justo valor, que geralmente resulta numa menor CSM. Nos períodos subsequentes observou‑se genericamente uma melhoria dos indicadores e resultados devido à evolução menos desfavorável dos mercados de investimentos.

As seguradoras em Portugal estão na reta final de preparação e estão a decorrer as auditorias das suas demonstrações financeiras em IFRS 17 e da IFRS 9. O tratamento e o impacto dos impostos na nova realidade contabilística está também a ser uma das prioridades bem como a preparação dos planos de negócio a 3 e 5 anos. Esperamos que o estudo da EY possa inspirar os diferentes players do setor para a divulgação, muito em breve, das suas métricas financeiras e que permita aos vários stakeholders ver como comparam os resultados locais com os conhecemos agora a nível Global.

Resumo

A EY realizou uma análise sobre os indicadores de performance de 30 grupos seguradores. Aqui foram analisadas métricas como a net profit margin, o rácio da CSM e do ajustamento de risco, a média do padrão de libertação da CSM, o rácio do new business versus libertação da CSM, a medição da provisão para Expected credit loss (ECL) e outras. Observou-se que existiram impactos negativos nas seguradoras com negócios de longa duração devido à introdução da CSM, do ajustamento de risco e à utilização de pressupostos atuais. As seguradoras em Portugal estão a realizar auditorias nas demonstrações financeiras e a preparar planos de negócios de 3 e 5 anos. A EY espera que o estudo inspire os players do setor a divulgar as suas métricas financeiras.

Sobre este artigo

por Dora Leal

Senior Manager, Insurance, Ernst & Young, S.A.

É casada e mãe de dois filhos. Vive numa pequena aldeia em Leiria. Adora brincar com os filhos, cantar, tocar piano e viajar de autocaravana em família, à descoberta de novas experiências.