Perante este cenário, África viu a sua situação já vulnerável ser agravada, levando à pior recessão económica em meio século, com o PIB a cair 3% em 2020, originado pelo rápido aumento da dívida, a desaceleração do crescimento e a redução drástica dos meios de subsistência. A acrescentar, África está sob a mira dos impactos do aquecimento global, o que coloca pressão adicional no acesso aos recursos, resultando num ciclo vicioso de conflitos, agitação e pobreza.
Acelerar a industrialização, diversificar e captar investimento para o desenvolvimento são elementos chave para mudar o rumo do continente e todos são chamados a contribuir, desde governos, reguladores e supervisores, instituições financeiras, organizações e comunidade.
Investimento em África precisa-se
A ONU estimou que será necessário preencher o défice de financiamento de US$ 200 mil milhões por ano para cumprir os ODS até 2030. Adicionalmente, e para fazer face aos desafios das alterações climáticas, os líderes africanos propuseram, na COP26, um objectivo de US$ 1,3 trilhões por ano até 2030, já que, de acordo com o Green Climate Fund, África recebe apenas 5% do total de fluxos financeiros concedidos globalmente para fazer face a estes desafios.
O mercado de obrigações sustentáveis é visto pelos decisores políticos, reguladores e emitentes soberanos de África como uma nova oportunidade para colmatar a falta de investimento nos ODS. De facto, a Comissão Económica para África da ONU admite que uma recuperação baseada em investimentos verdes pode gerar até 420% de maximização do valor acrescentado bruto e até 250% melhores retornos na criação de emprego. No entanto, este tipo de instrumentos é ainda residual, apesar do acelerado aumento noutros mercados emergentes, de acordo com a Moody’s.