6 minutos de leitura 15 fev 2021
Comprador feminino que recolhe artigos do proprietário da loja mascarada

Como melhorar a experiência do cliente num mundo pós COVID-19

6 minutos de leitura 15 fev 2021

Para as empresas de consumo que percebem já estar no “normal seguinte”, este é o momento de reinventar o significado o novo normal.

Três questões a colocar 
  • Em que medida a COVID-19 moldou o comportamento do consumidor?
  • Como podem as empresas de CPG ganhar uma vantagem competitiva abraçando esta nova realidade e adoptando as tendências emergentes?
  • Como podem as soluções de compras sem barreiras ajudar as empresas de CPG a ganhar uma vantagem competitiva?

Estamos todos a viver tempos sem precedentes e a pandemia teve um impacto radical na nossa vida quotidiana. Cada um de nós percebeu o impacto da pandemia da COVID-19 na mente do consumidor e nas empresas. Durante o confinamento, os consumidores armazenaram bens essenciais, como artigos de mercearia, alimentos secos e outros produtos domésticos, numa reacção à crise iminente. Este pico na procura de bens essenciais afectou as cadeias de abastecimento da maioria das empresas Fast-Moving Consumer Goods (FMCG). Por outro lado, as empresas de produtos não essenciais (de bens de consumo), como vestuário e produtos de luxo, testemunharam um declínio acentuado nas vendas. Muitos foram também afectados por outros factores, como as restrições nas viagens, o trabalho à distância e preocupações económicas crescentes.

Algumas destas mudanças no comportamento dos clientes parecem ser uma tendência irreversível, forçando as empresas de bens de consumo, mais do que outras, a realinharem-se para o novo normal. As empresas de Produtos e Bens de Consumo (CPG, na sigla em inglês) podem alcançar uma vantagem competitiva, se abraçaram esta nova realidade e adoptarem as tendências emergentes para prosperar no novo normal.

1. Aceleração do ecommerce

Manter uma presença online já não é opcional para as empresas de CPG. Muitas pequenas e médias empresas até há pouco tempo não investiam em comércio eletrónico. Com a transferência dos consumidores para canais online, desde o início da pandemia da COVID-19, tem havido uma procura crescente de plataformas de eCommerce. Os principais retalhistas alimentares preferem reduzir atritos online, simplificando a experiência de compra de produtos essenciais com a utilização de aplicações. A recolha de produtos em loja provou ser uma das soluções mais eficazes para eliminar atritos nas compras online, tanto para retalhistas como para clientes. Uma marca desportiva líder converteu algumas das suas lojas em centros de processamento de encomendas online. A restauração (Food and beverage) percebeu a mudança no comportamento do consumidor e lançou canais online D2C durante este período. E a desintermediação aumentou, com as empresas de CPG a recorrerem mais a plataformas de ecommerce B2B para os seus representantes de vendas, especialmente durante a pandemia.

As empresas quando compram procuram experiências simples, flexíveis e on demand – um processo que funciona melhor, pela conveniência. Em 2015, a Forrester descobriu que quase 75% dos compradores B2B referiam que comprar num website era mais conveniente e eficiente do que comprar a um representante de vendas.1 Parece altamente provável que, se a mesma pesquisa fosse realizada em 2021, a percentagem seria ainda mais elevada. No futuro, espera-se que a adopção digital cresça ainda mais e se torne num fator-chave para o crescimento de muitas empresas de consumo.

2. Experiência digitais em loja

Com a simpatia pelas compras online a crescer, as empresas de CPG têm de reinventar a experiência em loja, para reduzir falhas e garantir que os clientes identificam valor no regresso às lojas. O envolvimento com o digital acelerou tremendamente e as empresas líderes inovaram rapidamente para substituir as experiências físicas tradicionais. À medida que a economia começou a abrir, as lojas físicas registaram um ligeiro aumento no movimento de consumidores. Isto indica que os pontos de venda físicos terão de testar modificações nos seus layouts, para evitar situações de grande afluência de clientes e permitir soluções de compras sem contacto, para atender a preocupações de saúde.

As principais cadeias retalhistas têm testado o controlo de afluência às lojas recorrendo a técnicas avançadas de gestão de filas de espera, percursos de compras de sentido único e opções de compra sem filas para produtos populares. Soluções fáceis de usar (do tipo scan-and-go, click-and-collect ou drive-through checkouts) e quiosques de compra/experimentação têm também sido formatos utilizados para reduzir pontos de contacto físico entre clientes. As marcas de calçado desportivo (A&F) assistiram ao encerramento de lojas, mas também beneficiaram dos investimentos contínuos em tecnologia. Algumas empresas nesta área intensificaram conteúdos de marketing e ajustaram os preços de subscrição para programas de fitness digital. É provável que as lojas se tornem mais conceptuais e experimentais, com a maior adesão e envolvimento dos clientes com programas de treino digitais.

Há também uma preferência crescente por assistentes de loja virtuais (IA), para complementar a experiência do cliente com informações e recomendações de produtos. A inteligência artificial também pode responder a perguntas, bem como aceitar encomendas de produtos personalizados, com cor, acabamentos, tamanho ou acessórios diferentes. Este é o momento para as empresas de consumo investirem nos dados, tecnologia e sistemas necessários para proporcionar experiências excepcionais ao consumidor. As organizações que conseguirem compreender melhor os clientes e adaptar-se mais rapidamente são provavelmente os próximos líderes na experiência do cliente.

As empresas de consumo devem investir nos dados, tecnologia e sistemas necessários para conseguirem proporcionar experiências excepcionais de consumo, que lhes vão dar uma vantagem competitiva e posicioná-las como os próximos líderes em termos de experiência do cliente.

3. Planeamento dinâmico e ágil da cadeia de abastecimento

Durante o confinamento, a gestão do inventário tornou-se um problema, à medida que as pessoas começaram a armazenar e a produção parou temporariamente. Um pico nas vendas online, padrões de consumo abruptos, ruptura de artigos e um futuro imprevisível fizeram as organizações perceber que o que funcionou até agora, não funcionará no futuro. Como podem as empresas prever a procura com rigor e captar o impacto de eventos como uma pandemia? Uma forma eficaz seria uma maior colaboração entre retalhistas e fabricantes na análise da procura, especialmente em situações anómalas. Além disso, a automação das operações de venda e a criação de um ambiente digital para a fazer a gestão de toda a cadeia de abastecimento tornaram-se fundamentais para ganhar resiliência.

4. Inovação na ligação ao cliente

Enquanto as pessoas continuarem socialmente distantes, trazer experiências offline para o online vai garantir que continuam a ligar-se às marcas com as quais se identificam. Embora o marketing digital tenha sido um dos focos das empresas de CPG, é necessária uma aposta maior no aproveitamento de uma nova geração de canais de comunicação, para aprofundar a ligação aos consumidores. Algumas plataformas de social media já estão a permitir às empresas de CPG ganhar maior tração personalizando a comunicação, face aos canais de marketing tradicionais.

Além disso, o marketing de influência, os canais do YouTube, blogs, etc., estão todos a ser utilizados para criar entusiasmo em torno de marcas, de novos lançamentos, etc., e para conduzir os utilizadores finais para a compra. As empresas estão constantemente a inovar, para encontrar novas formas de se ligarem aos consumidores. A adopção de tecnologias, como a Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (VR) vão mudar completamente a forma como as marcas comunicam, lançam novos produtos e se envolvem com os consumidores e vão fazê-lo sem comprometer a segurança dos consumidores.

Enquanto o distanciamento social continua a ser a norma, trazer experiências offline para o online vai garantir o envolvimento contínuo dos clientes com as marcas. O passo seguinte, contudo, deve agora passar por um maior enfoque em aproveitar uma nova geração de canais de comunicação, para poder aprofundar o envolvimento com o consumidor. 

Para permanecerem relevantes e se adaptarem às mudanças de comportamento dos consumidores, as empresas de CPG devem adotar modelos operacionais ágeis para liderar neste ambiente dinâmico. O digital está a tornar-se uma parte integrante da jornada de compra do cliente. As organizações precisam de analisar os dados de consumo dos consumidores nos canais digitais existentes, modificar gamas, construir uma rede robusta, simplificar e otimizar UI/UX, para permitir uma melhor experiência de compra ao cliente. As lojas físicas devem permitir compras sem sobressaltos, devem redesenhar o layout das lojas, simplificar operações e reavaliar as suas redes de lojas, para aumentar a confiança dos consumidores nos canais físicos. Isto deve ser apoiado por modelos de entrega flexíveis e redes de abastecimento robustas (lojas e armazéns funcionais).

Uma experiência personalizada de qualidade pode ser proporcionada numa jornada de compra sem descontinuidades para o consumidor, com uma estreita colaboração entre canais físicos e digitais e inovadora na capacidade de criar recursos omnichannel. A longo prazo, alcançar estes objectivos vai preparar as empresas para o futuro e ajudá-las a manterem-se competitivas.

Resumo

A pandemia da COVID-19 criou o que muitos esperam vir a tornar-se tendências irreversíveis no comportamento dos clientes. Mas há uma vantagem competitiva ao alcance das empresas de CPG que abraçam esta nova realidade e adoptam tendências emergentes, como o planeamento ágil da cadeia de abastecimento ou experimentar formas inovadoras de se ligarem aos clientes.

Sobre este artigo