Angola pode vir a ser a pérola de África no imobiliário e no turismo. Para isso, é necessário ter vontade, organização e capital.
Este artigo terá a sua repercussão dentro de 20 anos. É por isto que o segredo do imobiliário consiste no planeamento e na aposta num futuro longínquo e cheio de incertezas.
Se em 2015 nos dissessem que o valor das rendas em Luanda iria baixar 75% ninguém iria acreditar. Mas tanto é verdade o que aconteceu, como hoje, com a retoma das empresas petrolíferas, já não existem apartamentos disponíveis em Talatona para arrendamento. Assistimos a um mercado extramente dinâmico e que deve aproveitar este dinamismo para criar um ordenamento com maior sustentabilidade e buscar ‘segmentos’ não dependentes apenas da indústria do Petróleo.
O potencial existe, apenas ainda não foi explorado de forma organizada. Aproveitar esta crise é fundamental para todos os stakeholders do sector, começando pelo Estado, os Municípios, os Promotores e os Investidores.
O que deve mudar:
Ordenamento do Território – Criar Unidades de Desenvolvimento Urbano (UDU) com a integração do Estado, Municípios, Sistema Financeiro e Promotores irá permitir uma estratégia concertada focada em melhorar as acessibilidades, a arquitetura e a qualidade dos empreendimentos imobiliários.
Sustentabilidade – O tempo de mudar é hoje, evitar os erros de outros países deve ser um objetivo e pensar na sustentabilidade do País através do imobiliário e do turismo deve ser uma missão.
Promoção e Qualidade – Parar o licenciamento de novos projectos imobiliários, obrigar a que se demonstre a verdadeira viabilidade dos projectos e dar preferência pela reabilitação de edifícios devolutos ou a reconversão de projectos abandonados é imperativo. Não deveria ser permitido erguer novas estruturas de betão quando existem dezenas que se encontram inacabadas.
Moving to Angola
Ter em mente que o mundo está a mudar e a flexibilidade do trabalho a partir de casa (os denominados nómadas digitais) vai incentivar o ‘experienciar’ novas culturas, novas formas de viver e conhecer o mundo. Estima-se que o flexi working venha a contribuir para um novo mercado de turismo baseado em estadias de médio e longo prazo (entre 6 e 12 meses). Estamos preparados para os acolher?
Artigo escrito por João Moura, Associate Partner EY, Head of Real Estate, Hospitality, Construction & Infrastructure e Jorge Moreira, Manager EY, Strategy and Transactions