As histórias têm poder, fazem parte do nosso ADN e podem sim, impactar organizações inteiras.
Nos últimos anos, muito se tem falado de storytelling e de como esta ferramenta pode ser aplicada em diversas componentes do negócio.
A arte de contar histórias, ou storytelling, é a capacidade de envolver e conquistar as Pessoas através da narração de acontecimentos. O storytelling é constituído por dois elementos fundamentais: dados concretos sobre determinado tema, que por si só, normalmente não são um elemento capaz de conquistar a atenção das Pessoas, e, talvez o mais importante, a emoção. É a emoção estimula um maior envolvimento dos ouvintes na narrativa. Quando aplicado no contexto corporativo, o storytelling é uma técnica que permite partilhar informações ou mesmo até decisões importantes e estratégicas, de uma maneira mais descontraída e interactiva.
É inegável que os resultados que esta técnica tem demonstrado nas organizações nos últimos anos são muito positivos. Mas de que forma podemos integrar histórias - boas histórias – nos processos e políticas de Gestão de Pessoas?
- Cultura Organizacional – normalmente as empresas têm materiais que contam toda a sua história, desde a fundação até a actualidade. Mas a verdade é que muitos colaboradores não lêem tal informação. Para reforçar a cultura organizacional, o storytelling, pode ser utilizado para apresentar a história da empresa de uma forma envolvente, apresentando os principais milestones e conquistas, mas também destacando de colaboradores-chave que contribuíram para o desenvolvimento da empresa, apresentando o seu percurso profissional dentro da organização, com alguns episódios de relevantes. Por meio desta narrativa, as empresas estarão a reforçar o elo com os seus trabalhadores e destes com a missão, os valores e comportamentos que desejam fomentar.
- Recrutamento – com a automação de vários processos de recursos humanos, e sendo que a recrutamento já é uma realidade em diversas empresas, o storytelling surge como uma ferramenta poderosa para ajudar o recrutador a identificar competências-chaves nos candidatos, como por exemplo: empatia, flexibilidade, resolução de conflitos e lições aprendidas.
- Onboarding – durante o processo de onboarding o storytelling pode ser usado na apresentação da empresa, partilhando o trabalho que a empresa desenvolve, bem como os seus impactos e resultados. Esta medida pode servir para encantar e inspirar os novos colaboradores, aumentando os níveis de motivação, facilitando a integração e alinhamento com a cultura organizacional.
- Formação - o tempo em que as acções de formação se resumiam apenas a power points sem vida e uma sala onde só se ouve uma única voz já passou. O storytelling tem demonstrado ser uma ferramenta poderosa que tem servido para aumentar os níveis de interação e absorção de conhecimento durante as ações de formação. Quando uma história é contada, os formandos visualizam melhor o tema que está a ser abordado, ajudando na memorização e consequentemente conseguem facilmente por em prática o conhecimento transmitido.
- Comunicação Interna – a comunicação interna das empresas não precisa de ser monótona. Ao aplicar técnicas de storytelling ao comunicar internamente, a empresa pode recorrer a narrativas que estejam relacionadas com o dia a dia dos colaboradores – destacando as suas expectativas e principais necessidades – o que resultará num maior engagement por parte dos colaboradores.
- Liderança – com a automação de muitas profissões na maioria dos sectores de atividade, é cada vez mais importante que as Pessoas tenham consciência que são responsáveis pelas suas carreiras e que se devem comportar como líderes no sentido em que uma narrativa bem construída pode efetivamente alterar decisões e influenciar Pessoas – em todos os níveis da organização - a adoptar posicionamentos diferentes.
Artigo escrito por Helga Piçarra, Consultora Senior EY, People Advisory Services