Luanda, 21 de Abril de 2022. As perturbações pós-pandemia COVID-19 continuam a desafiar as empresas, passados dois anos. As alterações a que todos fomos forçados aumentaram a pressão comercial e a sobrevivência das empresas, o que por si só, criou oportunidades para o aumento de comportamentos antiéticos, incluindo fraude e corrupção. Adicionalmente, o aumento do trabalho remoto também intensificou os riscos e os controlos para responder à nova realidade.
O Relatório de Integridade Global 2022 da EY, revela que 47% dos inquiridos nas organizações africanas considera que a pandemia tornou mais difícil conduzir os seus negócios com integridade, mas também que há mais empresas a valorizar a sua reputação, a integridade corporativa e a retenção de colaboradores.
O desafio, é desconstruir o fosso crescente entre o que os líderes seniores das organizações dizem ser importante e o que eles estão preparados para fazer em benefício próprio, uma espécie de "faz o que digo, mas não o que faço".
A amostra contou com 195 entrevistados entre Junho e Setembro, profissionais de diferentes posições hierárquicas dos mais variados sectores.
Os resultados mostram condutas menos próprias, mas também um aumento da consciência sobre ética e valores - 97% dos inquiridos acha importante demonstrar que a sua organização opera com integridade e 72% considera importante um código de conduta sobre como os funcionários se devem comportar nos negócios.
53% acredita que a declaração sobre valores e visão da organização, pode inspirar a conduta das pessoas e 59% acha que os padrões de integridade melhoraram na sua organização nos últimos dezoito meses. Contudo, 35% acredita que o comportamento antiético é frequentemente tolerado quando as pessoas envolvidas ocupam altos cargos.
Ainda, 61% dos funcionários das organizações africanas acredita poder relatar irregularidades no trabalho, sem medo de consequências negativas, mas 49% diz que não o faz por achar que as suas preocupações não seriam atendidas e 47% afirma que ao denunciar situações de má conduta foi pressionado para não o fazer formalmente.
O estudo salienta que 49% dos entrevistados relata que nos últimos dezoito meses ouviu a administração da sua organização falar sobre a importância de se comportar com integridade, e 85% afirma que a sua organização tomou medidas contra funcionários por violar normas ou regulamentos de integridade. Revela ainda que 57% concorda com a necessidade de haver formação regular sobre requisitos legais e 72% acredita na formação como forma de proteger contra violações de segurança de dados; 46% avalia positivamente a formação sobre regulamentos de privacidade de dados, como GDPR mas apenas 25% está informado sobre procedimentos para trabalhar remotamente.
Apesar da consciência sobre a necessidade de alterar comportamentos, ao comparar os resultados deste relatório com o estudo de 2020, conclui-se que existe uma tendência para actuar à margem da integridade corporativa com o objectivo de obter proveitos próprios - 9% da amostra admite ser capaz de ignorar condutas antiéticas na sua equipa e 8% diz-se capaz de aceitar ou oferecer subornos e acções que garantam melhorias de progressão na carreira ou pacotes de remuneração mais atractivos.
O relatório deste ano expõe o perigo de ignorar a criação de uma cultura que apoie a tomada de decisões éticas. Não é suficiente pretender preocupar-se com a integridade corporativa: é necessário agir. A integridade corporativa gera confiança, guia organizações para gerir dados correctamente e protege contra a tentação de perseguir ganhos a curto prazo.
Estes são alguns dos desafios que as equipas de compliance enfrentam em todo o mundo e, em concreto, no continente africano.