6 minutos de leitura 4 set 2023

Podem as empresas de Petróleo liderar o caminho para a descarbonização?

por EY Angola

Firma de serviços profissionais multidisciplinares

6 minutos de leitura 4 set 2023
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O debate sobre o fim do petróleo foi substituído pelo reconhecimento da importância actual do sector, e do papel que desempenhará à medida que o mercado da energia se transforma.

Assistimos a uma mudança notável nas perspectivas em relação ao O&G. A conversa sobre o fim do petróleo foi substituída pelo reconhecimento da importância actual do sector, e do papel que desempenhará à medida que o mercado da energia se transforma. O O&G é responsável pela satisfação de 55% das necessidades globais de energia e há sectores inteiros que continuam dele dependentes, sem substitutos viáveis a curto prazo.
Apesar disto, vemos um reconhecimento crescente de que os ingredientes necessários para garantir uma transição energética bem-sucedida - capital abundante, conhecimentos técnicos e experiência em operações e mercados complexos - são abundantes nas empresas do sector.

Força de capital
Serão necessários até 5,8 biliões usd (Tusd) por ano até 2050. A profunda experiência do sector do O&G na angariação de capital, mesmo nos mercados mais competitivos, bem como a sua capacidade de manter balanços robustos e retornos consistentes, significa que está bem equipado para financiar novos negócios inovadores no domínio da energia.

Excelência da cadeia de abastecimento
O sector do O&G movimenta anualmente 4 biliões usd (Tusd) anualmente através das suas cadeias de abastecimento (4% do PIB mundial). A concretização de projectos de energias renováveis cada vez maiores exigirá a orquestração de ecossistemas complexos de fornecedores, parceiros e activos. A profunda experiência das empresas de O&G na gestão de cadeias de abastecimento globais complicadas, na optimização de activos e no domínio da logística de entregas será especialmente valiosa num mercado de energias renováveis mais complexo e interligado.

Optimização dos custos através da tecnologia
As empresas do sector do O&G têm um historial de utilização da tecnologia para reduzir os custos à escala. As tecnologias digitais melhoraram a produtividade do O&G não convencionais de forma exponencial na última década. Esta capacidade de aplicar continuamente a inovação digital pode ajudar a aliviar as pressões sobre a rentabilidade, que provavelmente se intensificarão à medida que aumenta a concorrência entre energia fóssil e verde.

Gestão dos riscos
A aplicação do montante de capital necessário para fazer a diferença no planeta está repleta de possibilidades de derrapagens de custos e atrasos. As empresas de O&G são altamente competentes na identificação e mitigação dos riscos inerentes a grandes projectos, bem como dos riscos decorrentes da operação em várias jurisdições e num mercado altamente volátil.

Esta combinação de capital e outras competências cria uma resiliência que definirá os vencedores num futuro energético mais incerto. As empresas resilientes não se limitam a enfrentar condições difíceis - continuam a inovar apesar delas. As empresas do sector do O&G há muito que aperfeiçoaram a capacidade de se adaptarem e flexibilizarem rapidamente à medida que os mercados flutuam

Diferentes visões: Como as empresas de O&G podem evoluir

As tradicionais integrated oil Companies (IOC) prevêem uma transição gradual ao ritmo da rapidez com que as infra-estruturas de distribuição e consumo podem ser substituídas. Estas empresas estarão concentradas na descarbonização das operações e no desenvolvimento de alternativas de baixo carbono com uma logística semelhante. É provável que mantenham o rumo, continuando a centrar-se no O&G e tendo sucesso através da obtenção do modelo operacional mais eficiente com a menor pegada de carbono.

As empresas privadas e independentes do sector prevêem o rápido fim da era dos hidrocarbonetos, uma reengenharia completa do cenário energético e o aparecimento de tecnologias que pouco se assemelham ao actual cabaz energético.

As empresas públicas dos países produtores de O&G, que produzem grande parte do petróleo mundial, assim como a estratégia dos próprios governos, entre os quais Angola, estarão concentradas em maximizar o valor dos recursos que lhes foram confiados, bem como em maximizar as receitas que podem proporcionar para financiar uma vasta gama de programas governamentais. Os investimentos de transição centrar-se-ão na criação de emprego e na preservação dos fluxos de receitas. Continuarão a produzir petróleo suficiente para cumprir os objectivos de receitas e emprego do Estado, mas começarão a reequilibrar as carteiras no sentido de uma energia com baixo teor de carbono.

No entanto, para a maioria das organizações, ainda é necessário colmatar lacunas críticas em termos de competências, tecnologia e talento, algumas das quais são um legado do sub-investimento da última década no sector. Estas lacunas são ainda mais visíveis nas empresas de origem Nacional em Angola.

É assim essencial que as empresas do sector do O&G se foquem nas seguintes prioridades:

Criação de capacidades digitais de carbono
A capacidade de recolher, processar e comunicar dados sobre emissões de carbono será o factor mais importante para o sucesso num mundo descarbonizado. A redução das emissões operacionais é o primeiro passo, e vemos vários exemplos de redução de emissões através de intervenções directas nas cabeças do poço e nas refinarias.

Digitalização das operações
As tecnologias digitais oferecem potencial para grandes melhorias de produtividade através da aceleração dos processos, da redução do tempo de inactividade, da redução da utilização de materiais e da eliminação de erros. As empresas de O&G mais competitivas e bem-sucedidas serão aquelas que acelerarem a tendência de digitalização para transformar as operações desde o poço até ao back office.

Criar empresas inteligentes
As empresas de O&G estão repletas de dados que descrevem o modo como as várias partes da empresa estão a funcionar, mas na maioria das organizações, estes dados estão isolados em toda a empresa, o que torna útil a optimização de departamentos individuais, mas quase impossível obter uma imagem única e compreensível do negócio. A adopção de sistemas e competências para criar uma empresa mais conectada, ágil e inteligente pode desbloquear o verdadeiro valor dos dados para orientar melhores decisões sobre a atribuição de capital, recrutamento e incentivo.

Transformar o back office
À medida que as empresas se remodelam para um futuro diferente, concentrar o talento e os recursos na melhoria das competências essenciais pode ajudar a orientar uma transformação bem-sucedida. As funções não essenciais, como a fiscalidade e as finanças, a cibersegurança, os recursos humanos e o compliance, embora críticas, não melhoram directamente a produção de recursos, contudo vemos mais empresas líderes do sector a avançar para uma experiência de back-office da próxima geração, focando na excelência e robustez do controlo interno combinando as melhores práticas, os melhores talentos e a tecnologia de ponta para transformar verdadeiramente o back-office, permitindo que os líderes se concentrem no negócio principal.

O sector do O&G encontra-se numa encruzilhada. Por um lado, os conflitos e a volatilidade, melhoraram drasticamente as perspectivas a curto prazo para os operadores históricos, e os preços e os rendimentos continuam elevados para as empresas tradicionais, por outro em países como Angola, a queda da produção da última década tem pressionado de forma drástica as contas públicas. É assim imperativo planear um novo futuro, capitalizando os pontos fortes tradicionais das empresas de O&G para liderar a corrida à descarbonização

Resumo

O O&G é responsável pela satisfação de 55% das necessidades globais de energia e há sectores inteiros que continuam dele dependentes. O futuro do O&G cria opiniões dispersas onde as tradicionais integrated oil Companies prevêem uma transição gradual ao ritmo da rapidez com que as infra-estruturas de distribuição e consumo podem ser substituídas, enquanto que, as empresas privadas e independentes do sector prevêem o rápido fim da era dos hidrocarbonetos, uma reengenharia completa do cenário energético e o aparecimento de tecnologias que pouco se assemelham ao actual cabaz energético.

 

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por EY Angola

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