Os resultados do CFO Survey lançado pela EY, em 2023, para Banca e Seguros em Angola reflectem que, apesar de preocupações comuns, os 2 sectores apostam num caminho diferenciado face às especificidades que decorrem das exigências do seu regulador, clientes e colaboradores.
Oparadigma das instituições financeiras em Angola tem sofrido alterações significativas, impactando, entre outros, a agenda do Chief Financial Officer.
Neste contexto, a EY lançou um questionário direccionado aos líderes da Função Financeira da 33 instituições mais relevantes dos sectores Bancário e Segurador com o objectivo de: (i) reflectir sobre as actuais principais preocupações dos CFOs; (ii) recolher as respectivas visões sobre os desafios actuais e futuros da Função Financeira, nomeadamente no que respeita à sua estratégia, capacidade tecnológica e competências das suas equipas; e (iii) proporcionar perspectivas aos CFOs sobre o panorama dos sectores Bancário e Segurador.
Das 25 respostas obtidas, destaca-se que 84% dos participantes pertencem aos órgãos de administração das Instituições.
Os resultados do CFO Survey foram divulgados no dia 9 de Novembro, numa sessão que contou com a participação dos vários líderes da Função Financeira das Instituições Bancárias e Seguradoras Angolanas.
O estudo revelou que mais de 80% dos participantes demonstram preocupação com o aumento de complexidade regulatória e do escrutínio pelo supervisor. A este respeito, é importante referir que a evolução do papel do regulador e do supervisor tem sido notória e assenta na sua missão de contribuir para a estabilidade do Sistema Financeiro Angolano, mitigando, entre outros, os riscos inerentes à volatilidade dos mercados financeiros. Considerando que a Função Financeira é um dos principais interlocutores nas interações e reportes ao regulador/supervisor, é fundamental encontrar mecanismos de resposta que lhe permita uma adaptação rápida e eficiente às mudanças regulatórias.
Por outro lado, e no que respeita às matérias que exigirão maior envolvimento do CFO nos próximos anos, mais de ¾ dos CFOs responderam a revisão do modelo de negócio e a diversificação das fontes de receita. Com base na evolução da estrutura do activo dos Bancos nos últimos 3 anos (2020 a 2022), observamos que o peso dos títulos e das aplicações em Bancos centrais reduziu aproximadamente 6%, compensada pelo aumento do crédito a clientes (3%) e de caixa e disponibilidades (4%), de onde se pode concluir que o caminho da revisão do modelo de negócio está em curso e que existe liquidez para continuar a trilhá-lo, sendo a Função Financeira um dos responsáveis-chave na aceleração desse caminho.
Ainda em relação ao caminho da revisão do modelo de negócio, existe 1 aspecto que, face à menor preocupação evidenciada pelos CFOs, deve ser alvo de reflexão: os factores ESG (Ambiental, Social e Governança). Estes factores podem funcionar como alicerces na diferenciação das instituições financeiras Angolanas e podem também representar uma oportunidade para captação de investimento directo estrangeiro, num momento em que o incentivo das instituições internacionais no investimento em activos verdes (e não só) é cada vez maior.
Focando nas perspectivas de investimento nos próximos anos, os CFOs dos Bancos apontam à (1) implementação de aceleradores tecnológicos com vista ao incremento da eficiência e da robustez dos seus processos, (2) fiabilidade dos dados e (3) revisão da estrutura, cultura e competências das suas equipas. A negligência destes últimos 2 aspectos condicionará, com certeza, o sucesso das tecnologias a implementar. Do lado das Seguradoras, o estágio de desenvolvimento da regulamentação e das regras contabilísticas leva a que os CFOs percepcionem que, além da tecnologia, o maior investimento será canalizado para a adaptação às normas contabilísticas e aos novos reportes a que estas instituições estarão expostas.
Combinando a percepção dos riscos tecnológico/cibersegurança como principal ameaça ao desempenho financeiro das instituições, a avaliação do conhecimento da equipa em compliance, riscos e tecnologias como maioritariamente insuficiente, e as vulnerabilidades reconhecidas pelos CFOs em relação às ferramentas de suporte à função financeira, o investimento nestas matérias reveste-se de especial importância. O desenvolvimento da figura do citizen developer (cidadão desenvolvedor) no seio da Função Financeira pode ser uma ideia para incrementar o conhecimento nas matérias tecnológicas e promover o desenvolvimento de soluções que, devidamente enquadradas na arquitectura da Instituição, podem tornar o investimento nos aceleradores tecnológicos mais eficiente.
De uma perspectiva sectorial, observámos que os CFOs partilham as mesmas preocupações ainda que a regulamentação surja na 1ª prioridade dos Bancos, e em 3ª lugar nas preocupações das Seguradoras, o que, face à diferente dimensão e história dos 2 sectores, é bastante compreensível.
As idiossincrasias de cada um dos sectores ficam mais evidentes nas perspectivas de investimento, em que, do lado dos Bancos, os aceleradores tecnológicos, a qualidade dos dados e as suas equipas representam as 3 prioridades mais relevantes. Do lado das Seguradoras, o estágio de desenvolvimento da regulamentação e das regras contabilísticas leva a que estas, percepcionem maior investimento na adaptação às normas contabilísticas e a novos reportes a que estão expostas.
Em suma e apesar de preocupações comuns, os CFOs dos sectores Bancário e Segurador apostam num caminho diferenciado face às especificidades que decorrem das exigências do seu regulador, clientes e colaboradores.
Para consultar o relatório na integra aceda a:
CFO Survey