Fonte: Sustainable Development Report 2022, Cambridge University. S/d – sem dados; n.i – não identificado.
Nunca os governos africanos se mobilizaram tanto para incorporar os ODS e a Agenda 2063 - Agenda dedicada ao desenvolvimento de África, em complemento aos ODS - nas suas estratégias nacionais e planos de desenvolvimento, como agora. Destacam-se alguns exemplos da África Lusófona:
Angola
O Governo de Angola possui um Plano de Desenvolvimento Nacional para 2018-2022, o segundo desta natureza, em linha com os ODS e a Agenda 2063, entre outras políticas. O Plano é dividido em 6 eixos estratégicos: desenvolvimento humano, económico, infra-estruturas, do território, consolidação da paz e garantia da estabilidade territorial. Seguir-se-á o plano de desenvolvimento para o período de 2023-2027.
Já na agenda do Banco Nacional de Angola (BNA), está o desenvolvimento de regulamentação que prevê que as instituições passem a incorporar na sua estratégia e gestão de riscos a componente ESG, incluindo a alocação de capital para cobertura destes riscos e a divulgação de informação ao mercado sobre a exposição aos mesmos. O BNA reconhece o papel preponderante do sector na mobilização de investimento para actividades que promovem o desenvolvimento sustentável, assim como a sua responsabilidade de o orientar.
Cabo Verde
Cabo Verde está a posicionar-se para ser o Blue Finance Hub de África, com a ambição de ser uma referência para a emissão de títulos azuis, sociais e verdes. O Executivo encontrou uma nova forma de mobilizar fundos para investimentos de impacto alinhada com os ODS – a plataforma Blu-X – em cooperação com a Bolsa de Valores de Cabo Verde, a ONU e outras entidades públicas e privadas. Em 2021, foi lançada a primeira obrigação social a favor de municípios, ultrapassando o montante inicialmente previsto. Cabo Verde está já a planear emitir um novo vínculo agrupado para empresas privadas que realizam obras públicas com um propósito de desenvolvimento social.
Em nota conclusiva, começamos a assistir a uma maior mobilização dos governos para integrar os ODS nas suas agendas. Permanece, no entanto, o desafio da captação e direccionamento de investimento para o desenvolvimento sustentável de África. É uma excelente oportunidade para pôr em prática o ODS 17 – Parceria e Meios de Implementação – e chamar supervisores, instituições financeiras e organizações a contribuir. Para a África que queremos.
Artigo escrito por Inês Vieira, Manager EY, Consulting Financial Services