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Moldar o futuro de Angola com confiança

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Vivemos momentos de incerteza geopolítica e económica, mas Angola apresenta oportunidades de crescimento em sectores como a agricultura, mineração, turismo e energias renováveis, necessitando de estratégias para atrair investimento e melhorar o ambiente de negócios.


Olhamos para o passado recente e para o presente na expectativa de encontrarmos respostas para o futuro. No entanto, perspectivar o futuro nunca foi tão desafiante e enigmático como é actualmente. Vivemos momentos de incerteza, marcados por diferentes tensões geopolíticas, um pouco por todo o mundo.

Os últimos anos demonstraram a fragilidade da estabilidade geopolítica e económica a nível mundial, muito por força da pandemia, da consolidação do potencial da Inteligência Artificial, da emergência de conflitos bélicos de maior expressão e das pressões demográficas. Estamos perante um redesenhar do paradigma mundial, em que a incerteza permanece parte da equação.

Segundo o relatório “2025 Geostrategic Outlook”, lançado recentemente pela EY em conjunto com a Universidade de Oxford, este ano será marcado por três temas âncora: o regresso à iniciativa política, a intensificação da concorrência económica e o agravar das rivalidades geopolíticas.

No que respeita à política, 2024 foi um ano em que cerca de 54% da população de todo o mundo — que representa cerca de 60% do PIB mundial — foi às urnas para eleger novos governos, o que faz perspectivar uma redefinição significativa de legislação relevante a nível mundial, abrindo mais portas à iniciativa política.

No que concerne à intensificação da concorrência económica, apesar da existência de algumas iniciativas de maior colaboração, espera-se um agravar da competição entre blocos económicos, com consequentes políticas proteccionistas, existindo um cada vez maior foco na redução de dependências das cadeias de fornecimento de blocos económicos distintos.

Por fim, é esperado também um agravamento de rivalidades geopolíticas, intensificando-se uma lógica de multipolaridade, pautada por forte concorrência económica e conflitos bélicos em zonas de natureza estratégica, como por exemplo Ucrânia e Médio Oriente, exacerbando as divergências de interesse entre os Estados Unidos da América e rivais económicos.

Se olharmos para o continente africano, os diferentes conflitos a que assistimos criam igualmente uma instabilidade regional, afectando o comércio e os investimentos, além de que a incerteza política pode aumentar os custos de importação e dificultar a atracção de investimentos estrangeiros.

Hoje, Angola exporta cerca de 500 milhões de dólares para a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o que faz do mercado regional vizinho, naturalmente, um mercado apetecível que pode e deve ser uma alternativa às empresas angolanas. Tanto a República Democrática do Congo (RDC), como a Zâmbia, com as suas riquezas naturais, são críticos para o desenvolvimento do Corredor do Lobito, sendo por isso crucial que Angola continue a fortalecer as suas relações diplomáticas e a procurar estabilidade regional, mitigando os impactos provocados pelos conflitos e criando um mercado mais alargado, que atraia investimento e faça crescer as suas exportações.

Apesar dos desafios que se impõem, as projecções para a economia economia em 2025 são relativamente positivas, ainda que as expectativas do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) variem: se o Governo angolano projecta um crescimento de 4,1%, o Fundo Monetário Internacional (FMI) indica um crescimento inferior, na ordem dos 2,8%.

As taxas de crescimento estimadas, apesar de positivas, não superam ainda a taxa de crescimento da população, o que mantém uma grande pressão sobre o orçamento e o contexto social do país. A inflação, que atingiu valores elevados em 2024 (cerca de 28%), deverá estar mais controlada, variando entre os 16% e os 19%. Apesar de se tratar de um valor alto para uma economia saudável, contribuirá para um ambiente mais estável para os negócios e consumidores, ainda que a desvalorização cambial do kwanza face ao dólar mantenha uma pressão inflacionista.

Apesar de toda a incerteza mundial, regional e nacional, podemos identificar várias oportunidades de crescimento para Angola, designadamente: no sector agrícola, em virtude das vantagens do clima favorável, da abundância de água e dos bons solos; no sector da mineração, em que, além de ser forte nos diamantes, Angola é rica em ouro, ferro ou rochas ornamentais, apresentando potencial para ser um dos maiores produtores de minerais de terras raras e seus derivados; no sector do turismo, que, com investimentos adequados, pode crescer significativamente, gerando mais emprego; e no sector das energias renováveis, em que o país se destaca pelo seu potencial hidráulico e solar.

Mas para ser possível agarrar estas oportunidades de crescimento, é fundamental que as empresas angolanas adoptem estratégias que fortaleçam a sua resiliência, quer seja através do investimento em inovação e tecnologia, da diversificação do portfólio de produtos e serviços, da internacionalização, da capacitação da força de trabalho ou da aposta na eficiência operacional, sobretudo através da adopção de Inteligência Artificial e captação de novo talento. Nesta equação é ainda fundamental o estabelecimento de parcerias estratégicas, que abram novas oportunidades e fortaleçam a posição das empresas no mercado.

Neste caminho não podemos esquecer também a relevância da captação de investimento privado e estrangeiro. Não há dúvidas que o país apresenta todas as condições para ser atractivo a investidores privados e estrangeiros, no entanto, temos ainda vários desafios a superar, sendo crucial melhorarmos o ambiente de negócios, reduzirmos a burocracia e investirmos em infra-estruturas, para tornar o país mais competitivo.

A realidade actual revela que, no processo de diversificação económica em curso, os valores de investimento estrangeiro ainda estão longe do necessário para ter o impacto desejável no crescimento da economia, na criação de riqueza, no aumento do emprego e na melhoria de vida da população. Não obstante, na EY verificamos que o interesse em ouvir o que o país tem para dar, e as condições que oferece, tem vindo a aumentar, o que perspectiva um futuro diferente.


Resumo


A pandemia, a ascensão da Inteligência Artificial, conflitos bélicos e pressões demográficas estão a redesenhar o paradigma mundial. O relatório "2025 Geostrategic Outlook" da EY e da Universidade de Oxford prevê um aumento da iniciativa política, concorrência económica e rivalidades geopolíticas. Apesar das dificuldades, Angola apresenta oportunidades de crescimento em sectores como a agricultura, a mineração, o turismo e as energias renováveis, necessitando de estratégias que fortaleçam a resiliência das empresas e atraiam investimento.

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