A tendência crescente de investimento tecnológico em Recursos Humanos acentuou-se em 2023. Cabe agora aos líderes de RH transformar esse investimento numa experiência do colaborador moderna e digital.
Na discussão sobre a transformação digital das empresas, é habitual serem o foco da atenção as soluções de apoio ao negócio, customer-facing ou até as mais basilares, como aquelas que tratam a infraestrutura digital de uma organização. No entanto, é na área de Recursos Humanos que se tem assistido a um aumento notório na percentagem orçamentamental que é dedicada ao investimento digital.
Avança a Gartner, no seu mais recente estudo daquelas que são as tendências tecnológicas em RH para 2024 – “2024 HR Technology Imperatives” –, que nos últimos três anos esta percentagem foi mesmo a que mais cresceu, de forma contínua e gradual, em mais de metade das organizações inquiridas.
O crescimento na diversidade de soluções tecnológicas empresariais disponíveis, aliado à proliferação de modelos de trabalho remotos e híbridos, encoraja as organizações a providenciar maior autonomia aos seus colaboradores. Ainda segundo a Gartner, a tecnologia é hoje a prioridade e o principal alvo de investimento para 89% dos líderes de RH, com um foco crescente na melhoria da experiência do colaborador, para que esta seja mais eficiente, personalizada e autónoma.
Uma experiência de onboarding totalmente digital
São vários os processos de RH com um potencial de transformação digital elevadíssimo, mas talvez nenhum tenha evoluído de forma mais radical do que o onboarding de novos talentos, onde são várias as ferramentas digitais que facilitam a experiência quer dos new joiners, quer das equipas que trabalham estes processos.
Na fase de recrutamento, a Inteligência Artificial tem já hoje um papel preponderante, por exemplo na recolha de candidaturas e triagem de currículos. No momento da entrada do colaborador na empresa, são de destacar as várias aplicações que hoje em dia substituem a infindável troca de e-mails entre candidato e departamento de RH.
A digitalização destes passos não só acelera a integração do colaborador, como também cria uma primeira impressão positiva.
Autonomia como ponto central na estratégia tecnológica de RH
As plataformas de self-service têm grande importância na promoção de um espírito autónomo juntos dos colaboradores, já que lhes conferem o poder de gerir os seus próprios processos e informações, seja solicitação de férias ou atualização de informações pessoais, por exemplo.
Outras aplicações de self-service, que juntam capacidades de chatbot e assistentes virtuais a portais do colaborador personalizados, contribuem para que o colaborador possa obter as informações que necessita de forma independente.
Gestão de desempenho constante e aprendizagem contínua
A adoção de modelos contínuos de gestão de desempenho tem sido uma tendência transversal a todo o mundo empresarial, e a tecnologia tem sido um alicerce chave para esta transição, através de plataformas digitais que permitem feedback em tempo real, assim como o estabelecimento de metas personalizadas e planos de desenvolvimento dinâmicos.
Este desenvolvimento contínuo é ainda acompanhado pela democratização de plataformas de aprendizagem online, onde os colaboradores podem aceder a cursos personalizados, webinars e materiais de formação a qualquer hora e a partir de qualquer dispositivo, incentivando o crescimento profissional.
Mesmo num paradigma onde o trabalho remoto ou híbrido tem ganho preponderância, as organizações estão a criar ambientes de trabalho mais eficientes, colaborativos e centrados nas pessoas ao integrar soluções digitais em todas as fases da jornada do colaborador. Adicionalmente, este impulso à autonomia de cada colaborador estimula os profissionais de RH, anteriormente centrados em tarefas administrativas, a desempenharem agora um papel central, sendo os principais impulsionadores da cultura organizacional, do desenvolvimento de talentos e da satisfação do colaborador.
Análises às tendências de mercado como as da Gartner comprovam que o futuro dos processos de RH é digital, e a experiência do colaborador está no epicentro dessa transformação.
artigo escrito por João Toipa, Senior Consultant EY, People Advisory Services