Lisboa, 16 de abril de 2025. A 9.ª Edição do Barómetro dos Internamentos Sociais (BIS) revela que, entre março de 2024 e março de 2025, o número de camas ocupadas no SNS devido a internamentos inapropriados continuou a aumentar, desta vez 8% para 2.342. Já o tempo médio destes internamentos diminuiu 10%, fixando-se numa média de 157 dias (cerca de cinco meses), mostra o estudo da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), realizado em parceria com a EY Portugal, e com o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS).
Os internamentos sociais representavam, em março deste ano, 11,7% do total de internamentos nos hospitais públicos, o denominado Índice de Inapropriação do Internamento, o que representa um aumento de 0,6 pontos percentuais (cerca de 8%), face aos dados do ano anterior, e reflete um custo anual para o Estado que pode ultrapassar os 288 milhões de euros, mais 28 milhões do que no barómetro anterior. Só em março de 2025, os custos ultrapassavam os 94 milhões de euros para o Estado, bem acima dos 68 milhões de março de 2024.
Considera-se internamento inapropriado todos os dias que um doente passa no hospital após alta clínica e quando não existe um motivo de saúde que justifique a sua permanência em ambiente hospitalar. Ao todo, em março, os hospitais portugueses tinham internadas 2.342 pessoas nesta situação, mais 8% (178 casos) do que em período homólogo de 2024.
Lisboa e Vale do Tejo e o Norte são as regiões com maior número de internamentos inapropriados, representando 80% do total destes internamentos e 95% do respetivo total de dias.
Os dados do 9.º BIS, que monitoriza e caracteriza os internamentos sociais, revelam ainda que houve um total de 367.498 dias de internamentos inapropriados. Apesar de o número ainda ser expressivo, representa uma redução de 3% face à edição do ano anterior. Reflete o efeito significativo deste fenómeno no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar e a elevada espera por respostas para admissão na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI).
Aliás, a falta de resposta da RNCCI continua a representar o principal motivo do número de internamentos sociais (38%, abaixo dos 44% da edição anterior). É a principal causa do número de internamentos inapropriados em quase todas as regiões, sendo que no Centro representa 76% dos internamentos, seguindo-se o Alentejo com 46% e Algarve com 41%. A falta de resposta por parte das ERPI (que representa 29% dos internamentos sociais em todo o país) tem maior impacto em Lisboa e Vale do Tejo, registando 32%.
Já a explicar a maior parte do número de dias de internamentos inapropriados está a falta de resposta da ERPI (44%, acima dos 31% no ano passado). Contudo, a demora de integração nas Estruturas de Saúde Mental para doentes crónicos ao abrigo da circular informativa n.º 10/2024/DPS/ACSS/N17/2015/ DPS/ACSS/ 27 de abril de 2015 tem também um impacto significativo (13%).