As mulheres portuguesas estão a tomar para si próprias, mais do que na generalidade dos países, o controlo do seu destino, a criação de valor na economia e, quem sabe, a aceleração do percurso até à paridade entre géneros.
De acordo com o Índice Mastercard de Mulheres Empreendedoras, 32% das empresas em Portugal são detidas por mulheres, o que coloca o nosso País na sexta posição, a nível global, quanto a este indicador.
A propósito do Dia da Mulher, e com base em dados do Eurostat reportados a 2021, observa-se que:
- A população portuguesa é maioritariamente feminina, com 112 mulheres para cada 100 homens (104,6 na média da União Europeia);
- As mulheres têm um nível de educação mais elevado, tendo 36,5% completado o ensino superior (homens: 25%);
- Há 8,2% de mulheres com empregos em part-time, quase o dobro dos 4,3% de homens na mesma situação;
- Quando não têm filhos, a percentagem de homens empregados está 4,3% acima do mesmo indicador para as mulheres, com o gap a subir para mais de 7% quando têm filhos;
- O salário horário médio das mulheres é 11,4% inferior ao dos homens.
A que acrescem os seguintes dados do INE sobre Portugal:
- São ocupados por mulheres apenas 31,5% dos cargos de administração nas empresas incluídas no PSI;
- As mulheres representam apenas 32,8% dos cargos de direção superior na Administração Pública.
Ou seja, embora sejam mais e tenham mais qualificações, as mulheres têm menos presença no mercado de trabalho, menos participação em cargos de liderança e uma remuneração horária média inferior à dos homens. Embora a maternidade possa estar associada a algumas assimetrias, está muito longe de justificar todas as diferenças e, acima de tudo, o grau de variação observado entre géneros.
O que nos leva de volta ao primeiro indicador, que parece mostrar que as mulheres portuguesas estão a tomar para si próprias, mais do que na generalidade dos países, o controlo do seu destino, a criação de valor na economia e, quem sabe, a aceleração do percurso até à paridade entre géneros.
É importante que esta dinâmica seja suportada por políticas públicas e por uma consciência social que valorizem o papel da maternidade, criando condições para que as mulheres possam conjugar a realização pessoal e a profissional, continuando a colocar as suas competências ao serviço da economia. O acesso a capital de risco e a financiamento são ferramentas essenciais para que as mulheres se afirmem como empreendedoras e é importante que tenham por base avaliações de risco imunes a enviesamentos associados ao género, ou mesmo que promovam uma diferenciação positiva das mulheres em função dos bons resultados de muitos negócios por elas liderados.
Na EY, acreditamos que é importante reconhecer e celebrar modelos de referência de empreendedorismo feminino, que inspirem mais mulheres a criar e desenvolver os seus próprios negócios.
Já o fazemos através do programa EY Entrepreneurial Winning Women (EWW), criado em 2008 com o propósito de apoiar e acompanhar as participantes, dando-lhes a possibilidade de fortalecer a sua capacidade de liderança, de criarem networking internacional e de construírem uma equipa de trabalho coesa e comprometida.
Consideramos também fundamental que mais mulheres com ideias inovadoras e capacidade de execução se envolvam em programas de empreendedorismo. É por isso que a cada nova edição procuramos ter mais candidatas ao EY Entrepreneur of the Year, o mais prestigiado dos programas de reconhecimento do mérito e do impacto económico e social dos empreendedores.
Todos os empreendedores são importantes. Mas levar as mulheres a alcançar a sua quota natural na criação e desenvolvimento de empresas pode ser a mais importante força de crescimento económico da próxima década. E será seguramente um acelerador da igualdade de género, contribuindo para um mundo melhor e para um melhor mundo de negócios.
Miguel Farinha, Líder do Programa EY Entrepreneur of the Year em Portugal