As empresas a nível mundial estão a transformar os seus departamentos financeiros e fiscais em virtude de alterações legislativas, disrupção tecnológica e escassez de talento.
De forma a analisar as atuais tendências, a EY realizou um estudo a nível mundial “Realizing the value of your Tax and Finance function”, abrangendo cerca de 1.650 líderes da área financeira e fiscal em mais de 40 países.
Constatou-se que a maioria das organizações (84%) planeia transformar as suas funções financeiras e fiscais nos próximos dois anos, estimuladas pela necessidade de enfrentar os desafios críticos relacionados com o talento, regulamentação e tecnologia, muitas vezes com restrições orçamentais.
Cerca de 81% dos entrevistados disse que é “mais provável” externalizar certas atividades financeiras e fiscais nos próximos 24 meses.
A pandemia da COVID-19 serviu igualmente como um catalisador para a mudança, com 70% dos inquiridos a mencionar que as experiências dos últimos dois anos aumentaram o seu foco na necessidade de transformar os seus departamentos. Quase todos os líderes financeiros e fiscais que responderam a este inquérito (95%) dizem que estão a realocar orçamentos para que se possam concentrar nas prioridades estratégicas.
As questões relacionadas com o talento são um dos principais impulsionadores da tendência de transformação e apresentam dois desafios distintos, mas relacionados, para os departamentos financeiros e fiscais. Em primeiro lugar, a resposta “trabalhar de qualquer lugar” em resultado da pandemia da COVID-19, que agora está enraizada em muitos setores e apresenta novas considerações para as empresas, incluindo as relacionadas com o local onde estão a operar. Para 55% dos entrevistados, novas obrigações fiscais e relatórios adicionais terão de ser preparados e entregues nos próximos anos, devido a uma força de trabalho mais dispersa geograficamente, o que aumenta a complexidade das suas obrigações fiscais.
O segundo problema que as empresas enfrentam está relacionado com a escassez de profissionais da área financeira e fiscal devidamente qualificados. Noventa e cinco por cento dos inquiridos apontam a existência de lacunas de habilitações na função financeira e fiscal, e entendem que estes profissionais têm de atualizar as suas competências relacionadas com tratamento de dados, processos e tecnologia nos próximos dois anos, se quiserem acompanhar o ritmo da disrupção que está a acontecer.
Estas pressões são agravadas pelo volume e ritmo das reformas fiscais que se tem assistido a nível global. Aproximadamente um terço dos entrevistados (32%) diz que a incerteza sobre sua capacidade de identificar, avaliar e responder a mudanças regulatórias e legislativas iminentes é a maior barreira para o sucesso. Muitos também se preocupam com o aumento dos custos.
Para aproximadamente 60% dos inquiridos, o cumprimento com as novas obrigações de declaração de impostos digitais aumentará os gastos e 83% esperam investir valores muito significativos ao longo dos próximos cinco anos, para garantir a adesão às novas regras.
A pandemia fez muitas empresas perceberem que não tinham dados atualizados e ferramentas tecnológicas quando os seus colaboradores ficaram privados de aceder aos arquivos (físicos) durante os confinamentos da COVID-19. Metade das maiores empresas disse que a falta de um plano sustentável para o tratamento de dados e tecnologia é a maior barreira para se cumprir o propósito e visão da função financeira e fiscal.
As empresas estão claramente sob pressão para fazer mais com menos, com 87% das empresas a planear reduzir os custos das suas funções fiscais e financeiras nos próximos dois anos. No entanto, a maioria ainda pretende investir, com 70% a mencionar que pretende gastar bastante mais em tecnologia financeira e fiscal nos próximos três anos.
Finalmente, a função financeira e fiscal está sob crescente pressão para desempenhar um papel relevante em apoiar as suas organizações a atingir os objetivos ambientais, sociais e de governação (ESG). Quase metade (46%) dos entrevistados disse que os riscos ambientais e climáticos são as questões ESG mais importantes que a sua organização enfrentará nos próximos dois anos, e quase todos (94%) dizem que estão a externalizar as atividades relacionadas com a preparação de relatórios ESG ou a considerar fazê-lo.
A função financeira e fiscal está a evoluir constantemente como um motor estratégico para os negócios. As organizações que começaram a transformar as suas funções fiscais e financeiras estão a colher frutos neste ambiente económico e legislativo sem precedentes.