EY e um café com... António Casanova, CEO UNILEVER FIMA
Neste episódio da rubrica "EY e um café com...", Anabela Silva, Partner da EY em People Advisory Services, senta-se à conversa com António Casanova, CEO da Unilever FIMA, sobre os valores que sustentam uma empresa centenária, os desafios da liderança moderna e o papel da fiscalidade no crescimento económico. Com presença em 190 países e mais de 70 anos de história em Portugal, a Unilever continua a reinventar-se sem perder os seus princípios fundamentais — numa parceria sólida com a Jerónimo Martins.
Qual é o segredo do sucesso da Unilever?
“Acho que uma empresa para ser tão duradora no tempo e bem-sucedida na sua indústria tem algo no seu DNA e na sua estratégia que permite esse sucesso. A Unilever fez um esforço grande para tentar estabelecer qual é o seu DNA. No fim do dia, acreditamos que há quatro grandes valores que nos distinguem: respeito, responsabilidade, integridade e pioneirismo. Esta ideia de integridade está muito ligada ao facto de sermos uma companhia que se preocupa com a forma como os seus atos e as suas pessoas impactam a sociedade onde estamos inseridos. Temos a noção de que queremos agir sempre de acordo com os valores mais altos, eticamente falando.”
Que conselhos daria aos jovens que estão a iniciar a sua carreira?
“A primeira coisa que todos devemos garantir numa carreira é: estou numa indústria, numa empresa, numa função que eu gosto? Todos nós já passámos por experiências em que achámos que íamos gostar de algo, mas rapidamente percebemos que não era aquilo que queríamos fazer para o resto da vida. E quando não gostamos, dificilmente somos bons naquilo. Por isso, escolham uma área, uma função, uma empresa com a qual se sintam bem. A segunda coisa é que não conheço nenhuma carreira que tenha sido construída sem uma dedicação forte. À ambição tem de corresponder o esforço. Não existem carreiras boas sem esforço adequado, e a ambição sem esforço é uma equação que não funciona. Sejam dispostos a meter as horas, estudem, formem-se ao nível dos melhores e escolham algo que vos apaixone — isso, inevitavelmente, trará sucesso.”
Que características definem um bom líder nos dias de hoje?
“Houve uma evolução clara entre o que era gerir e liderar. Quando comecei a trabalhar, esperava-se que geríssemos, que tomássemos conta de coisas e entregássemos resultados. A liderança tornou-se uma arte mais estudada, esperada nos níveis mais elevados da organização. Hoje, liderar é ter visão, comunicar essa visão e conseguir influenciar e mobilizar pessoas e organizações para a concretização dessa visão. É entregar uma noção de futuro às empresas e às pessoas. A liderança com impacto é isso: não só ter uma visão, mas conseguir dar-lhe tração, movimentar companhias na direção dessa visão de forma consequente e com resultados.”
Que medidas gostaria de ver no Orçamento do Estado para 2025?
“Temos problemas profundos na nossa organização fiscal. Portugal tem um dos níveis de fiscalidade empresarial mais elevados da OCDE, o que é desproporcional face ao nosso nível de riqueza. Nos últimos anos, fomos considerados o terceiro ou quarto pior país nesse indicador. A prazo, o que se pretende é uma fiscalidade mais baixa, estável e uniforme. Tudo o que vá nesse sentido é bem-vindo. Enquanto agentes económicos, temos de pugnar por condições fiscais que permitam aquilo que todos queremos: um desenvolvimento económico mais rápido e sustentável, algo que Portugal não tem há mais de 50 anos.”