EY e um café com... José Ferrari Careto, Presidente da E-REDES
No 5.º episódio do videocast “EY e um café com...”, Anabela Silva, Partner da EY em People Advisory Services, senta-se com José Ferrari Careto, Presidente da E-Redes, para uma conversa sobre transição energética, digitalização, inteligência artificial e o futuro das redes elétricas. Com mais de 245.000 km de rede e 6,6 milhões de contadores inteligentes instalados, a E-Redes é peça crítica do sistema energético nacional — e está na linha da frente da transformação do setor.
Como é que a E-Redes tem lidado com a transição energética?
“A transição energética é um desafio bastante grande para o país e, em particular, para a E-Redes. A nossa principal preocupação é facilitar essa transição — não sermos um obstáculo. Os contadores inteligentes são uma das variáveis importantes, porque sem uma boa medição dos consumos é impossível fazer transição energética. Mas também temos um papel essencial no autoconsumo, na mobilidade elétrica, na geração distribuída... São tudo áreas onde as redes são fundamentais para que os diversos atores possam corporizar a transição energética de que o país precisa.”
Como se compara o plano de investimentos da E-Redes com a realidade europeia?
“Um estudo recente para a Euroelectric mostrou que, para as redes elétricas acompanharem as exigências da transição energética e da descarbonização, seria necessário duplicar o investimento anual — cerca de 67 mil milhões de euros. Esse estudo foi importante para construir um consenso europeu: a transição energética só é possível com um reforço muito significativo do investimento nas redes, especialmente nas de distribuição. Em Portugal, temos vindo a aumentar significativamente o investimento. Se compararmos 2024 com 2020, temos um aumento de 50% no capex. As redes estão envelhecidas e precisam de ser renovadas, e os desafios da descarbonização e eletrificação exigem mais sensorização, remotização e digitalização.”
Porque é que os investimentos em digital e inteligência artificial são tão críticos para a E-Redes?
“Temos vindo a fazer cada vez mais com menos recursos, nomeadamente humanos. Diminuímos sustentadamente o número de pessoas a bordo, essencialmente via reposição parcial das saídas por reforma. Para isso, temos de ser cada vez mais eficientes e ter mais tecnologia ao serviço dos processos. O digital é uma das principais alavancas da nossa eficiência. Usamo-lo na relação com os clientes — mais de 50% das interações são digitais —, na gestão de ativos, onde avaliamos a condição e não a antiguidade dos equipamentos, e na gestão da vegetação, com drones e modelos preditivos que nos permitem cortar apenas onde e quando é necessário.”
Que recomendações deixaria aos jovens que querem entrar no setor energético?
“O setor energético é hoje muito entusiasmante. Há muitas coisas novas a acontecer, especialmente nas redes, com tecnologia e digitalização. O setor precisa de recursos — não só a E-Redes ou o grupo EDP, mas todo o ecossistema. Primeiro, uma palavra de boas-vindas. Depois, duas recomendações que são genéricas: resiliência e curiosidade. A resiliência é fundamental — às vezes as coisas correm mal, mas não correm mal todo o tempo. É preciso ultrapassar obstáculos e não desistir à primeira. E a curiosidade é essencial para crescer e evoluir.”