Empresas europeias aumentam receitas ou reduzem custos em mais de 6 milhões de euros em média com uso de IA
A adoção de IA tem já impactos mensuráveis no desempenho financeiro das empresas. Na média dos países analisados, o uso desta tecnologia trouxe ganhos adicionais ou poupanças avaliados em 6,24 milhões de euros, de acordo com o barómetro da EY.
Espanha destaca-se como o país onde mais organizações percecionam maiores benefícios financeiros – a nível de poupança de custos ou aumento das receitas – da IA (70%), seguida da Bélgica (60%) e da Alemanha (59%). Portugal (42%) e Áustria (47%) surgem no outro lado da tabela. No caso português, a maior parte (43%) afirma que ainda é demasiado cedo para avaliar os impactos, enquanto 21% reportam uma poupança de custos, 8% um aumento das receitas e 13% ambos. Já 15% dizem que não detetaram impactos financeiros.
De forma geral, nos países analisados, 56% dos gestores afirmam que, atualmente, as suas organizações sentem os efeitos económicos positivos com a IA, um aumento expressivo face aos 45% registados no ano anterior. Apenas 15% dizem que a sua organização não sente qualquer impacto positivo e 29% indicam que ainda é cedo para avaliar.
Entre os inquiridos em Portugal que reportaram benefícios financeiros, a maioria (62%) quantifica esses efeitos em até 1 milhão de euros (43% na média europeia) e 27% entre 1 e 5 milhões de euros (34% na média europeia). Já 11% indicam benefícios que oscilam entre 15 e 50 milhões de euros (16% na média europeia). A maior parte das empresas portuguesas (41%) prevê gastar menos de 500 mil euros em tecnologias de IA nos próximos cinco anos e 22% entre 500 mil e 1 milhão de euros. As restantes não sabem identificar um valor.
Na média dos países em análise, os setores onde o impacto económico da IA é mais evidente são a indústria avançada (78%), desporto (74%) e agroalimentar (73%). Em contrapartida, os que reportaram menos benefícios são da administração pública (35%), dos serviços (41%) e da saúde (48%).
Em Portugal, três em quatro inquiridos preveem que alguma parte do seu emprego será substituída por IA
A maioria dos europeus inquiridos (61%) acreditam que a IA terá algum impacto no seu emprego, mais 11 pontos percentuais do que há um ano. Portugal, onde a percentagem de utilizadores de IA é expressiva, está no grupo dos países mais apreensivos nesta matéria: três em cada quatro inquiridos acreditam que algumas dimensões dos seus empregos serão substituídas pela IA. Os números são também elevados nos vizinhos espanhóis e na Suíça (ambos com 70% a acreditar em impactos nalguma dimensão do emprego) e menores na Áustria (58%) e em França (60%). Ainda assim, a maioria dos inquiridos em Portugal (57%) acredita que ainda vai demorar algum tempo até que isso aconteça.
O barómetro da EY também olhou para a forma como a produtividade é influenciada pela IA. Em Portugal, 48% afirmam que o recurso a esta tecnologia melhorou muito ou de alguma forma a própria produtividade, acima da média europeia de 43%.
A nível europeu, há um desfasamento da perceção entre os gestores e os colaboradores: de acordo com o barómetro, 57% dos gestores acreditam que a IA tornou os seus colaboradores mais produtivos; enquanto apenas 32% dos trabalhadores consideram que os seus superiores ficaram mais produtivos graças à IA.
Os europeus inquiridos identificam diversas oportunidades, mas também riscos associados a estas ferramentas: de um lado, apontam o aumento da eficiência (30%), otimização de recursos (26%) e melhorias no atendimento ao cliente (24%). Do lado dos riscos, identificam questões de privacidade (30%), dilemas éticos (27%) e perda de postos de trabalho (25%).
Já quando questionados sobre se a sua organização tem um quadro ético claro para a utilização de IA, as respostas dividem-se entre os que afirmam que sim (48%), com quase um terço a responder negativamente e 20% a indicar que não sabe.
A nível político, o Regulamento para a IA da União Europeia, conhecido por AI Act, que pretende criar regras uniformes para o desenvolvimento e uso da IA, mitigando riscos, é avaliado de forma positiva: 61% dos inquiridos esperam que a legislação tenha um impacto positivo nas suas organizações, sobretudo a nível da proteção de dados e do desenvolvimento ético de IA.