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03 jul 2025 

Estudo EY | Trabalhadores em Portugal são dos mais satisfeitos com a IA, mas só duas em cinco empresas já sentem os benefícios financeiros

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  • Resultados do EY European AI Barometer 2025 indicam que 90% dos trabalhadores em Portugal avaliam positivamente a sua experiência com Inteligência Artificial (IA), estando no topo dos países analisados
  • Organizações portuguesas já sentem impactos financeiros positivos na adoção de IA, mas ainda abaixo da média europeia em volume
  • Empresas europeias sobem receitas ou reduzem custos em mais de seis milhões de euros em média com uso de IA
  • Apenas menos de metade dos inquiridos acreditam que as suas organizações têm quadro ético claro para a utilização de IA

Lisboa, 03 de julho de 2025: A Inteligência Artificial (IA) continua a ganhar terreno no dia a dia dos profissionais em Portugal, com os dados a mostrarem que os trabalhadores no país são dos que mais adotam esta tecnologia, na esfera profissional, pessoal ou em ambas (83%). São ainda os trabalhadores que mais reportam uma experiência positiva com esta tecnologia (90%), mas a maioria acredita não estar a ter formação suficiente. Estas são algumas das principais conclusões do EY European AI Barometer 2025, que inquiriu 4.942 colaboradores (dos quais 200 em Portugal) de 21 setores de atividade, em nove países europeus.

O mais recente estudo da EY revela que Portugal é mesmo o país onde os inquiridos melhor avaliam a sua experiência com IA: 90% fazem uma análise positiva, acima de Espanha (89%) e da Suíça (86%) ou mesmo França (82%), Itália (81%) e Áustria (79%).

Os níveis de adoção desta tecnologia são expressivos em Portugal, que compara bem com os restantes países analisados: os utilizadores na Suíça continuam a liderar o ranking de utilização de IA (85%), mas são logo seguidos por Portugal e Espanha (ambos com 83%). Em contraste, a adesão é inferior na Áustria e em França (ambos com 73%). No caso português, 31% dos inquiridos dizem usar a IA tanto em contexto profissional como pessoal, enquanto 40% só o fazem na vida pessoal e 12% apenas em contexto de trabalho.

A adoção da IA está a aumentar entre os países analisados: nos últimos 12 meses, a proporção de inquiridos que dizem ter usado ferramentas de IA, como o ChatGPT ou o DeepL, aumentou de 72% para 78%.

A formação em IA é crucial nesta transição, com os utilizadores europeus a expressar que querem mais oportunidades de formação por parte das suas organizações: a vasta maioria (76%) não está satisfeita com a formação que lhe é dada nas empresas. E embora a percentagem dos utilizadores satisfeitos tenha aumentado de 17% para 24% num ano, o peso dos que exigem mais medidas também cresceu, de 30% para 37%. Em Portugal, apenas 24% dos utilizadores defendem que as suas organizações lhes oferecem a formação indicada na área de IA (em linha com a média europeia), enquanto 31% afirmam que deveriam ter mais formação e 35% respondem que a que têm não é suficiente.

Este é um dos pontos que as equipas de gestão e as organizações devem ter em conta, para garantir que ninguém fica para trás nesta transição. Como defende Sérgio Ferreira, Partner e líder de IA da EY:

a adoção de IA não deve ser encarada apenas como uma questão de investimento em tecnologia. Exige know-how técnico, formação contínua e liderança ativa na transformação cultural e organizacional das organizações. É essencial garantir um apoio estruturado e especializado, com foco em resultados mensuráveis e sustentáveis, para que a IA se torne uma alavanca de inovação, competitividade e crescimento
Este barómetro da EY revela que os colaboradores em Portugal têm abertura e apetência para adotar a IA e que esta é uma ferramenta poderosa para melhorar a performance das empresas. Mas o seu sucesso a longo prazo dependerá da capacidade de responder às preocupações dos colaboradores e de uma integração coerente nas estratégias da organização, de forma a gerar valor sustentável, sem exclusões nem fricções desnecessárias”, acrescenta o responsável da EY Portugal.

Empresas europeias aumentam receitas ou reduzem custos em mais de 6 milhões de euros em média com uso de IA

A adoção de IA tem já impactos mensuráveis no desempenho financeiro das empresas. Na média dos países analisados, o uso desta tecnologia trouxe ganhos adicionais ou poupanças avaliados em 6,24 milhões de euros, de acordo com o barómetro da EY.

Espanha destaca-se como o país onde mais organizações percecionam maiores benefícios financeiros – a nível de poupança de custos ou aumento das receitas – da IA (70%), seguida da Bélgica (60%) e da Alemanha (59%). Portugal (42%) e Áustria (47%) surgem no outro lado da tabela. No caso português, a maior parte (43%) afirma que ainda é demasiado cedo para avaliar os impactos, enquanto 21% reportam uma poupança de custos, 8% um aumento das receitas e 13% ambos. Já 15% dizem que não detetaram impactos financeiros.

De forma geral, nos países analisados, 56% dos gestores afirmam que, atualmente, as suas organizações sentem os efeitos económicos positivos com a IA, um aumento expressivo face aos 45% registados no ano anterior. Apenas 15% dizem que a sua organização não sente qualquer impacto positivo e 29% indicam que ainda é cedo para avaliar.

Entre os inquiridos em Portugal que reportaram benefícios financeiros, a maioria (62%) quantifica esses efeitos em até 1 milhão de euros (43% na média europeia) e 27% entre 1 e 5 milhões de euros (34% na média europeia). Já 11% indicam benefícios que oscilam entre 15 e 50 milhões de euros (16% na média europeia). A maior parte das empresas portuguesas (41%) prevê gastar menos de 500 mil euros em tecnologias de IA nos próximos cinco anos e 22% entre 500 mil e 1 milhão de euros. As restantes não sabem identificar um valor.

Na média dos países em análise, os setores onde o impacto económico da IA é mais evidente são a indústria avançada (78%), desporto (74%) e agroalimentar (73%). Em contrapartida, os que reportaram menos benefícios são da administração pública (35%), dos serviços (41%) e da saúde (48%).

 

Em Portugal, três em quatro inquiridos preveem que alguma parte do seu emprego será substituída por IA

A maioria dos europeus inquiridos (61%) acreditam que a IA terá algum impacto no seu emprego, mais 11 pontos percentuais do que há um ano. Portugal, onde a percentagem de utilizadores de IA é expressiva, está no grupo dos países mais apreensivos nesta matéria: três em cada quatro inquiridos acreditam que algumas dimensões dos seus empregos serão substituídas pela IA. Os números são também elevados nos vizinhos espanhóis e na Suíça (ambos com 70% a acreditar em impactos nalguma dimensão do emprego) e menores na Áustria (58%) e em França (60%). Ainda assim, a maioria dos inquiridos em Portugal (57%) acredita que ainda vai demorar algum tempo até que isso aconteça.

O barómetro da EY também olhou para a forma como a produtividade é influenciada pela IA. Em Portugal, 48% afirmam que o recurso a esta tecnologia melhorou muito ou de alguma forma a própria produtividade, acima da média europeia de 43%.

A nível europeu, há um desfasamento da perceção entre os gestores e os colaboradores: de acordo com o barómetro, 57% dos gestores acreditam que a IA tornou os seus colaboradores mais produtivos; enquanto apenas 32% dos trabalhadores consideram que os seus superiores ficaram mais produtivos graças à IA.

Os europeus inquiridos identificam diversas oportunidades, mas também riscos associados a estas ferramentas: de um lado, apontam o aumento da eficiência (30%), otimização de recursos (26%) e melhorias no atendimento ao cliente (24%). Do lado dos riscos, identificam questões de privacidade (30%), dilemas éticos (27%) e perda de postos de trabalho (25%).

Já quando questionados sobre se a sua organização tem um quadro ético claro para a utilização de IA, as respostas dividem-se entre os que afirmam que sim (48%), com quase um terço a responder negativamente e 20% a indicar que não sabe.

A nível político, o Regulamento para a IA da União Europeia, conhecido por AI Act, que pretende criar regras uniformes para o desenvolvimento e uso da IA, mitigando riscos, é avaliado de forma positiva: 61% dos inquiridos esperam que a legislação tenha um impacto positivo nas suas organizações, sobretudo a nível da proteção de dados e do desenvolvimento ético de IA.

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