A atratividade é definida, neste estudo, como uma combinação de imagem, confiança do investidor e perceção da capacidade de um país ou região de oferecer os benefícios mais competitivos para o IDE. Para o EY Attractiveness Survey deste ano foram inquiridos 200 investidores de diferentes origens: Europa Ocidental (54%), América do Norte (17%), Europa do Norte (18%), Ásia (6%) e Brasil (5%).
Criação de emprego resiliente e em contraciclo com a Europa
Apesar da redução dos projetos de IDE em Portugal, a criação de emprego ligada ao investimento estrangeiro cresceu, embora ligeiramente (1% em relação ao ano anterior), o que contrasta com a tendência europeia de diminuição expressiva (-16%). Em Portugal, a criação média de emprego por projeto aumentou 3% em 2024.
A perceção dos investidores em relação ao talento português continua reforçada, com um reconhecimento crescente das qualificações e capacidade de inovação, embora persistam preocupações em torno da oferta de competências críticas em setores como a tecnologia, a engenharia e a energia.
Os investidores inquiridos identificaram a dimensão do mercado e o potencial de crescimento como o fator mais decisivo para a escolha do país como destino do investimento (38%), logo seguido pela disponibilidade e a qualidade da força de trabalho (30%), o que reforça a necessidade de continuar o investimento em educação e formação para assegurar a competitividade.
Aliás, o EY Attractiveness Survey 2025 sublinha a necessidade de continuar a aposta nas qualificações. Quando questionados sobre a que deve Portugal dar prioridade em relação ao seu mercado de trabalho, no topo da lista aparece a necessidade de aumentar a oferta de competências em áreas estratégicas, como tecnologia, engenharia e energia, seguida pela mobilidade de talento e flexibilização da lei laboral.
Quanto aos setores de investimento, seguindo a tendência de anos anteriores, software e serviços de IT continuam a liderar no IDE, com 137 projetos assegurados em 2024, uma quebra de 23 projetos face a 2023, o que, ainda assim, coloca Portugal na 4.ª posição do ranking europeu do setor (que representa 29,1% de todos os projetos de IDE em Portugal, em contraste com 14,6% na Europa). Logo a seguir, mantém-se o setor dos serviços às empresas e serviços profissionais.
Mas um dos setores que cresce significativamente em IDE é o da indústria transformadora, que no espaço de um ano viu os projetos aumentar 28%, o que pode refletir uma onda de relocalização industrial na Europa, impulsionada pela procura de centros de produção estrategicamente localizados na UE, o que pode reposicionar Portugal nas cadeias de abastecimento globais.
Alentejo e Brasil ganham força
Em termos de regiões, os dados mais recentes mostram que persiste o dinamismo registado nos anos anteriores nas localidades fora de Lisboa e do Porto. Apesar de a região de Lisboa continuar a liderar como destino do IDE, é de destacar o reforço do Centro no seu segundo lugar e do Alentejo, que passa de sétimo para quarto lugar em termos de atratividade para investidores internacionais. Esta alteração sinaliza uma diversificação entre regiões.
E de onde vem o IDE que chega a Portugal? Os resultados mais recentes reforçam o peso do investimento fora da Europa. O Attractiveness Survey 2025 conclui que, apesar da redução dos projetos, o peso do investimento extra-europeu aumentou consideravelmente, sobretudo impulsionado pelo Brasil, que tem vindo a fortalecer a sua posição, embora ainda não chegue ao top 3, onde estão EUA, Alemanha e França (e que, em conjunto, representam 40,2% do IDE).
Ainda assim, torna-se claro que Portugal é peça-chave da estratégia de investimento oriundo do Brasil: o país soma 36 projetos de IDE na Europa em 2024, dos quais 16 em Portugal. O país foi responsável por 8,2% do IDE em Portugal, em 2024, acima dos 7% do ano anterior.
Em contraste, os países dentro da Europa têm perdido terreno, o que pode explicar-se pelo abrandamento da economia europeia. Enquanto o IDE de origem europeia passou de um peso de 73% em 2022 para 66% em 2024 (130 projetos), o IDE fora da Europa ascendeu de 27% para 34% (66 projetos) no mesmo período.
Simplificar a tributação e melhor acesso a capital
Portugal continua atrativo, mas não deixa de ser visível alguma perda de tração, num contexto de desaceleração europeu. Apenas 60% dos executivos inquiridos preveem estabelecer ou expandir as suas operações em Portugal dentro de um ano, abaixo dos 84% do inquérito anterior, mas ligeiramente acima da média europeia. A confiança nas perspetivas a médio prazo também amenizou, com 61% a antecipar um crescimento da atratividade de Portugal nos próximos três anos, em comparação com os 78% do ano anterior, embora em linha com a Europa. Ainda assim, está bastante acima dos 49% registados em 2021 em Portugal.
Mas Portugal tem ativos estratégicos de que não deve largar mão. O estudo da EY indica que as principais razões identificadas pelos investidores para estabelecer ou expandir as suas operações em Portugal foram o acesso a mão de obra qualificada, a competitividade em termos de custos e o acesso a novos mercados e clientes.
De acordo com os inquiridos deste ano, reduzir e simplificar a tributação é agora a área mais importante em que Portugal deve concentrar os seus esforços para reforçar a sua competitividade global (foi escolhida por 36% dos investidores), sinalizando uma mudança face a 2024, quando o foco incidia sobretudo no ambiente regulatório e no sistema educativo. Em segundo lugar, aparecem as melhorias no acesso das empresas a capital (34%), sobretudo start-ups e scale-ups.
Já quanto à Inteligência Artificial (IA), a maioria dos inquiridos (58%) acredita que para se tornar um destino importante em IDE de IA é preciso melhorar a infraestrutura tecnológica, como centros de dados e bases de dados abertas, seguido do apoio a start-ups de IA por via de incentivos fiscais, subsídios e centros de inovação (57%).