Num mundo de mudanças incessantes , é essencial a capacidade de vislumbrar o futuro, mas também a competência para efetivamente executar essa visão.
A EY lançou a edição de 2023 do EY Attractiveness Survey Portugal, que analisa as tendências recentes do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) em Portugal, o seu posicionamento nos fatores de atratividade e os desafios que o país enfrenta nesta temática.
A EY realiza este estudo há mais de 15 anos e o mesmo fornece uma ferramenta importante pois permite analisar qual estratégia que Portugal deve adoptar para continuar no radar dos investidores estrangeiros.
Em 2010, por exemplo, a maioria dos investidores considerava que as medidas prioritárias para melhorar a atratividade de Portugal passavam por renovar os sistemas de educação e formação (30%), promover a inovação (30%) e melhorar o sistema judicial (26%). Em 2023, um dos fatores de maior atratividade é a qualidade dos recursos humanos e a formação dos mesmos, um país com capacidade tecnológica e de infraestruturas e com um favorável clima social e político.
Também em 2010, os sectores da construção e da indústria transformadora eram os líderes do investimento e em 2023 os setores de software e IT services foram líderes em projetos de IDE em Portugal, confirmando a atratividade do país na economia digital.
Então o que mudou em 13 anos? Foi o perfil do investidor? Foi uma integração numa economia cada vez mais global? Foi uma implementação de medidas políticas que gerou esta alteração? Foi a necessidade de adaptação a um mundo mais tecnológico e que requer respostas mais rápidas?
Mais do que olhar para a história (até porque é importante não repetirmos erros do passado) temos de saber olhar para o futuro. A resposta a estas perguntas vem com a capacidade das empresas e investidores se adaptarem ao futuro. Uma das maiores razões para as organizações falharem é porque apostam no que é atual e não apostam no que pode ser o seu negócio.
Ninguém diria em 2010 que Portugal seria 13 anos depois o 6º país europeu a receber investimento direto estrangeiro. A questão é saber se devemos parar por aqui ou se devemos apostar e arriscar no que pode ser Portugal daqui a 15 anos?
As agendas da inovação, da sustentabilidade, da diversidade e da inteligência artificial vieram para ficar e há que saber trabalhar nas mesmas. As empresas devem adaptar os seus negócios a uma estratégia que as englobe como um todo e não as devem trabalhar separadamente. E Portugal deve ter esta estratégia para o futuro. Obviamente que a “espuma do dia” não vai desparecer (as questões fiscais, sociais, as instabilidades, a inflação, etc) mas ao mesmo tempo deve saber trabalhar estas agendas para continuar a ser atrativo para captar um maior e melhor investimento estrangeiro.
Atualmente, a maior empresa automóvel por market cap é a Tesla, e que lançou o primeiro carro em 2008, no mesmo ano em que a Amazon estava em 117º lugar na lista da Forbes 500 (em 2023 está em 2º lugar). Seguramente daqui a 15 anos esta lista será muito diferente daquilo que é hoje.
Isso lembra-nos que, em um mundo de mudanças incessantes, a dinâmica das organizações e países deve evoluir continuamente para se adaptar a novos cenários. É imperativo que empresas e nações se reinventem e se ajustem a esses contextos em constante mutação.
A busca constante por novos modelos de negócios que se encaixem nas novas realidades competitivas e nas complexas configurações econômicas e cadeias industriais globais torna-se crucial para o crescimento sustentável. Quando uma empresa ou uma nação perde essa capacidade de adaptação, corre o risco de estagnar. Portanto, é crítico que ambos possuam não apenas a capacidade de vislumbrar o futuro, mas também a competência para efetivamente executar essa visão.