Capítulo 1
Os investidores confiam cada vez mais nos fatores ESG e na informação não financeira
Quase todos os inquiridos admitem fazer uma avaliação dos fatores ESG divulgados pelas empresas e garantem que essa informação tem desempenhado um papel fundamental nas suas decisões.
Uma confiança crescente nos indicadores ESG
Após vários anos de evidência crescente do impacto do comércio nas alterações climáticas, escândalos ligados a más práticas de governance e uma nova forma de enquadrar o impacto social das empresas, os investidores institucionais estão cada vez mais inclinados a usar informações do desempenho ESG como uma componente fundamental na tomada de decisão de investimento. A grande maioria dos inquiridos (97%) admite que realiza uma avaliação informal (65%) ou uma avaliação estruturada e metódica (32%) da informação não financeira das suas empresas-alvo.
Os investidores estão a avaliar a divulgação de informação não financeira por parte das empresas
97%dos investidores que responderam a esta pesquisa dizem fazer uma avaliação informal ou estruturada.
Tal representa um aumento de cerca de 20 pontos percentuais face aos dados apurados na edição de 2017 do EY Climate Change and Sustainability Services investor survey, onde 78% dos inquiridos disse ter realizado uma avaliação informal ou estruturada. Em 2018, apenas 3% dos inquiridos afirma fazer pouca ou nenhuma análise ao relato não financeiro disponibilizado pelas empresas, em comparação com 22% em 2017 e 48% em 2015.
Aplicação versátil dos indicadores ESG
A informação ESG desempenha um papel cada vez mais importante no processo de tomada de decisão de investimento, e os inquiridos acreditam que os fatores ESG podem ajudar a mitigar os riscos de perdas. Quase todos os inquiridos (96%) dizem que tais informações têm ocasionalmente (62%) ou frequentemente (34%) desempenhado um papel fundamental na sua tomada de decisão.
Mais uma vez, o acesso a informação ESG aumentou substancialmente, face aos resultados do estudo de 2017, onde 68% dos investidores indicou usar informação ESG frequente ou ocasionalmente.
Os investidores inquiridos afirmam ser mais propensos a considerar informação não financeira ocasional ou frequentemente quando fazem o ajuste da avaliação do risco (70%), quando examinam a dinâmica e a regulamentação do setor (63%) e quando analisam os resultados do investimento (61%).
Os investidores consideram que os indicadores ESG podem fornecer proteção contra riscos – 89% refere que a informação ESG é um pouco mais valiosa (80%) ou muito mais valiosa (9%) para decisões de investimento em contexto de recessão.
Confiança crescente no relato integrado e anual
Os investidores confiam cada vez mais nos temas ESG divulgados pelas suas empresas-alvo e diminuíram, ou mantiveram ao mesmo nível, a consulta de relatórios de responsabilidade social corporativa, de avaliações de analistas, dados divulgados pela comunicação social ou de outras fontes externas de informação. Quase todos os inquiridos (94%) confirmaram que o relato integrado é uma fonte muito útil (88%) ou essencial (6%) de informação não financeira. A mesma percentagem afirmou que os relatórios anuais são fontes muito úteis (82%) ou essenciais (12%) de informação não-financeira.
Investidores reconhecem benefícios no relato integrado
88%dos investidores que responderam a esta pesquisa dizem que a elaboração de relatórios integrados é muito útil.
No estudo de 2017, apenas 57% dos investidores considerava como muito úteis o relato integrado e 63% os relatórios anuais corporativos.
Mais de metade dos inquiridos (56%) afirma que a informação não financeira das empresas, não está normalmente disponível ou é inadequada para uma comparação significativa com a de outras empresas. Os investidores afirmam que há muita divulgação de documentos formais de governance, políticas e práticas em vigor, mas o que falta são medidas de responsabilização - informação sobre a forma como as métricas não financeiras são estabelecidas e geridas. Os investidores recorrem às empresas para identificar os fatores ambientais e sociais importantes para as ajudar a atingir os seus objetivos estratégicos e para estabelecer as metas que serão relevantes ao longo desse horizonte temporal.
Capítulo 2
Os emitentes estão melhores a analisar a materialidade
Os investidores estão a apoiar mais a sua tomada de decisão na consulta de informação sobre temas ESG e de classificação do grau de risco dos investimentos.
O relato de indicadores ESG pelas empresas está a melhorar – especialmente no que se refere aos aspetos de Governance
Os investidores consideram que a maioria das empresas é capaz de analisar a materialidade dos aspetos de governance, com 87% a relatar que a maioria (78%) ou quase todas (9%) as empresas que seguem avaliam a materialidade dos aspetos ESG adequadamente.
Investidores dizem que a maioria das empresas pode analisar a materialidade dos fatores de governance
87%dos investidores que responderam a esta pesquisa dizem que a maioria ou quase todas as empresas analisam a materialidade dos tópicos ESG de forma adequada.
O processo de materialidade ajuda a definir questões-chave, na avaliação ao impacto dos riscos ESG.
Os investidores classificam melhor a capacidade das empresas para avaliar a materialidade do governance (8,28 numa escala de 1 a 10), seguida dos aspetos sociais (7,72) e ambientais (6,19). No entanto, embora o risco de governance possa ser reportado de forma mais minuciosa, pode ser difícil de avaliar e medir.
Relacionado
Compliance e gestão de risco são fatores de motivação
A esmagadora maioria dos investidores considera o compliance regulatório (90%), seguido da gestão de risco (87%) como os fatores que mais motivam as empresas a divulgarem informação não financeira e práticas ESG. A estratégia de valor de longo prazo (78%) e a pressão competitiva (70%) foram também referidos como fatores determinantes.
Capítulo 3
Quatro fatores emergem como os mais importantes na tomada de decisão
Os principais fatores ESG na tomada de decisão de investimento são o governance, a cadeia de abastecimento, os direitos humanos e as alterações climáticas.
Principais fatores ESG
Os investidores que responderam à última edição do estudo indicam os riscos relacionados com práticas de governance, da cadeia de valor, de direitos humanos e de alterações climáticas como os fatores ESG mais relevantes na tomada de decisão de investimento.
O risco ou histórico de más práticas de governance conduziria 63% dos investidores a descartar automaticamente um investimento. Da mesma forma, riscos ESG na cadeia de valor (52%), tradição de más práticas na área dos direitos humanos (49%) ou riscos decorrentes das alterações climáticas (48%) também são hoje suficientes para desencorajar investimentos. Estes resultados contrastam com o EY Climate Change and Sustainability Services investor survey de 2017, no qual investidores inquiridos indicavam que desistiriam da decisão de investimento por questões ligadas ao governance (38%), direitos humanos (32%), capacidade de verificação independente de informação e queixas relacionadas com aspetos ESG (20%) e a cadeia de valor (15%). As alterações climáticas foram o fator menos pontuado pelos investidores, com apenas 8%.
Riscos de transição versus riscos físicos associados às alterações climáticas
Os investidores continuam a dizer-nos que as alterações climáticas são, consistentemente, uma das questões materiais mais identificadas pela comunicação social. No entanto, neste estudo reconhecem que estão mais preocupados com as implicações dos riscos físicos associados às alterações climáticas do que com os riscos de transição, como a adaptação a nova regulação, práticas e processos. Setenta por cento dizem que, nos próximos dois anos, vão pagar uma quantia considerável ou dedicar tempo e atenção consideráveis aos riscos físicos. Quarenta e oito por cento dizem o mesmo sobre os riscos de transição.
Capítulo 4
Objetivos de investimento influenciam análise e carteira de títulos
Os fatores ESG podem ser usados para dar um enquadramento positivo ou negativo a potenciais investimentos.
Screening negativo e positivo
Os investidores inquiridos afirmam ainda que a triagem negativa (negative screening) gera um retorno excessivo (85%) e redução de risco (67%) em relação a um benchmark ou target. Os mesmos investidores consideraram que a triagem positiva (positive screening) reduz o risco (79%) e ajuda a alcançar os objetivos ESG relevantes de uma carteira de investimentos (73%).
Os investidores também apoiam decisões de portfólio na informação ESG
Os inquiridos defendem que a subvalorização de atributos negativos ESG diminui o risco (67%) e gera um retorno excessivo (68%), face a um benchmark ou target, enquanto a sobrevalorização de atributos ESG positivos permite alcançar objetivos não financeiros importantes numa uma carteira (72%) e diminuir o risco em relação a um benchmark ou target (69%).
Instrumentos específicos ESG
Os investidores inquiridos dizem que os instrumentos específicos ESG, como as chamadas obrigações verdes (green bonds), podem reduzir o risco em relação a um benchmark ou target (72%), ajudar a atingir os objetivos não financeiros de uma carteira (71%) e proporcionar um retorno excessivo em relação a um benchmark ou target (69%).
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Capítulo 5
Investidores procuram colaboração para definir normas de Relato ESG
Os investidores exigem cada vez a adoção de normas contabilísticas não financeiras, e governos, reguladores e empresas devem colaborar.
Um apelo ao desenvolvimento de normas
Os investidores revelam uma necessidade urgente de normas contabilísticas prescritivas de relato não financeiro. Cinquenta e nove por cento consideraram que a adoção de normas contabilísticas de relato não financeiro criaria vantagens. Tal representa um aumento de 26 pontos percentuais, face à edição de 2017 do inquérito a investidores realizado pela área de Climate Change and Sustainability Services.
Além disso, a procura relativa por normas tem ofuscado a dos três fatores que se seguem, por ordem decrescente de importância: relato integrado de acordo com a framework do International Integrated Reporting Council (IIRC); divulgação de informação relevante para a estratégia de criação de valor e relato integrado de informação financeira e não financeira.
Um apelo aos esforços liderados pelo Estado
Setenta por cento dos investidores entrevistados acredita que os reguladores nacionais são quem está em melhores condições para liderar esforços, no sentido de diminuir o gap entre a solicitação dos investidores por informação não financeira e as informações realmente fornecidas pelos emitentes. Outros que deveriam desempenhar um papel a este nível, defendem, são as organizações internacionais e ONGs (60%), bem como os próprios investidores e gestores de ativos (56%). Apenas 20% dos inquiridos pensa que os emitentes ou as organizações comerciais do setor privado devem assumir a liderança.
Capítulo 6
E agora?
As organizações devem tentar construir uma história com estratégia, sobre a forma como estão a procurar aumentar o seu valor intangível para ajudar o negócio a prosperar.
A procura crescente por relatórios sobre ativos não financeiros, por parte de investidores, reflete o seu entendimento mais sofisticado relativamente à ligação entre o desempenho e os fatores ESG. Tal significa que, juntamente com o relato financeiro, as empresas devem preocupar-se cada vez mais em ter e mostrar uma história coerente e estratégica acerca de como a empresa está a procurar fazer crescer o seu valor intangível de forma a que o negócio prospere.
Ter este enquadramento e a respetiva informação poderá ajudar a apoiar a posição da empresa no estreitamento do diálogo com investidores e preparar-se para futuros desenvolvimentos regulamentares.
Acredita-se que existam quatro áreas principais que as organizações devem considerar:
- Definição de um processo estruturado de análise de materialidade
- Medição e reporte de resultados sociais e ambientais
- Medição e reporte de valor a longo prazo
- Divulgação de informação de forma mais abrangente sobre todos os riscos climáticos, envolvendo todos os stakeholders, incluindo os investidores
As opiniões pessoais expostas neste artigo não são necessariamente a opinião da EY global nem das suas associadas. O conteúdo deve ser considerado no contexto da época em que foi produzido.
Resumo
Esta é a quarta edição do estudo realizado pela área de Assessoria em Alterações Climáticas e Sustentabilidade da EY sobre como os investidores olham para os indicadores ESG e para o reporte não-financeiro e o seu papel na tomada de decisão.
O estudo de 2018 revela um notável consenso sobre a importância dos aspetos ESG e da informação não financeira na tomada de decisão dos investidores. Globalmente, os investidores esperam relatórios mais completos, com informação não financeira material mais útil, mais consistente e sobre o desempenho das empresas. A implementação dessas práticas permitirá um relatório mais abrangente, orientado para a criação de valor, que contribuirão para promover confiança entre as empresas e os seus principais stakeholders.