De acordo com a Comissão Europeia, 45% do produto interno bruto (PIB) da UE depende do investimento estrangeiro. Em toda a Europa, 30%-50% da investigação e desenvolvimento empresarial resulta de investimento europeu. Neste sentido, é fundamental compreender o que impulsiona o investimento das multinacionais e as suas escolhas de localização.
A EY publicou o seu 19º survey anual sobre a Atratividade da Europa há seis meses, revelando que 9 em cada 10 executivos esperavam reduzir ou adiar os planos de investimento em 2020. As empresas estavam também a considerar ajustes significativos nas suas cadeias de abastecimento, nas prioridades de investigação e, nos setores mais afetados, a sua presença contínua na Europa.
Seis meses depois, estamos novamente a avaliar a perceção dos executivos sobre as perspetivas a longo prazo da Europa num mundo pós-COVID-19. Estarão as empresas a centralizar ou a descentralizar as suas operações da Europa de forma a assegurar cadeias de abastecimento mais sustentáveis? A inovação e os planos ambientais estão a abrandar ou a acelerar? Quais as megatendências e os fatores operacionais que poderiam influenciar as suas decisões de investimento na Europa?
Atualmente, os investidores estrangeiros estão mais otimistas em relação à Europa do que estavam há seis meses atrás
Em outubro, foram entrevistados 109 executivos a nível global de 14 setores de atividade, de onde se retiram seis conclusões principais:
- O investimento estrangeiro irá diminuir naturalmente em 2020 e 2021, dada a dificuldade em avaliar e realizar projetos perante a volatilidade dos mercados e a complexidade das condições quotidianas.
- Os investidores parecem mais otimistas quanto à atratividade da Europa nos próximos três anos, do que estavam em abril.
- Os executivos também estão divididos entre aqueles que esperam oscilações voláteis durante os próximos três anos e aqueles que preveem um regresso ao "business as usual".
- No entanto, uma recuperação europeia completa irá exigir melhorias significativas na procura dos consumidores, na liquidez e na digitalização.
- As multinacionais têm menos facilidade em iniciar ajustes rápidos e em massa nas cadeias de abastecimento para reduzir a dependência de um único país de origem.
- À medida que as multinacionais se preparam para uma Europa pós- COVID-19, estão cada vez mais a construir iniciativas de sustentabilidade e de responsabilidade social, ao mesmo tempo que criam tecnologias que permitem uma melhor interação com os consumidores.
Observamos uma grande mudança no investimento estrangeiro, à medida que as cadeias de abastecimento globais são redesenhadas, impactando as decisões futuras de investimento.
1. Em 2020, os novos fluxos de investimento estrangeiro vão mudar, à medida que as empresas redefinem as prioridades das cadeias de abastecimento, racionalizam os custos e apostam na sustentabilidade
A incerteza económica causada pelo surto da COVID-19 significa que as empresas estão a reconsiderar se a produção, investigação e serviços de apoio continuam a ser financeiramente viáveis.
Em outubro, menos executivos internacionais esperavam uma diminuição dos valores do que em abril de 2020 (42% vs. 66%). Simultaneamente, é agora provável que existam mais empresas a adiar os seus planos de investimento para 2020, do que em abril (31% vs. 23%). Numa nota um pouco mais positiva, um maior número de executivos vê o investimento aumentar em 2020 (10% vs. 0% em abril) ou a manter-se estável (17% vs. 11%).
Embora seja ainda necessário determinar o impacto total da pandemia na economia europeia, espera-se uma queda significativa no investimento estrangeiro (após um recorde de 6.412 projetos em 2019), com a possibilidade de impactar num grande número de postos de trabalho em todo o continente.