Receitas antigas para novos problemas – Será uma definição de prudência?

por Nuno Deus

Partner, Financial Accounting and Advisory Services - Head of Digital Assurance & Technology, Ernst & Young, SROC

Pai de dois rapazes irrequietos. Adora serões tranquilos em família brindados com uma bela refeição acompanhada por um bom vinho e, sobretudo, por boa companhia.

2 minutos de leitura 7 mai 2021

A melhor forma do CFO preparar o futuro é construí-lo. Ter a visão e a coragem para fazer escolhas ousadas e inovadoras será certamente a chave para o sucesso.

Exigências e expetativas crescentes, recursos limitados, um clima económico e social fortemente marcado pelo contexto pandémico e pelas megatendências globais como a disrupção digital, incerteza geopolítica e os riscos ambientais. Este é o pano de fundo com que a maioria dos CFOs tem de trabalhar, tomar decisões e gerir equipas.

O delicado equilíbrio entre dar resposta às exigências do presente e o pensar e construir o amanhã é absolutamente chave para o sucesso das organizações, no geral, e para a função financeira em particular.

Aos CFOs exige-se mais do que racionalidade e competência técnica e analítica. Mais do que o cumprimento com os tradicionais KPIs de performance financeira, tipicamente focados em objetivos de curto prazo. Impõe-se que os CFOs do futuro tenham a capacidade de inspirar, agregar e liderar. Para tal, é importante que consigam ter um propósito e uma visão sobre o amanhã e sobre o contributo da função financeira para a sua concretização.

Na construção dessa visão, os CFOs podem deparar-se com desafios em várias dimensões, tais como:

  • Pessoas: Seremos capazes de recrutar e desenvolver atempadamente as pessoas certas, com o know-how certo?
  • Compliance: Seremos capazes de cumprir com as exigências regulatórias e tributárias internacionais em todos os mercados?
  • Tecnologia: Seremos capazes de desenvolver ou adquirir tecnologia certa que nos permita alcançar os objetivos de eficiência e de qualidade?
  • Custo: Seremos capazes de suportar os custos de implementação, manutenção e evolução/crescimento inerentes às melhores soluções para as ultrapassar os desafios relativos às dimensões anteriores?

Perante este cenário, muitas organizações estão a explorar modelos operacionais alternativos usando novas tecnologias, criando centros de serviços partilhados globais e criando modelos de externalização de processos ou atividades financeiras que requeiram conhecimento ou tecnologia especializada.

A externalização de processos ou atividades pode permitir alcançar os seguintes benefícios:

  • Eficiência de custos: Ter acesso a pessoas, metodologias e tecnologia de ponta sem necessidade de investir na seleção, desenvolvimento, implementação e manutenção.
  • Compliance: Ter acesso a uma rede de profissionais especializados quando e onde for necessário, permitindo manter-se atualizado com as mudanças regulatórias, fiscais e tecnológicas.
  • Foco nos negócios: Permite que as organizações se concentrem nas suas principais competências e processos de negócios.
  • Escalabilidade: Permite calibrar com maior agilidade o crescimento internacional, aquisições e desinvestimentos.
  • Flexibilidade: Pode fornecer suporte tanto para a função financeira completa quanto para subprocessos e/ou ativos selecionados.

Os CFOs devem repensar o modelo operacional da função financeira tendo em mente a estratégia da organização e a multiplicidade de desafios colocados pelo contexto atual.

Resumo

Embora não existam receitas milagrosas para o sucesso, adotar receitas antigas para novos problemas parece não encaixar na definição de prudência. Ter a visão, a abertura e a coragem para fazer escolhas ousadas e inovadoras que permitam ao CFO ser um agente ativo na construção de um futuro hiperconectado, mais aberto e colaborativo será certamente chave.

Sobre este artigo

por Nuno Deus

Partner, Financial Accounting and Advisory Services - Head of Digital Assurance & Technology, Ernst & Young, SROC

Pai de dois rapazes irrequietos. Adora serões tranquilos em família brindados com uma bela refeição acompanhada por um bom vinho e, sobretudo, por boa companhia.