OE2023: ALTERAÇÕES NO IRS, IRC e IVA NO TOPO DAS PRIORIDADES
Com a crise energética e a inflação a pressionarem a sua estrutura de custos, os empresários portugueses são praticamente unânimes: para 87% das empresas são necessárias medidas em sede de IRS que proporcionem um aumento do rendimento líquido das famílias no curto prazo, sob pena de se assistir a um retrocesso no consumo privado que afetará toda a economia. Estas medidas devem incluir a reformulação de escalões, a redução da progressividade das taxas e o alargamento das deduções, sob pena de a pressão para aumentos salariais se traduzir mais num aumento da arrecadação fiscal do que no real aumento dos colaboradores.
70% das empresas defende alterações ao IVA, com destaque para a aplicação das taxas reduzida ou intermédia aos seus consumos de gás natural e eletricidade, o que atenuaria pressões de tesouraria e permitiria atenuar o crescimento de preços para os consumidores finais. Esta redução do IVA sobre os consumos energéticos é defendida por 84% das empresas.
Para os 65% de empresas que defendem mexidas no IRC, as medidas prioritárias são a flexibilização dos períodos de utilização de prejuízos e créditos fiscais, bem como a redução das taxas de tributação autónoma e da Derrama Estadual.
OE2023: COMPETITIVIDADE FISCAL
Para 69% das empresas é importante eliminar o Imposto do Selo na aquisição de imóveis destinados ao mercado de arrendamento, contribuindo dessa forma para mais investimento e para um aumento da oferta. Com a inflação a levar à subida das taxas de juro, 58% das empresas defendem o alargamento das isenções de Imposto do Selo para os suprimentos, tornando assim menos oneroso o recurso ao financiamento pelos sócios ou acionistas.
A estabilidade do sistema fiscal continua a ser uma das pretensões para o OE 2023, com 86% das empresas a defenderem uma redução para 90 dias do prazo legal para resposta a pedidos de informação vinculativa não urgentes e com 50% a pedirem a introdução de medidas que prevejam períodos mínimos de estabilidade fiscal para algumas normas estruturantes do sistema fiscal.
De forma a estimular a sua competitividade e contribuir para a dinamização do mercado de trabalho, 68% dos empresários pedem a reintrodução do benefício fiscal associado à criação de emprego jovem, bem como a criação de créditos fiscais para atenuar os custos do investimento em processos de digitalização e de transição energética, indicados como importantes por 47% da amostra.
A complexidade do sistema fiscal em Portugal ainda resulta em demasiadas situações que levam a processos de contencioso fiscal, consumindo tempo e recursos ao Estado e aos contribuintes.