Reindustrializar Portugal pelo IDE


Mais de 70% dos investidores internacionais inquiridos no âmbito do EY Attractiveness Survey Portugal 2025 consideraram Portugal atrativo (60%) ou muito atrativo (13%) para investimentos de reindustrialização.  


Os países desenvolvidos, incluindo Portugal, passaram por processos mais ou menos intensos de desindustrialização nas últimas décadas do século XX. Esta dinâmica resultou do processo normal de desenvolvimento – que se tem materializado numa transição de atividade económica e emprego do setor primário para o secundário e, depois, para o setor terciário –, mas também da globalização das cadeias de valor, com uma forte deslocalização de indústria do mundo ocidental para o oriente, nomeadamente para a China. Desde o início do século XXI, o peso da indústria na economia tem-se mantido relativamente estável. Em Portugal, por exemplo, tem oscilado entre 11% e 13%.

Num quadro geoestratégico instável e de avanço acelerado das tecnologias digitais e aditivas, as cadeias de valor industriais estão a encurtar-se, estruturando-se crescentemente dentro dos vários blocos regionais do globo. Deliberadamente, os países e os blocos mundiais estão a adotar políticas industriais promotoras de “autonomia estratégica” e “soberania tecnológica”, dirigidas especialmente a setores como a defesa, os semicondutores, a energia, a farmacêutica, o automóvel e as matérias-primas críticas, que estimulam a reindustrialização.

Portugal pode beneficiar bastante deste processo de reindustrialização se conseguir posicionar-se devidamente nos processos de relocalização do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no quadro europeu/mundial e, com isso, alterar o seu atual perfil de especialização produtiva em direção a atividades mais avançadas e mais intensivas em tecnologia, portanto, de maior valor acrescentado.

O nosso país está bem posicionado para o efeito, fruto de uma conjugação oportuna de fatores: (i) tradição industrial relevante, que, do ponto de vista técnico, facilitará o reforço das indústrias transformadoras; (ii) capital humano bem formado e competitivo face a países mais desenvolvidos da Europa, multilingue e flexível; (iii) ecossistema empresarial dinâmico e crescentemente inovador; (iv) boas credenciais ESG e condições de produção de energia (verde) a custos baixos, talvez dos mais baixos da Europa e do mundo; (v) compromisso estratégico com a transição digital; e (vi) incentivos financeiros e fiscais generosos para impulsionar o investimento empresarial. 

No EY Attractiveness Survey Portugal 2025, recentemente publicado pela EY Portugal, exploramos o grau de concretização desta oportunidade para o país, perguntando aos 200 investidores internacionais inquiridos quão atrativo é Portugal como destino de investimento para reindustrialização. A resposta foi inequívoca: mais de 70% dos respondentes consideraram Portugal atrativo (60%) ou muito atrativo (13%). Os setores identificados com maior potencial para o efeito foram as energias renováveis (47%), a tecnologia e eletrónica (45%), a farmacêutica e biotecnologia (40%), o automóvel (39%), o agroalimentar (35%) e a construção e materiais (33%).

Portugal pode, assim, trilhar uma trajetória semelhante à que a Irlanda, a Hungria, a Estónia ou a República Checa percorreu nas últimas décadas, com o IDE a funcionar como motor de (re)industrialização da economia.

As políticas europeias favorecem este processo, desde o “Green Industrial Plan” (2019) e a “A New Industrial Strategy for Europe” (2020), até à “Net-Zero Industry Act” (2023), à “Critical Raw Materials Act” (2024), ao Clean Industrial Deal” (2025) ou à Reforma do Design do Mercado Elétrico Europeu (2024). No caso português, releva o programa “Acelerar a Economia”, lançado pelo Ministério da Economia em 2024, que visa potenciar a indústria através de medidas como a criação de hubs e definição da estratégia Indústria 2045, bem como o lançamento recente do IFIC pelo PRR / BpF, em que a Linha Reindustrializar possui uma dotação de 150 milhões de euros a afetar a projetos candidatados até ao final do corrente ano de 2025.

Resumo

Portugal enfrenta um processo de reindustrialização, mantendo uma contribuição industrial estável de 11% a 13% na economia. O EY Attractiveness Survey 2025 indica que mais de 70% dos investidores consideram o país atrativo, especialmente em setores como energias renováveis e tecnologia. Com vantagens como tradição industrial e incentivos financeiros, Portugal pode beneficiar do Investimento Direto Estrangeiro, apoiado por políticas europeias e o programa "Acelerar a Economia.

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