4 minutos de leitura 9 set 2021
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Os desafios para a Função Fiscal

Autores
Rui Henriques

Partner, Global Compliance & Reporting Leader, Tax & Finance Operate Managed Services Leader e Technology & Transformation Leader para o Cluster Portugal (Portugal, Angola e Moçambique), EY Managed Services, Lda., Ernst & Young Angola, Lda.

Tem dois filhos, adora viajar, ouvir música, andar de mota e de carro.

Raquel Costa

Manager, Tax Technology & Transformation, Ernst & Young, S.A.

Tem um gosto por tecnologia, transformação e otimização de processos. É mãe de uma menina. Adora música, tocar piano, os seus dois cães, viajar sem seguir roteiros e de reuniões de família e amigos.

4 minutos de leitura 9 set 2021
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  • EY Portugal - Desafios para 2021: 2ª Edição - Parte II (PDF)

A Função Fiscal está a passar por uma transformação muito significativa derivada das novas tendências fiscais e tecnológicas.

Quais são os novos desafios e qual deverá ser a estratégia para (re)pensar a Função Fiscal? Podemos falar hoje da tecnologia já não como tendência, mas como obrigatória e essencial em várias dimensões da nossa vida, dos negócios à vida pessoal. O contexto de pandemia em que todos vivemos, tornou o mundo mais digital e veio agora acelerar o passo no que toca à adoção de novas tecnologias, perante a necessidade de implementar projetos muitas vezes adiados e de atingir novas metas. O momento escancarou assim as portas para a inovação e já não há volta a dar. A tecnologia digital passará a influenciar a estratégia e o crescimento das empresas. Como área basilar de qualquer empresa, a Função Fiscal tem o imperativo de aproveitar o valor desta aceleração e de evoluir para acompanhar o ritmo da evolução digital em curso, perante as diversas mudanças a que temos assistido, entre elas:

1. Mudança do cenário fiscal global

A evolução da legislação fiscal está a exigir às organizações os recursos certos para identificar, avaliar e responder adequadamente aos novos desafios. Da mesma forma, as alterações na regulamentação e os requisitos adicionais de reporte estão a aumentar os perfis de risco fiscal das empresas. O aumento na fiscalização, com exigência por mais requisitos e transparência, vem trazer às organizações novos desafios e um peso acrescido à carga de trabalho das funções fiscal e financeira.

É importante ter em conta que a mudança digital massiva que está a ocorrer, torna imperativa a implementação de processos tecnologicamente habilitados para gerir e controlar os perfis de risco das organizações.

2. Transformação digital da Administração fiscal

As autoridades tributárias estão a caminhar, universalmente, para a realização de análises e avaliações diretas em tempo real (ou quase) sobre os dados das empresas. O aumento da quantidade de dados a reportar e a melhoria dos meios na análise e escrutínio da informação deverão impulsionar mudanças organizacionais e tecnológicas.

Para responder de forma efetiva e proativa aos processos atuais e futuros, exigidos pelas autoridades tributárias, as organizações precisam dos recursos (humanos e tecnológicos), controlos e investimentos adequados.

3. Evolução tecnológica

Os avanços na tecnologia e nas soluções de integração e análise de dados vieram acelerar aquilo a que se chamam tecnologias disruptivas, criando oportunidades de transformação na Função Fiscal.

Estes avanços podem ter um efeito muito significativo na forma de funcionamento das funções fiscais das organizações, podendo criar grande impacto na sua estrutura e na utilização de novos avanços tecnológicos, como a Inteligência Artificial (AI) e a robótica.

4. Novos modelos de negócio

A inovação e o desenvolvimento sem precedentes de novas formas de negócio a que se tem assistido, fortemente impulsionados pelo contexto atual de pandemia, acarretam inevitavelmente novos riscos para as empresas. Com o desenvolvimento de novos modelos de negócio (resultado de mudanças organizacionais ou necessidades do negócio em si) aumentam também as necessidades na Função Fiscal, sendo muitas vezes necessários novos recursos, quer humanos, quer tecnológicos. As atividades de planeamento destes novos desenvolvimentos devem ser também aproveitadas para capacitar as organizações para a transição das suas funções fiscais e financeiras, em linha com as mudanças organizacionais e/ou com os novos modelos de negócio.

No último ano, temos vindo a assistir a uma crescente preocupação por parte de muitas empresas em estabelecer novas estratégias para reestruturar a sua Função Fiscal. A ideia (desatualizada) de que   os profissionais dos departamentos fiscais apenas prestam aconselhamento e preenchem formulários de forma a garantir o compliance fiscal está a desaparecer.

Nesta matéria, o objetivo destas empresas é não só responder de forma efetiva aos desenvolvimentos na legislação fiscal e aos crescentes desafios digitais, como otimizar a tomada de decisões, ganhando assim vantagens competitivas. Estas empresas reconhecem que, mais do que nunca, os departamentos financeiros necessitam estar conectados com toda a organização e que a transformação da sua Função Fiscal lhes permitirá ter um controlo mais eficaz dos seus dados gerando mais eficiência dentro da sua própria organização.

Qual deverá ser a estratégia?

Colocar o foco nos requisitos e na informação cada vez mais detalhada exigida pela Autoridade Tributária e Aduaneira (“AT”) será certamente um bom ponto de partida para cada empresa averiguar a sua prontidão para cumprir adequadamente com as exigências e identificar (e gerir) os riscos que possam existir no cumprimento das suas obrigações. A mitigação destes riscos e a eliminação dos gaps existentes pode envolver investimentos em tecnologia, como seja a implementação de data analytics e automatismos para recolher, transformar e analisar os dados antes destes serem partilhados com a AT, com a confiança de que todos os riscos foram eliminados ou identificados.

A Função Fiscal deve assim ser (re)pensada sobre os seguintes pilares:

  • Adoção de processos que se adaptem às mudanças impostas pelos avanços tecnológicos, alinhados com as políticas e as estratégias fiscais das empresas;
  • Avaliação de desempenho através da utilização de tecnologia que forneça informação focada nos verdadeiros KPIs (Key Performance Indicators) fiscais;
  • Aplicação da tecnologia certa na redefinição de novas maneiras de trabalhar para endereçar os novos desafios da Função Fiscal, no presente e no futuro, como por exemplo Blockchain, AI, entre outros;
  • Investimento em pessoas com talento vocacionado para competências fiscais e tecnológicas, com conhecimento profundo de processos, tax e data analytics;
  • Análise de dados precisos e integrados, para uma gestão eficaz da sua qualidade, com vista a determinar os riscos fiscais potencialmente ocultos e garantir o correto reporte à Autoridade Tributária;
  • Informação sobre políticas e gestão de risco, para cumprimento com novos requisitos de reporte, e alterações na legislação fiscal, mitigando riscos através da utilização de ferramentas digitais;
  • Visão da organização, fazendo crescer e evoluir o papel da Função Fiscal, expandindo o seu foco, desde as áreas de compliance, à gestão de risco, e à parceria empresarial.

A Função Fiscal está a passar por uma transformação massiva derivada das novas tendências fiscais e tecnológicas, e muitas empresas estão já a reconhecer a necessidade de se atualizar.

Os departamentos fiscais devem ser capazes de responder rápida e proativamente aos requisitos por mais detalhe, informação e transparência por parte das autoridades tributárias. Desta forma, a Função Fiscal deverá passar por um processo de transformação, atualizando os seus modelos operacionais, investindo em pessoas, processos e tecnologia para se conectar de forma efetiva à organização e às autoridades tributárias.

Faça o download do estudo completo em "Portugal: Desafios para 2021 - 2ª edição - Parte II".

Resumo

Todas estas mudanças nas competências profissionais, na legislação e na tecnologia estão a causar uma disrupção sem precedentes na Função Fiscal, à medida que esta se adapta ao mundo digital. E se estas alterações ocorreram rapidamente, com mais mudanças nos últimos cinco anos do que nos 50 anos anteriores, a situação de pandemia com que presentemente estamos confrontados veio trazer mais combustível à necessidade de as implementar.

Sobre este artigo

Autores
Rui Henriques

Partner, Global Compliance & Reporting Leader, Tax & Finance Operate Managed Services Leader e Technology & Transformation Leader para o Cluster Portugal (Portugal, Angola e Moçambique), EY Managed Services, Lda., Ernst & Young Angola, Lda.

Tem dois filhos, adora viajar, ouvir música, andar de mota e de carro.

Raquel Costa

Manager, Tax Technology & Transformation, Ernst & Young, S.A.

Tem um gosto por tecnologia, transformação e otimização de processos. É mãe de uma menina. Adora música, tocar piano, os seus dois cães, viajar sem seguir roteiros e de reuniões de família e amigos.

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