O EY Attractiveness Survey é um estudo realizado anualmente desde há aproximadamente duas décadas, tendo como objetivo a compreensão das tendências de atratividade para o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) de diversas geografias e as transformações estruturais que impactam as estratégias de atração de investimento no mundo. Combinando o acompanhamento de dados sobre os projetos de IDE anunciados e um inquérito online a um número alargado de decisores internacionais, apresenta uma metodologia que articula dados factuais sobre investimento com perceções sobre imagem, confiança e competitividade.
O EY Portugal Attractiveness Survey 2025 demonstra que, 2024, foi um ano de reconfiguração para o IDE em Portugal, em linha com a realidade europeia. Portugal seguiu a tendência de redução de IDE na Europa, registando 196 projetos anunciados em 2024 (menos 11% do que em 2023) e descendo duas posições no ranking europeu de atratividade (de 7º para 9º).
Apesar da redução registada no número de projetos, o impacto do IDE na criação de postos de trabalho no nosso país cresceu face ao ano transato e destaca-se, ainda, uma maior diversificação do número de países que investiram em Portugal no último ano, dados que realçam o potencial vigente e a atratividade do ecossistema de IDE nacional.
Perante este cenário, o EY Portugal Attractiveness Survey 2025 sublinha que a evolução da atratividade nacional depende de uma visão transformadora no ecossistema de IDE. O estudo identifica três eixos de atuação: (i) preparar a economia para o futuro, (ii) afirmar Portugal como destino inteligente e fiável e (iii) potenciar talento e inovação como motores da competitividade.
No primeiro eixo, a prioridade é desenvolver uma economia mais resiliente e adaptada à incerteza. Destaca-se o reforço da coordenação regional, o alinhamento da transição energética com as expetativas dos investidores e o aproveitamento das oportunidades da reindustrialização europeia. A competitividade do país deve evoluir mais para uma marca que projete inovação e excelência tecnológica, afastando-se do modelo baseado em custos.
No segundo eixo, o foco centra-se na consolidação de Portugal como destino de investimento inteligente e ágil. Os investidores valorizam previsibilidade e eficiência, apontando como essenciais a simplificação de processos, a transparência regulatória e a consistência das políticas públicas. A digitalização da administração e a redução da burocracia são vistas como passos centrais para reforçar a confiança e atrair projetos de maior valor.
No terceiro eixo, a primazia é dada ao talento e à inovação. Qualificações avançadas, atração de perfis estratégicos e polos regionais ligados a universidades e empresas são prioridades a assumir. O reforço da infraestrutura digital e a consolidação do país como referência em inteligência artificial são igualmente mencionados como fatores diferenciadores para ampliar a atratividade nacional.
Em síntese, Portugal encontra-se num ponto de viragem. Mais do que reforçar alicerces, importa projetar uma visão renovada que una resiliência, inovação e talento. Concretizar reformas estruturais e comunicar com clareza esta visão é decisivo e traduzir perceções em medidas assentes em previsibilidade e valor sustentável será o desafio imediato para a atratividade reforçada de IDE de qualidade.