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Como a qualidade, a consciência e a experiência estão a reescrever a Moda de Luxo

Com base num inquérito a 1.600 consumidores em nove países, o EY Luxury Client Index 2025 revela o que motiva e condiciona a compra de moda de luxo, como são percecionados conceitos como qualidade, experiência e sustentabilidade e quais os caminhos para reforçar a ligação entre clientes e marcas


O consumo de moda de luxo está a atravessar uma transformação profunda. Se, antes, a decisão era dominada pelo “símbolo” e pela “ostentação”, hoje os consumidores procuram “qualidade tangível”, “consciência social” e “experiências que acrescentem valor”. A qualidade continua a ser a principal razão para comprar, mas a “sustentabilidade” deixou de ser um argumento aspiracional para se tornar um critério real de escolha, sobretudo entre as gerações mais jovens. A “experiência”, por sua vez, evoluiu para um fator determinante de fidelização. Por sua vez, os “novos modelos de negócio”, como a segunda mão certificada e o aluguer, começam a ganhar espaço no ecossistema do luxo.

Foi neste contexto que a EY desenvolveu o EY Luxury Client Index 2025, um estudo que auscultou mais de 1.600 consumidores de luxo e aspiracionais em vários mercados, analisando motivações, barreiras, canais de compra e expectativas futuras. O objetivo foi compreender como estas dinâmicas estão a redefinir a relação com as marcas e quais as principais recomendações estratégicas para o setor.

Este estudo confirma que o desejo de possuir artigos de elevada qualidade é a principal motivação para comprar moda de luxo, seguida pela recompensa por conquistas pessoais, enquanto fatores como o estatuto social e a influência de celebridades têm um peso menor e mais concentrado nas gerações mais jovens. Na última compra, a qualidade de fabrico foi o critério mais determinante, acompanhada pela tradição da marca, craftmanship, inovação e atributos como exclusividade e personalização. A sustentabilidade, embora não lidere, já se posiciona como um fator efetivo na decisão, ao nível do preço, refletindo a evolução das expectativas dos consumidores.

Principais motivações na compra de moda de luxo

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Fonte: EY Luxury Client Index 2025

Apesar do preço não ser um fator chave para a compra de moda de luxo, aparece como o principal motivo de desistência, mesmo num segmento de elevada capacidade financeira. Curiosamente, a sensibilidade ao preço de bens de moda de luxo aumenta com a idade. Esta realidade leva os consumidores a valorizar métodos alternativos e flexíveis de pagamento, que lhes permitam aceder a bens de luxo sem comprometer a liquidez imediata. Soluções que facilitem a gestão do investimento são cada vez mais apreciadas, refletindo uma abordagem mais racional e planeada ao consumo de luxo.

Principais barreiras à compra de moda de luxo

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Fonte: EY Luxury Client Index 2025

A experiência de compra assume um papel central na relação com a marca. A loja física continua a ser o canal preferido, especialmente as boutiques da própria marca, associadas ao maior nível de satisfação. O que diferencia a experiência presencial é a personalização, a interação humana, o acesso a eventos exclusivos e serviços complementares que reforçam a sensação de cuidado e exclusividade. No digital, a conveniência é valorizada, mas os consumidores esperam consistência e integração com a experiência física, num modelo verdadeiramente omnicanal. Quando as marcas oferecem experiências adicionais – como acesso antecipado a produtos ou convites para eventos – a probabilidade de recompra aumenta significativamente, com mercados como China, EAU e EUA a revelarem maior sensibilidade a este fator.

Experiências recebidas pelas marcas e probabilidade de recompra por país

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Fonte: EY Luxury Client Index 2025

Simultaneamente, os novos modelos de consumo ganham relevância. No mercado de segunda mão, a principal barreira apontada é a autenticidade e a qualidade percebida, seguida da simples preferência por artigos novos e da falta de confiança em plataformas generalistas. Ainda assim, mais de metade dos clientes afirma considerar a compra se os artigos usados forem certificados e vendidos diretamente pelas maisons, com maior abertura em mercados como os EAU e o Reino Unido e entre Millennials e Gen Z. No arrendamento, a procura emerge em torno de ocasiões específicas e de um consumo mais consciente, permitindo acesso rotativo a peças de elevado valor sem aquisição definitiva, o que amplia o leque de clientes e reforça a utilidade da marca em contextos distintos.

Barreiras à compra de produtos de luxo em segunda mão

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Fonte: EY Luxury Client Index 2025

O estudo fala ainda de modelos como a subscrição e o pre-order, que reforçam a procura por exclusividade e conveniência. A subscrição atrai quem quer acesso a edições limitadas e novidades, enquanto o pre-order oferece antecipação e tratamento VIP, sobretudo para clientes aspiracionais e mercados onde a exclusividade é altamente valorizada

Intenção de alugar produtos de luxo em vez de os comprar

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Fonte: EY Luxury Client Index 2025

Num setor em transformação, as marcas que aliarem qualidade, sustentabilidade, experiência e modelos de negócio inovadores serão as que lideram o próximo capítulo do luxo.

EY 2025 Luxury Client Index (EN)

Apresentação dos resultados

Resumo

O consumo de moda de luxo está a transformar-se, com os consumidores a priorizarem a "qualidade", a "sustentabilidade" e as "experiências" em vez da "ostentação". O estudo EY Luxury Client Index 2025 revela que a qualidade é a principal motivação de compra, enquanto o preço é a principal razão para desistências. A experiência de compra é central, com preferência por lojas físicas e personalização. Novos modelos, como a compra de segunda mão e o aluguer, estão em ascensão. As marcas que unirem qualidade, sustentabilidade e inovação nos negócios terão sucesso no futuro do luxo.

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