Principais barreiras à economia circular em Portugal
Fonte: Análise EY-Parthenon a partir de dados do Inquérito E+C realizado para a CIP a empresas pertencentes a diferentes setores de atividade
De facto, apesar de urgente, a adoção de estratégias de circularidade pelas empresas levanta desafios relevantes – o Projeto Economia +Circular, promovido pela CIP com o apoio da EY, permitiu um mapeamento aprofundado das principais barreiras à circularidade, com base num inquérito dirigido a empresas de vários setores de atividade.
Desafios relacionados com a legislação e enquadramento regulamentar, bem como com questões económicas e financeiras destacam-se entre os principais limitadores da transição circular nas empresas. A superação destas barreiras e a promoção efetiva dos princípios de circularidade exigirão a colaboração estreita entre governos, academia, empresas e entidades de suporte.
A promoção da economia circular deverá estruturar-se em diferentes níveis de atuação – macro, meso e micro -, garantindo uma abordagem global e conciliadora e, em simultâneo, específica às particularidades de cada agente económico.
Do ponto de vista macro, deverão ser consideradas ações de âmbito estrutural, que produzam efeitos transversais e sistémicos, potenciadores da apropriação de princípios da Economia Circular pela sociedade. Nesta esfera de atuação, destacamos as seguintes estratégias:
- Abordagem setorial (meso) – Definição de iniciativas concertadas e assumidas pelo conjunto de intervenientes na cadeia de valor de setores relevantes para o aumento da produtividade e utilização eficiente de recursos do país.
- Abordagem regional – Elaboração de estratégias regionais adaptadas às particularidades de cada geografia.
- Acordos circulares (ou Green Deals) – Estabelecimento de acordos circulares e voluntários, isto é, convénios entre empresas, organizações da sociedade civil e governos que definem ações concretas para remover barreiras à transição para a economia circular.
- Fomento ao envolvimento de stakeholders – Estabelecimento de diversos mecanismos de estímulo à participação de diversos intervenientes, tais como comunidades e redes online, plataformas para auscultação de legislações, eventos interativos e parcerias industriais.
- Mecanismos de responsabilidade alargada do produtor – O fortalecimento da responsabilidade alargada do produtor (RAP) para a prevenção de resíduos.
- Educação e consciencialização da população – A disseminação de informação acerca da transição para a economia circular assume uma posição central em várias abordagens nacionais, existindo diversas ferramentas informativas e plataformas de apoio às empresas na transição.
- Mobilização de instrumentos fiscais – Os principais instrumentos fiscais mobilizados relacionam-se com a redução do IVA para empresas alinhadas com os princípios de circularidade ou incentivos ao investimento através de benefícios fiscais.
- Financiamento e apoio à inovação – O financiamento da transição e o apoio à inovação são prioridades transversais do plano de ação europeu, materializando-se em iniciativas referentes à mobilização de apoio financeiro, desenvolvimento de laboratórios colaborativos e de plataformas dedicadas a apoiar empresas a obter financiamento, entre outro
Do ponto de vista micro, a unicidade de cada empresa deve refletir-se no seu modo de atuação na economia circular. Encontrar o modelo de negócio sustentável adequado é um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas da atualidade e requer uma nova mentalidade entre executivos. Neste enquadramento, são várias as estratégias circulares adotadas já por algumas empresas, destacando-se as simbioses industriais e o estabelecimento de parcerias com outros agentes económicos, introdução de mecanismos indutores eficiência energética e redução de emissões, a extensão do ciclo de vida de produtos por via do combate à obsolescência programada e recondicionamento e manutenção preditiva, entre outros, conforme destacado no diagrama.
Recomendações micro para a promoção da circularidade na economia em Portugal