2 minutos de leitura 23 jul 2021
Person paragliding from top of the mountain

Desafios ESG no setor das Telecomunicações em Portugal

por Sandra Amorim

Partner, TMT & Automotive, Assurance Services, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

Audit Partner e TMT Assurance Leader na EY em Portugal. Gosta de trazer entusiasmo e energia para tudo o que faz, respeitando e preocupando-se sempre com os outros.

2 minutos de leitura 23 jul 2021

O setor das telecomunicações pode desempenhar um contributo importante na transição para uma economia de baixo carbono ao mesmo tempo que terá de se adaptar a maiores exigências de transparência.

As empresas do setor das Telecomunicações têm vivido desde março de 2020 uma prova de fogo de assinalável magnitude, ao terem de demonstrar a resiliência das redes de telecomunicações, enquanto são chamadas a auxiliar o a Sociedade no acesso a serviços de comunicações móveis, Internet e entretenimento, essenciais à manutenção de uma “normalidade” mínima. Estas atividades vieram reforçar o papel central que o setor das telecomunicações ocupa na Sociedade e o propósito das empresas que o constituem, nomeadamente na transição para uma economia baixa em carbono. De facto, o setor foi um dos primeiros a comprometer-se com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas (ODS), através da GMSA, logo em setembro de 2015. Um dos objetivos centrais aos ODS é o objetivo 13 relativo à Ação Climática. O setor das comunicações móveis pode efetivamente contribuir para a redução das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) por parte de outros setores de atividade e da população, através de um aumento na eficiência (e.g. Smart Cities, gestão de frotas; trabalho remoto, etc.). Apesar de as redes 5G virem a ser indutoras do aumento do tráfego de dados, estas serão 90% mais eficientes na energia necessária para transmitir uma unidade de dados. A este propósito, a GSMA publicou em 2018 um relatório em que defende que o setor tem um efeito facilitador da redução de GEE noutros setores de atividade, sendo essa contribuição cerca de 10 vezes maior do que as suas próprias emissões.

Por outro lado, a nível europeu a ETNO num Position Paper de junho de 2020, retrata a ação da indústria de telecomunicações para reduzir drasticamente a sua própria pegada e revela dados sobre como as operações de telecomunicações se estão a tornar cada vez mais eficientes. Os principais resultados incluem dados que mostram que, apesar do aumento do tráfego de dados em 1.100% entre 2010 e 2018, as emissões de carbono do setor caíram 40%, o consumo de energia aumentou 10% com muitas empresas de telecomunicações a mover-se rapidamente na direção de uma maior utilização de fontes de energia renováveis. De facto, de acordo com a S&P (2021), o aumento crescente do tráfego de dados e digitalização da economia, têm-se repercutido no aumento do consumo de energia proveniente das redes de comunicação, data centers e operações. O setor já sente atualmente a nível nacional, uma pressão crescente para a aquisição de energia verde, de modo a reduzir as suas emissões de âmbito 1 e 2 (emissões diretas) e também de âmbito 3, trabalhando ativamente com os seus fornecedores na redução da sua pegada carbónica.

Para a generalidade dos principais operadores a operar em, Portugal,  os requisitos da nova proposta de Diretiva sobre o Reporte de Sustentabilidade Corporativo ou Corporate Sustainability Reporting Directive (CSDR), publicada pela Comissão Europeia em 21 de abril último, irão também comportar algum esforço de adaptação em função do que vierem a ser os requisitos de reporte de sustentabilidade específicos para o Setor, sendo que nalguns casos, a obrigatoriedade de verificação externa independente prevista na CSRD será para alguns especialmente exigente, dada a atual não sujeição a verificação dos seus relatórios.

Artigo escrito em coautoria por Bernardo Rodrigues Augusto, Manager EY, Climate Change & Sustainability Services

Resumo

As empresas do setor das Telecomunicações têm vivido desde março de 2020 uma prova de fogo de assinalável magnitude, ao terem de demonstrar a resiliência das redes de telecomunicações, enquanto são chamadas a auxiliar a Sociedade no acesso a serviços de comunicações móveis, Internet e entretenimento, essenciais à manutenção de uma “normalidade” mínima. Estas atividades colocaram às organizações deste setor um conjunto de desafios, que foram marcadas no curto prazo pela continuidade do negócio, mas também e mais importante, influenciarão a sua resiliência futura, em aspetos como a sua atratividade em termos de capital humano, a retenção de talento e, no limite, a sua licença social para operar.

Sobre este artigo

por Sandra Amorim

Partner, TMT & Automotive, Assurance Services, Ernst & Young Audit & Associados – SROC, S.A.

Audit Partner e TMT Assurance Leader na EY em Portugal. Gosta de trazer entusiasmo e energia para tudo o que faz, respeitando e preocupando-se sempre com os outros.