5 minutos de leitura 24 mar 2022
Point of Sale

Há um novo “normal” para o consumidor em 2022

por Sérgio Ferreira

Partner, Europe West Consulting Services, Ernst & Young, S.A.

Integra a equipa de serviços de Human Experience em Consulting em Portugal. Pai de dois filhos. Adora nadar, ler e passar tempo com a sua família.

5 minutos de leitura 24 mar 2022

Três mudanças no consumidor vão moldar um novo normal. Como será este novo normal e como se caracterizam estas mudanças? O último EY Future Consumer Index responde a esta e outras questões.

Após dois anos de instabilidade social e económica provocada pela pandemia COVID-19, o inquérito do EY Future Consumer Index mostra-nos que os consumidores se habituaram a viver com a incerteza e a disrupção destes novos tempos. Há um novo “normal” para o consumidor em 2022.

A nossa pesquisa identifica a existência de três fatores que caracterizam esta nova versão do “normal” para os consumidores.

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Capítulo 1

O risco e a incerteza tornaram-se preocupações do dia-a-dia

Para os consumidores a experiência de viver esta pandemia durante dois longos anos mudou a forma como pensam e sentem o risco.

Elevou o seu sentido de consciencialização sobre os riscos para a sua saúde e das suas famílias, dos impactos e restrições à sua mobilidade e da incerteza quanto ao presente e futuro da sua situação financeira. Esta nova realidade mudou a sua perspetiva sobre a vida, e o estudo mostra-nos que estarão mais focados em viver melhor e em não desperdiçarem o seu tempo.

Parece claro o surgimento de uma nova mentalidade entre os consumidores do EY Future Consumer Index, a de estar "sempre em caso de emergência".

Esta nova mentalidade é o resultado da combinação de um conjunto de fatores. O de experienciar viver sob uma pandemia global - a COVID-19, somada com panorama geopolítico e económico cada vez mais instável e imprevisível, aos quais se juntam preocupações com a inflação, cadeias de abastecimento frágeis e a crescente preocupação com as visíveis alterações climáticas.

Os consumidores dizem-nos ainda que o seu bem-estar financeiro e mental está sob stress, estão cansados, e isso está a afetar o que sentem em relação ao gastar dinheiro. A maioria dos consumidores quer aumentar as suas poupanças, e são as gerações mais novas que estão mais determinadas a acumular uma reserva de dinheiro.

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Capítulo 2

As pessoas valorizam mais a qualidade – do produto, da experiência e do tempo

Os consumidores estão a definir novas prioridades na forma como e quando usam o seu dinheiro e o seu tempo.

Muitos aprenderam a viver com menos durante a pandemia e agora querem comprar melhor em vez de mais. O estudo mostra-nos que as pessoas também querem consumir menos no geral.

Os consumidores estão a evitar gastar em produtos e experiências desnecessárias – não só porque isso é bom para as suas finanças, mas porque é bom para o planeta. Há um interesse crescente em produtos e serviços que podem ser mantidos em circulação por mais tempo, através do aluguer, subscrição ou revenda.

Poupar dinheiro é a principal razão para deixar de comprar bens físicos.

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Capítulo 3

O digital está a tornar-se o canal padrão das suas vidas

A pandemia mudou a relação do consumidor com as tecnologias digitais.

Durante meses a fio, era difícil – ou impossível – fazer compras, trabalhar, aprender ou socializar sem uma interface digital. Hoje, a tecnologia digital é aceite como uma forma normal de ter estas interações.

Pesquisar um produto e depois comprar online com click-and-collect ou entrega ao domicílio tornou-se parte de uma experiência de compras normal. A capacidade existia antes da pandemia, mas a sua adoção foi massivamente acelerada. À medida que a COVID-19 evolui e surgem novas crises, os consumidores continuarão a confiar no digital para se manterem seguros e gerirem a sua vida pessoal e profissional.

A flexibilidade é uma prioridade cada vez mais importante. Os consumidores incorporarão marcas nas suas vidas que lhes dão flexibilidade que podem controlar, quer estejam a trabalhar, a fazer compras ou à procura de entretenimento. Isto mudará os padrões de viagem e consumo à medida que os consumidores recalibram as suas pegadas físicas e digitais.

Com mais consumidores a aceitarem o valor das experiências digitais, há mais atenção na qualidade dessas experiências. As pessoas querem que o digital lhes dê os altos níveis de serviço e experiência normalmente associados ao mundo físico, e querem uma experiência perfeita e consistente em ambos os domínios.

Os consumidores são agora muito mais exigentes na forma como gastam o seu dinheiro. É assim imperativo que as marcas tornem prioritária a remoção de todos os pontos de atrito na jornada de cliente.

À medida que os consumidores definem uma nova versão do normal, os retalhistas e as empresas de produtos de consumo têm de moldar um novo futuro para as suas organizações e para as suas marcas.

  • 1. Analisar os dados de compras dos clientes com uma lente diferente

    É preciso ir além das métricas habituais para aprender sobre a mentalidade, valores e hábitos do consumidor e como as mudanças poderão influenciar as suas decisões de compra.

  • 2. Investir em dados e tecnologias que podem tornar a marca confiável e parte da vida do consumidor

    Os consumidores querem marcas e experiências em que possam confiar, marcas que entregam as suas promessas – quer seja uma encomenda que é entregue a horas ou a garantia de origem de um produto. Não é mais sobre ser só centrado no cliente, mas sim estar no centro da sua vida. Isto exige um conjunto de novas capacidades e tecnologias para fazer acontecer, para além de uma nova mentalidade.

  • 3. Facilitar a jornada das pessoas entre os canais físicos e digitais

    Com as linhas entre os mundos físico e a digital a misturarem-se cada vez mais, quer seja pelo replicar da vida real no digital quer pela presença do digital em loja, os consumidores esperam o melhor dos dois mundos. Criar uma experiência consistente e remover quaisquer pontos de fricção que a interrompa será fundamental para a sua empresa ter sucesso.

  • 4. Transformar o seu modelo de negócio para suportar um em que as pessoas possam consumir melhor, não somente comprar mais

    A compreensão do que está a orientar o comportamento de compra dos consumidores poderá requerer uma resposta radical. Por exemplo, conseguirá repensar e realinhar o seu portefólio de produtos para que estes durem mais – através de modelos de redesign, subscrição, aluguer ou revenda? Poderá ser uma nova aproximação à qualidade, sourcing e serviço para liderar com sucesso esta mudança, por forma a atrair novos clientes e a manter a lealdade dos atuais. Assim, há que conseguir responder à questão: se mudar para um mundo “melhor em vez de mais”, que novos serviços, conteúdos e experiências terá de criar para gerar novas fontes de valor e de receita?

Faça o download do estudo completo em "Portugal: Desafios para 2022 – 3ª edição - Parte II".

 

Resumo

O EY Future Consumer Index baseia-se em inquéritos regulares realizados exclusivamente para a EY e acompanha a mudança de sentimento e comportamentos dos consumidores ao longo do tempo, identificando segmentos de consumidores emergentes. Dá-nos indicadores longitudinais e uma perspetiva única sobre as alterações que são as reações temporárias à crise COVID-19, quais apontam para mudanças mais fundamentais, e como poderá ser o consumidor pós-COVID-19.

Sobre este artigo

por Sérgio Ferreira

Partner, Europe West Consulting Services, Ernst & Young, S.A.

Integra a equipa de serviços de Human Experience em Consulting em Portugal. Pai de dois filhos. Adora nadar, ler e passar tempo com a sua família.