A Economia Circular revela-se, simultaneamente, um requisito de sustentabilidade no processo de recuperação da economia nacional pós-COVID e uma oportunidade para as empresas portuguesas.
Considerando as metas definidas no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e no Acordo de Paris, assim como na Visão Estratégica de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 e no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a Economia Circular revela-se, simultaneamente, um requisito de sustentabilidade no processo de recuperação da economia nacional pós-COVID e uma oportunidade para as empresas portuguesas.
A centralidade desta temática levou a Comissão Europeia a apresentar, em 2020, um novo Plano de Ação para a Economia Circular enquadrado no Pacto Ecológico Europeu, cujo objetivo é acelerar e focar a transição da UE para uma Economia Circular, visando reforçar a indústria europeia, ajudar a combater as alterações climáticas e preservar o ambiente natural da UE.
Sabemos que a implementação das mudanças necessárias só será efetiva se tivermos uma visão clara quanto ao futuro, um bom entendimento do ponto em que nos encontramos e uma boa noção em relação à velocidade em que nos estamos a movimentar entre os dois “momentos”.
Com este quadro de partida, a EY-Parthenon realizou recentemente para a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) um inquérito de avaliação do grau de avanço da Economia Circular no tecido empresarial português. Este inquérito foi realizado no âmbito do projeto “Economia Mais Circular”, um projeto CIP pioneiro em Portugal.
Os resultados do Inquérito E+C, sistematizados no estudo “Avaliação geral da realidade do tecido empresarial em Portugal em matéria de Economia Circular” (PDF), preparado pela EY-Parthenon, dão uma perspetiva atualizada da realidade do tecido empresarial nacional em matéria de Economia Circular, em particular no que respeita à integração de conceitos de circularidade na tomada de decisões estratégicas, ao grau de implementação de iniciativas e modelos de circularidade no seu funcionamento e às barreiras associadas.
Os resultados do Inquérito E+C confirmam duas ideias fundamentais já conhecidas: (i) existe ainda um grande desconhecimento entre as empresas portuguesas sobre o conceito de Economia Circular; (ii) são as empresas de maior dimensão a apresentar maior perceção e melhores resultados no que diz respeito aos aspetos fundamentais que permitem a progressão em matéria de Economia Circular.
Do ponto de vista setorial, os resultados do inquérito E+C mostram, também, que as atividades económicas ligadas à produção de “Minérios metálicos e não metálicos” e à “Metalurgia e metalomecânica” são as que possuem menos fraquezas nesta temática, evidenciando uma maior percentagem de empresas que compreendem bem o tema da circularidade e que o conseguem aplicar das mais variadas formas, seja na estratégia das próprias empresas, seja nos seus sistemas de negócio e na formação de equipas, entre outros.
No que se refere à aposta em talento especializados, cerca de três quartos das empresas inquiridas (74%) entende que tem colaboradores com competências para adotar o conceito de Economia Circular, contudo observa-se uma percentagem baixa (30%) de respondentes abertos à contratação de especialistas em Economia Circular. Na resposta à especialização de recursos humanos, verifica-se que as empresas que já têm este tipo de perfis, com competências em circularidade, são aquelas que revelam maior interesse em investir na contratação de mais ativos, o que demonstra a valorização deste know-how para o favorecimento dos negócios.
O inquérito mostra, ainda, que a interação com stakeholders em matéria de Economia Circular se encontra em fase muito inicial de desenvolvimento, sendo implementada em modelos muito “ad hoc”, portanto sem recurso a métodos mais avançados e elaborados.
Consulte a versão completa do estudo “Avaliação geral da realidade do tecido empresarial em Portugal em matéria de Economia Circular”.