Pesquisa revela preocupação dos CEOs brasileiros com uma crise econômica moderada, expectativas e prioridades de ação e investimentos.
Em resumo
- 98% dos executivos brasileiros esperam uma crise econômica.
- 60% esperam que a crise econômica seja moderada.
- 82% estão considerando oportunidades de reestruturação - incluindo a identificação de unidades de negócios com baixo desempenho para melhoria ou desinvestimento.
- 76% dizem que a desaceleração será diferente das anteriores: com desafios geopolíticos, na cadeia de suprimentos, escassez de talentos e incerteza contínua sobre a COVID.
- 77% dizem que as fusões e aquisições serão realizadas em mercados onde seu país de origem tem uma forte relação geopolítica e econômica.
- 92% concordam que o trabalho flexível é cada vez mais crítico para reduzir a rotatividade de funcionários e atrair novos talentos.
F rente às aceleradas mudanças e um cenário marcado por grandes incertezas, a pesquisa anual The CEO Imperative, conduzida pela EY junto a lideranças empresariais globais, dá lugar, agora, à trimestral CEO Outlook Pulse, para apoiar o mercado identificando mais rapidamente as tendências, desenvolvimentos e expectativas para o crescimento futuro e a criação de valor a longo prazo.
Cada edição se concentra em algumas questões consistentes sobre desafios e oportunidades, estratégia de crescimento, otimização de portfólio e fusões e aquisições (M&A), além de fazer um mergulho mais profundo em tópicos temáticos relevantes, conforme se desenrolam.
O recorte Brasil da edição novembro/22 a janeiro/23 aponta forte preocupação com a crise econômica, foco na reestruturação, inovação e gestão de talentos.
Os CEOs da geração atual desenvolveram um novo conjunto de habilidades durante a pandemia global e, se depender do novo cenário geopolítico e econômico, será necessário ainda mais conhecimento para enfrentar os próximos meses. É o que mostra a pesquisa trimestral CEO Outlook Pulse, realizada pela EY com 50 presidentes de companhias no Brasil. O levantamento realizado em diversos países identifica questões consistentes sobre desafios e oportunidades, estratégia de crescimento, otimização de portfólio e fusões e aquisições (M&A).
Embora a grande maioria – 98% – espere por uma recessão, os executivos divergem sobre sua duração, profundidade e gravidade. O motivo da incerteza decorre de uma combinação única de novos fatores – crise geopolítica, interrupções das cadeias de suprimentos globais, escassez de talentos e reflexos da COVID-19.
Por conta disso, os CEOs estão alterando os investimentos estratégicos devido a vários fatores em andamento. Incerteza política (37%) e políticas regulatórias/comerciais restritivas (28%) são as principais preocupações. Para alguns setores da economia, a importância – e a interferência – da geopolítica na estratégia corporativa de uma empresa é a mais alta em décadas.
Como consequência, os principais executivos estão implementando uma gestão mais sistemática do risco político por meio de estruturas e processos de governança. Isso geralmente também inclui uma avaliação regular de como os desenvolvimentos geopolíticos afetam a estratégia atual e a inclusão proativa da análise de risco político em fusões e aquisições (M&A), entrada e saída do mercado, cadeia de suprimentos e decisões de presença internacional. Ao incorporar a análise geopolítica no DNA da empresa, a organização estará mais capacitada a contabilizar os riscos políticos ao tomar decisões estratégicas, dando-lhe uma vantagem potencial sobre os concorrentes.
Reestruturação é prioridade
O impacto da inflação nas margens, está levando os CEOs à ação, considerando oportunidades de reestruturação como uma iniciativa prioritária. A ordem é recuperar a rentabilidade da operações e fortalecer o caixa, a fim de resistir ao período de turbulência.
Iniciativas de redução geral de custos e proteção das margens são consideradas importantes para 98% dos executivos entrevistados. As revisões de projetos e investimentos também são temas fundamentais para 92% dos executivos.

É nos desinvestimentos que o mercado de fusões e aquisições provavelmente registrará negócios maiores em 2023, com empresas prontas para desencadear divisões e cisões maiores. A tendência segue alta, já que essa modalidade esteve em alta em 2020 e 2021.
Se desfazer de um negócio que não se encaixa na estratégia da companhia pode liberar recursos e atenção para assegurar a sustentabilidade da companhia remanescente. Apesar da necessidade de preservar o caixa, os CEOs brasileiros permanecem focados em transformação digital, inovação, pesquisa e desenvolvimento e gestão de talentos, como revelam suas prioridades de investimento.

Tal movimentação deixa claro que apesar da inclinação compreensível para gerenciar as complexidades e desafios de curto prazo, os executivos também precisam permanecer focados em oportunidades de crescimento de longo prazo. As recessões anteriores demonstraram que os CEOs que investiram em capacidades futuras durante a recessão se beneficiaram mais durante a recuperação.
Quase todos os entrevistados (86%) pretendem fazer algum tipo de negócio nos próximos 12 meses, com quase metade (44%) procurando comprar ativos, um quinto (20%) explorando oportunidades de desinvestimentos e 66% procurando firmar uma joint venture (JV) ou aliança estratégica.
A tendência por JVs reflete o comportamento dos CEOs de outros países, em busca de parceiros para compartilhar riscos enquanto buscam se posicionar para o crescimento futuro e transformar suas operações. O complemento de capacidades através de parcerias otimiza o conceito de “ecossistema”, permitindo que as empresas mantenham o foco no seu negócio principal e se beneficiem da especialização dos seus parceiros.
Agenda de talentos
Embora as perspectivas econômicas globais estejam impactando negativamente no mercado de trabalho, especialmente em startups e grandes players do setor de tecnologia, o mercado de trabalho em geral continua muito restrito quanto a profissionais qualificados.
Isso ilustra a linha tênue que os CEOs devem percorrer - o equilíbrio entre gerenciar custos e preservar investimentos em talentos. Para 92% dos entrevistados, o trabalho flexível - incluindo o trabalho remoto - é cada vez mais crítico para reduzir a rotatividade de funcionários e atrair novos talentos.
Alguns CEOs estão avaliando as opções de gerenciamento de custos em relação às pessoas – com 40% considerando uma reestruturação ou redução da força de trabalho. Mais de um terço (36%) está considerando uma mudança para terceirização de pessoas.
Algumas empresas estão monitorando o mercado em busca de talentos afetados pelos recentes layoffs. 80% dos entrevistados afirmam que essa será uma oportunidade para atrair novas pessoas. Enquanto isso, 90% afirmam ter alterado a política de contratação de pessoas em detrimento de capacitação da força de trabalho existente.
Recomendações
Para que as empresas possam navegar pelos desafios, prevenirem crises maiores e continuarem sua jornada de crescimento, alguns focos são fundamentais:
- Gerencie as complexidades e desafios de curto prazo. Invista em projetos de melhoria operacional, voltados para a criação de valor e melhoria da margem, além de iniciativas de preservação do caixa da empresa, como os de capital de giro.
- Reavalie continuamente o portfólio e explore oportunidades de M&A para desinvestimento de unidades de negócio com menor conexão com a estratégia da empresa. O movimento pode ser uma importante alavanca para os períodos de maior estresse financeiro.
- Apesar dos desafios iminentes, os CEOs também precisam permanecer focados em oportunidades de crescimento de longo prazo, mantendo investimentos estratégicos e no core business.