Escolhido com sua sócia Eimi Arikawa os empreendedores do ano de 2023 na categoria Impacto, Osmar destaca o projeto “Abrace o Pantanal”, que atua para prevenir incêndios florestais, contribuindo assim para a redução das emissões de gases de efeito estufa
Na primeira entrevista da série com os representantes homenageados da última edição do Empreendedor do Ano, os cofundadores da umgrauemeio, Eimi Arikawa e Osmar Bambini, da categoria Impacto, comentam sobre como a empresa atua para prevenir os incêndios florestais. Em 2020, 26% do Pantanal, considerado reserva mundial da biosfera pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), foi consumido pelo fogo, o que comprometeu quatro milhões de hectares, matou cerca de 17 milhões de vertebrados e emitiu milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.
Nesse contexto, foi criado em 2022 o projeto “Abrace o Pantanal”, que monitora e apoia comunidades em mais de 2,5 milhões de hectares do bioma. Eimi, engenheira florestal, faz a gestão da equipe da umgrauemeio. Já Osmar é responsável por inovação e sustentabilidade, tendo sido reconhecido como TOP Inovador pelo programa Uplink do Fórum Econômico Mundial.
1) Como foi receber a homenagem na categoria Impacto do EOY 2023? Na avaliação de vocês, o que fez a diferença para esse reconhecimento?
OSMAR: O Empreendedor do Ano 2023 na categoria Impacto reconheceu a relevância do trabalho de uma área que não é valorizada devidamente na maioria das empresas, apesar de todo o “hype” envolvendo ESG. O processo de olhar e valorizar o impacto de curto prazo com lucro no longo prazo destoa da lógica inercial de curto prazo do mercado onde valor baixo e lucro rápido imperam. Modificar essa lógica leva tempo, mas a transição para novo modelo de produção e consumo é inevitável. Pessoalmente, esse reconhecimento coroa 12 anos dedicando minha vida ao impacto que, mais do que uma trajetória profissional, é uma missão de vida.
2) Qual é a trajetória de negócios da umgrauemeio até aqui? Quais foram os principais resultados obtidos?
OSMAR: A umgrauemeio pivotou da antiga Sintecsys em 2021. Os atuais diretores são os cofundadores da empresa que nasceu com a missão, o que se reflete em seu nome, de evitar que a temperatura média global ultrapasse 1,5°C, por meio da mitigação dos impactos devastadores dos incêndios florestais. Essa nova empresa, a umgrauemeio, idealizada em parceria com a consultoria Mandalah, partiu de visão, missão e valores alinhados ao seu espírito e aos dos sócios.
O novo posicionamento acelerou nosso crescimento. Fomos certificados como empresa B; faturamos, no ano passado, R$ 19 milhões; e estamos iniciando projetos nos principais clientes agrícolas e florestais do Brasil. Além disso, atendemos projetos de carbono e consideramos como nosso principal projeto o “Abrace o Pantanal”, que monitora e apoia comunidades em mais de 2,5 milhões de hectares do bioma, por meio da detecção precoce do incêndio, resposta rápida com a atuação de brigadas florestais equipadas e qualificadas, além de geração de dados analíticos, operacionais e de impacto que auxiliam nesse processo. Queremos e vamos trabalhar em 2024 para multiplicar o modelo do “Abrace o Pantanal” para outras áreas do Brasil e do mundo.
3) Como a umgrauemeio atua para prevenir incêndios florestais? Qual é a relevância desse trabalho para redução das emissões de gases de efeito estufa?
EIMI: Atuamos em centros florestais, e nossa trajetória mostrou que é muito mais do que meramente uma tecnologia, mas um trabalho territorial de entendimento do comportamento do fogo e até mesmo de reconexão com o fogo, que pode ser uma ferramenta útil em vez de uma ameaça. Isso é relevante para a redução das emissões de gases de efeito estufa, especialmente considerando que a Amazônia emitiu, em alguns anos, mais dióxido de carbono do que absorveu. Casos como os incêndios atuais em Roraima e o fogo fora de época no Pantanal têm agravado as emissões oriundas dos incêndios florestais, impactando por consequência a saúde humana e a economia.
4) Quais são as principais tecnologias usadas pela empresa nesse processo de prevenção dos incêndios florestais?
OSMAR: Usamos várias tecnologias, incluindo módulos de análise de risco, detecção por câmeras e por satélites. O que fazemos realmente é trazer tudo isso junto da nossa plataforma integrada para gestão de incêndios chamada Pantera, que responde às demandas necessárias para gestão de incêndios e equipes de combate a incêndios.
5) Como a empresa estimula a inovação internamente e em relação aos parceiros de negócio?
EIMI: Estimulamos a inovação como uma forma de ativismo, ou "worktivism", trabalhando em processos de resiliência agravados pelo clima extremo. Conectamos atores não só do setor privado, mas também de comunidades vulneráveis, empoderando cada uma delas por meio do uso da tecnologia. Exemplo também nesse aspecto é o projeto de conservação “Abrace o Pantanal”, que tem provocado impacto maravilhoso na vida das comunidades contempladas pelo projeto.
Edição 2024 do EOY
Idealizado e promovido pela EY desde 1998 no Brasil, o programa Empreendedor do Ano reconhece líderes empresariais de setores e mercados distintos que, com sua visão de futuro, têm algo em comum: a vontade de transformar a realidade do país, deixando seu legado e contribuindo para a construção de um mundo de negócios melhor. Acesse aqui a página da edição deste ano.
Esta entrevista faz parte da série da Agência EY com representantes homenageados da última edição do programa EOY – Empreendedor do Ano.